LANÇAMENTO

‘In Times New Roman…’, do QOTSA, é lançado com honrarias de novo clássico

O Queens of the Stone Age, após seis anos, uma pandemia e problemas pessoais de Josh Homme, está de volta com o som mais pesado em tempos

Daniel Lustosa*
postado em 16/06/2023 15:57
 (crédito: Andreas Neumann)
(crédito: Andreas Neumann)

Provando que a fonte mais chata dos trabalhos acadêmicos pode se tornar legal, o Queens of the Stone Age lançou, nesta sexta-feira (16/6), o álbum In Times New Roman…. O disco marca o retorno da banda após seis anos sem lançar nenhum material, e mostra que, apesar do tempo, eles ainda não perderam o jeito.

Com tantos problemas pessoais circulando desde 2019, Joshua Homme afirmou, em entrevista à revista Revolver, que o álbum inédito é sobre mudanças e aceitação. É difícil discordar levando em consideração as letras e a sonoridade do disco, onde, novamente, as guitarras distorcidas são o destaque.

Além do conturbado processo de divórcio envolvendo o guitarrista e a fundadora da banda The Distillers, Brody Dalle, Homme revelou, na entrevista à Revolver, que, em 2022, passou por uma cirurgia para retirar um câncer. Anteriormente, como se não bastasse, o artista teve de lidar com a perda de Mark Lanegan, ex-colega de banda, o baterista do Foo Fighters, Taylor Hawkins, e outros cinco amigos.

No universo paralelo de fóruns como o Reddit sobre bandas e artistas, não é nenhuma surpresa encontrar fãs criando e discutindo teorias sobre a produção musical dos seus artistas favoritos. No caso dos fãs de Queens of the Stone Age, uma delas foi confirmada por Homme, que afirmou que o novo álbum In Times New Roman… encerra a trilogia de discos iniciada com …Like clockwork (2013) e seguido por Villains (2017).

A informação foi dada em entrevista à revista alemã Visions, onde Homme revelou que a sua fixação pelo número três fez com que este álbum completasse um ciclo de sonoridade que uma vez ele tentou com os queridinhos Lullabies to paralyze (2005) e Era vulgaris (2007).

Hoje o som de Josh Homme e amigos é bem característico. A última faixa do álbum de 2017, Villains of circumstance, dava uma prévia do que viria seis anos depois: composições com várias camadas, feitas de três guitarras, teclado, sintetizadores, baixo e bateria, além das várias vozes que o grupo tem ao seu dispor.

Obscenary começa dessa forma. A música, inclusive, tem uma parte com instrumentos musicais clássicos que remetem ao final de Un-reborn again, do Villains. Animada e elétrica, a faixa compõe perfeitamente a ideia de representar a decadência do império romano pretendida pelo Queens.

O baixo de Michael Shuman, apelidado Mikey Shoes, toma para si a expressão sombria e irreverente dos melhores dias de David Bowie e Iggy Pop. Correndo por fora, mas brilhoso como um diamante, Jon Theodore, o baterista mais longevo da história do grupo (completa 10 anos com o Queens em 2023), parece ter mais liberdade nas músicas, assim como Troy van Leeuwen e Dean Fertita.

Ao longo das 10 faixas, que juntas somam 47 minutos, os fãs mais assíduos da banda serão capazes de notar semelhanças com os trabalhos antigos do Queens. A sonoridade estranha de Era vulgaris em What the peephole say e o mistério pulsante de Lullabies to paralyze em Sicily são apenas alguns exemplos dessas interpolações.

Outros trabalhos de Homme, como o supergrupo Them Crooked Vultures, que tem Dave Grohl (Foo Fighters, Nirvana) e o multi-instrumentista do Led Zeppelin, John Paul Jones, podem ser reconhecidos nas músicas Made to parade e Straight jacket fitting, que fecha o álbum.

In Times New Roman… demonstra a consistência elevada do grupo californiano que, ao longo de oito álbuns de estúdio produzidos, poucas bandas conseguiram alcançar. Certamente o Queens Of The Stone Age senta à mesma mesa que bandas como Radiohead, Tool, Deftones e Mastodon.

*Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel

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