Música

Inspirado pelo Brasil, McFly traz a energia dos palcos para ‘Power to play’

Em ‘Power to play’, a banda britânica McFly procurou trazer para os estúdios de gravação a energia dos shows ao vivo. Segundo os integrantes, o Brasil foi uma das principais inspirações do disco

Isabela Berrogain
postado em 28/06/2023 18:07
 (crédito: Haris Nukem)
(crédito: Haris Nukem)

Os anos entre 2010 e 2020 não foram fáceis para os admiradores da banda britânica McFly. Foi uma década sem lançamentos de músicas inéditas, período que resultou em integrantes do grupo se aventurando por projetos solo e na incerteza se o quarteto voltaria a trabalhar junto. Para a alegria dos fãs, tudo mudou em 2020, com o lançamento de Young dumb thrills, álbum que marcou o fim de um hiato de dez anos e a volta da banda aos palcos. Após uma turnê bem sucedida do disco, incluindo uma passagem notável pelo Brasil, os ingleses mostram que voltaram de vez com o lançamento de Power to play.

Aos que acompanham o McFly há mais tempo, é nítida a empolgação em relação ao disco, que, segundo o guitarrista Danny Jones e o baterista Harry Judd, é o mais genuíno da banda em muitos anos. “Essa foi a experiência mais autêntica que já tivemos. Nas gravações, nós usamos basicamente só nossos instrumentos e, para mim, isso é o processo mais satisfatório de fazer um álbum — tocar bateria e trabalhar nos solos de guitarra”, afirma Harry em entrevista ao Correio. “Nada me deixa mais animado que solos de guitarra, grandes riffs, baterias barulhentas e melodias incríveis. Para mim, é nisso que nós somos bons e é isso que torna o Power to play tão mais inspirador que outras coisas que já fizemos”, avalia.

Toda a criação do disco girou em torno da idealização de como as faixas seriam tocadas em cima dos palcos. “Uma das ideias principais quando fizemos o Power to play é que tivesse a energia de um show ao vivo, como se nós tivéssemos tocando na ordem de uma setlist”, explica Danny. “A coisa que nós mais amamos sobre estar numa banda é fazer shows. É uma área em que nós somos muito elogiados, até por pessoas que talvez não ouviriam McFly normalmente, então nós decidimos fazer um álbum que soaria como nós tocamos ao vivo”, complementa Harry.

Com cinco passagens pelo Brasil, a banda considera o país como uma das inspirações para o elemento central do disco. “Nós queríamos fazer um álbum que seria impactante ao vivo, tanto para nós, quanto para os fãs, e o Brasil é responsável por isso. Nós tivemos ótimas turnês aí, em que músicas diferentes foram recebidas de formas diferentes nos shows. Nós agradecemos os fãs brasileiros por nos inspirarem a fazer esse álbum focando ainda mais nos elementos ao vivo”, diz Danny. O carinho pelo Brasil é tanto que a passagem mais recente do quarteto pelo país, em 2021, rendeu um documentário sobre a turnê nacional e a gravação de um show ao vivo, além de trechos das apresentações no videoclipe mais recente do grupo, Honey, I’m home.

Dessa forma, a influência brasileira resultou no melhor disco da banda até então, segundo Danny e Harry. “Para mim, esse foi o álbum em que nós mais estivemos unidos durante o processo de gravação. Eu sempre amei gravar discos, mas o Power to play foi o projeto que eu mais me diverti desde o Radio:Active”, revela Harry. “É meio maluco pensar que nós nunca fizemos isso antes, mas eu tenho certeza que, para o próximo álbum, eu quero fazer igual”, completa.

Além do impacto em cima dos palcos, os ingleses esperam que o novo álbum seja fonte de inspiração para que crianças decidam tocar instrumentos e formar bandas. Para Danny, foi o álbum Live at the Hammersmith Odeon, London '75 de Bruce Springsteen que cumpriu este papel. “Eu me lembro de assistir esse show em VHS quando eu era criança, e isso explodiu minha mente”, ri. Harry, por sua vez, lembra de ser influenciado pelo gosto musical do pai. “Para mim, é uma mistura. Eu me inspirei em muitas coisas que meu pai botava para tocar quando eu estava crescendo, como Led Zeppelin e Dire Straits”, conta. “Quando eu era adolescente, bandas como New Found Glory, por exemplo, faziam parecer tão divertido estar em uma banda. Eu amava o baterista deles, o jeito como ele tocava, e aquilo me inspirou muito a ser um integrante de uma banda”, relembra.

Evolução

Sucessor de Young dumb thrills, Power to play é visto pelos integrantes como uma evolução do som da banda. “Quando nós estávamos tendo a conversa sobre o que é o McFly e que álbum nós deveríamos fazer, eu sempre senti, apesar de não ter falado na época, que Young dumb thrills não representava o McFly corretamente”, opina Harry. “É um álbum de personalidade e boas músicas, porque temos integrantes que conseguem escrever boas músicas com muita facilidade, mas eu acredito que ter uma identidade como banda é mais importante e animador”, pondera o baterista.

Um dos motivos pelos quais o disco não funcionou tão bem para a banda foram os anos de hiato. “Naquela época, nós não escrevíamos juntos há um tempo e ainda havia um pouco de tensão no ar, por conta dos anos anteriores”, recorda o baterista. “Basicamente, nós tivemos uma pausa e fomos inspirados por coisas diferentes. Eu vejo o Young dumb thrills como algo positivo, que nos fez chegar onde estamos agora e nos permitiu pegar tudo que nos inspirou individualmente e pôr para fora”, desenvolve Danny. “O Young dumb thrills tem ótimas músicas, mas a identidade do Power to play é muito mais forte”, pontua.

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