Música

Festival internacional de harpa chega ao CCBB nesta quarta (28/6)

Festival de harpas ocupa o CCBB a partir de hoje com músicos de sete países que tocam diversas versões de um dos instrumentos mais antigos do universo da música

Nahima Maciel
postado em 28/06/2023 09:59 / atualizado em 28/06/2023 14:51
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

A delicadeza angelical do som das harpas vai invadir o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir de hoje com o I BsbHarpFestival, em cartaz até domingo, com uma programação diária com músicos da Alemanha, Holanda, Japão, Áustria, França e Brasil. Nascido há 19 anos, no Rio de Janeiro, como um dos frutos do programa Música no Museu, o HarpFestival ganha a primeira edição candanga graças ao empenho de Sérgio da Costa, um dos idealizadores, em popularizar o evento.

Um dos instrumentos mais antigos da história da humanidade — só perde para a flauta — e também um dos mais caros, a harpa tem vários formatos, tamanhos e sonoridades de acordo com as origens e países. Em Brasília, o público poderá conhecer pelo menos três versões: a clássica, de 47 cordas e com sonoridade semelhante ao piano, o koto japonês, no qual o músico fica sentado para tocar, e a harpa céltica, que é pequena e pode ter entre 12 e 36 cordas, em média.

Do Japão, o festival recebe o Quarteto Fujiyama Nippon, que realiza uma atividade de difusão da música antiga do país e da harpa japonesa, instrumento pouco conhecido no resto do mundo. O Trio Amadeus, de Belo Horizonte, representa o Brasil com valsas e um repertório bastante eclético. Formado por Marcelle Chagas (voz e harpa), Rafael Marcenes (violino) e Fábio Lopes (voz e violão), o trio traz um repertório com músicas clássicas, celtas e autorais. Muito popular em Minas, o Amadeus tem mais de 400 mil seguidores nas redes sociais e produz clipes que chegam a mais de 60 milhões de visualizações. Em Brasília, Marcelle aproveita para lançar o disco solo Harpa Mágica.

Confira a música do Trio Amadeus:

Harpista da New Lausitz Philharmonic Orchestra, o alemão Markus Talheimer traz um repertório mais clássico e os franceses do Les Alizes, formado por Claire le Fur, François Delton e Fernando Renau, apresentam um trabalho diferente. “É interessantíssimo. A Claire le Fur filmou, na Martinica, o fundo do mar em um escafandro, com uma harpa de borracha. No palco, ela faz os mesmos movimentos que fez debaixo d’água e projeta num telão, enquanto se apresenta. Ela mostra os peixinhos, as tartarugas marinhas, a fauna e a flora marinha. É como se estivesse no fundo do mar tocando uma harpa com movimentos do fundo do mar sincronizados com movimentos no palco. É uma das novidades do festival”, avisa Sérgio da Costa.

Segundo o curador e idealizador do festival, a intenção da programação brasiliense é fazer uma síntese dos quase 100 concertos que fazem parte da versão carioca do HarpFestival. “A ideia é popularizar a harpa e trazer para a frente do palco, já que, normalmente, numa orquestra, ela fica à direita, num canto, e as pessoas não costumam ver a harpa nem os sons de uma harpa separadamente”, explica. “É um resgate de um instrumento de 5.500 anos, um dos mais antigos da humanidade, imortalizado pelo rei Davi.”

Além de muitas vezes o instrumento ficar escondido no palco e não ser ouvido isoladamente, com exceção para os momentos de solo, é também um equipamento caro, raro e de difícil acesso. “É um instrumento muito caro e existem poucos harpistas no Brasil, mas quando começou o festival aumentou muito o número. Um dos grandes efeitos do RioHarpFestival foi incrementar essa cena”, explica Costa. Uma harpa pode custar em torno de US$ 40 mil, ou cerca de R$ 200 mil e, segundo Costa, existem apenas quatro fábricas no mundo. “É um preço que desestimula. Geralmente, a harpa é um complemento de uma orquestra. Simbolicamente, é um instrumento celestial, tem uma aura dos deuses, é muito simbólica. Qualquer outro instrumento não tem esse simbolismo”, explica.

Uma das dificuldades de realizar festivais dedicados à harpa é exatamente o transporte do instrumento e os preços associados ao aluguel e à manutenção. As cordas são feitas de tripa de carneiro, são caríssimas e muito suscetíveis e vulneráveis, o que dificulta o transporte. Os músicos não costumam levar o instrumento na bagagem quando se deslocam para apresentações. Em Brasília, as harpas clássicas serão alugadas por uma média de R$ 5 mil. Mesmo assim, Sérgio da Costa estima que o número de músicos interessados e praticantes do instrumento aumentou no país. Ele acredita que o HarpFestival tem participação nisso. “Começamos modestamente e hoje é o maior festival de harpas do país. Já registramos mais de 200 harpistas e temos uma demanda over. Mas um dos problemas que ainda enfrentamos é a falta de harpas no Brasil”, conta.

Serviço

I BsbHarpFestival
Desta quarta-feira (28/6) a domingo, a partir das 17h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - Setor de Clubes Sul,Trecho 2). Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos aqui

Programação
Quarta-feira (28/6)
17h — Markus Thalheimer, harpa, (Alemanha)
19h— Joost Willemze, harpa, (Holanda)


Quinta-feira (29/6)
17h — Joost Willemze. harpa, (Holanda)
19h — Markus Thalheimer, harpa (Alemanha)


Sexta-feira (30/6)
17h — Quarteto Fujiyama Nippon de Koto (Japão)
19h — Edith Gasteiger harpa, (Áustria)

Sábado (1º/7)
17h — Edith Gasteiger. harpa, (Áustria)
19h — Les Alizes. Claire Le Fur, harpa. (França)


Domingo (2/7)
17h — Les Alizes. Claire Le Fur, harpa (França)
19h — Marcelle Chagas, harpa. Participação especial Fabio Lopes, violão

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  • Joost Willemze (Holanda) - Divulgação
    Joost Willemze (Holanda) - Divulgação Foto: Divulgação
  • Duo Fábio e Marcelle (Brasil)1 - Divulgação
    Duo Fábio e Marcelle (Brasil)1 - Divulgação Foto: Divulgação
  • Les Alizes (França) - Divulgação
    Les Alizes (França) - Divulgação Foto: Divulgação
  • Markus Talheimer (Alemanha)Divulgação
    Markus Talheimer (Alemanha)Divulgação Foto: Divulgação
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