Música

Blur volta e mata a saudade do britpop com 'The ballad of Darren'

A banda lança The ballad of Darren, nono disco de estúdio da banda britânica após oito anos de hiato

Pedro Ibarra
postado em 21/07/2023 19:28
Banda Blur -  (crédito: Reuben Bastienne-Lewis/Divulgação)
Banda Blur - (crédito: Reuben Bastienne-Lewis/Divulgação)

O britpop está vivo e isso é graças à banda Blur. Os britânicos Damon Albarn, Graham Coxon, Alex James e Dave Rowntree se juntaram após oito anos distantes e disponibilizaram hoje o The ballad of Darren, nono disco de estúdio do grupo que marcou história entre os anos 1990 e 2000.

Em 10 faixas inéditas, o Blur proporciona ao público a possibilidade de voltar para um tempo não tão distante. A música remete a todos os outros trabalhos que fizeram, mas não em um caráter de comodidade. A banda se encontra atualmente em vácuo muito proveitoso. Aqueles que dividiram os palcos com eles nos anos 1990 não estão mais na ativa ou vivem do passado e o novo álbum foi a prova final de que o Blur soube aproveitar o próprio tempo, mas não ficou parado por lá.

As músicas, na maioria, são baladas, como o próprio nome do disco já avisa. Damon Albarn, com a voz característica que tem, é acompanhado de um instrumental que por vezes é onírico, mas também ganha nuances “pé no chão”. Ainda há todo o apelo pop que fez do Blur o que é, mas a maturidade dos mais de 50 anos de idade dos integrantes entrega um outro caráter, que talvez não seja inédito, mas com certeza faz lembrar o motivo da banda ainda ser o maior nome de lineups de festivais do mundo inteiro, mesmo depois de mais de 30 anos de estrada.

A melancolia de faixas como The everglades (for Leonard), Goodbye Albert, Far away island e The heights é contraposta pela emoção de músicas como Barbaric, The Narcissist e St. Charles square. O melhor do Blur está de volta, em uma roupagem mais classuda, mesmo que seja quase impossível imaginá-los se apresentando de terno em um palco com o público sentado. A classe vem da experiência, do fato de que a música já não é mais a mesma, mas eles conseguem relembrar de forma atual o que era bom no passado

A impressão após ouvir os 36 minutos de disco é de reencontro. Parece que um som tão importante estava escondido e como em um passe de mágica, o Blur foi capaz de trazê-lo de volta à superfície. Não existe a palavra saudade na língua inglesa, mas o grupo ajudou a matá-la com letras em inglês.

O que foi o britpop?

A Inglaterra sempre foi um celeiro de talentos quando o assunto eram bandas. Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd e The Who são alguns dos maiores nomes da história do rock e ícones de como o mundo entende a música britânica. Porém, uma geração dos anos 1990 se encontrou em uma caráter mais pop do rock n’ roll e começou um movimento de muito sucesso chamado britpop. Extremamente populares, dois nomes se destacaram muito na cena e promoveram uma guerra no topo das paradas do Reino Unido: Blur e Oasis. Outros nomes como Suede, Pulp e The Verve também chamaram atenção sem a mesma profusão.

A sonoridade é um rock sem a necessidade das distorções de guitarra, apesar de até utilizar às vezes. O som é “limpo”, uma resposta ao tremendo apelo que tinha o grunge norte-americano dos tempos de Nirvana. O britpop é mais deglutível para o público e talvez seja uma das principais referências para bandas de sucesso até a atualidade, o caso de Snow Patrol, Coldplay e até os norte-americanos do The Killers.

Entretanto, nada dura para sempre, principalmente no volátil mundo da música. Os anos passaram e as bandas ficaram pelo caminho. O golpe final no movimento foi a separação do Oasis em que as brigas entre os irmão Noel e Liam Gallagher impediram que a banda tivesse vida longa nos anos 2000. O anúncio do fim veio em 2009.

O Blur, por outro lado, permaneceu vivo, este é o segundo álbum que lançam desde o fim do Oasis. Contudo, a produtividade diminuiu muito, visto que o projeto paralelo de Damon Albarn, o Gorillaz, alcançou um patamar que para muitos é mais alto que o do próprio Blur. O hiato de 8 anos que quebraram nesta sexta parece muito, mas o anterior foi maior. Entre o Think tank, de 2003, e o The magic whip, de 2015, foram 12 anos.

Toda a espera vale a pena, afinal não só consegue manter o britpop vivo nos tempos de TikTok, como também prova que ainda há relevância e possibilidades dentro do rock britânico, responsável pelo amor por música de tantas pessoas pelo mundo.

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