Livro

Intimismo e silêncio são temas de novo livro de poesia de Stella Maris

Stella Maris lança o livro de poesias 'A casa da poesia no mundo assustado' nesta sexta-feira (16/6),na Livraria Paradeiro

Ricardo Daehn
postado em 15/06/2023 10:01 / atualizado em 15/06/2023 10:16
A escritora Stella Maris Rezende -  (crédito: Divulgação)
A escritora Stella Maris Rezende - (crédito: Divulgação)

Foi em 1962, que uma pioneira apaixonada pela "cidade de céu fulgurante" ingressou na capital inventada pelo também mineiro Juscelino Kubitschek. Antes dos incontáveis prêmios e reconhecimentos, a escritora Stella Maris Rezende cursou o magistério em Taguatinga, licenciatura em letras e mestrado em literatura brasileira na UnB. Muito em Brasília encanta a escritora que enumera desde ousadia à inovação, passando pela modernidade e a amplitude do horizonte retilíneo casado com a "esperança de um Brasil com mais justiça social". É nessa capital, com contradições, que, nesta sexta-feira (16/6), a partir das 17h, Stella lançará o mais recente livro, A casa da poesia no mundo assustado, na Livraria Paradeiro (309 Norte, Bl. D).

A pandemia foi o ponto de partida dos escritos, mas os poemas tratam de sustos da humanidade "em qualquer tempo", como adianta a autora. Com sustos, se nasce e se vive, pelo que observa Stella. "No livro há o intimismo, o olhar para dentro, a solidão imposta, a luta pela sobrevivência, a memória, a brincadeira, a própria poesia e sua força encantatória, a palavra e o silêncio, o abraço, o diálogo, a risada, a força da vida", completa.

Escritos e inspirações de Stella, pelo que ressalta, não derivam de nostalgia ou choques, mas sim de um "entrelaçamento de gerações". Uma conversa amorosa e bem-humorada desponta, mesmo no debelar de dificuldades e angústias, numa literatura em que portas e janelas esquadrinham um mundo em que "a própria poesia serve de chave da casa". Ao visitar seus textos, Stella — que por alguns críticos já foi comparada a uma "Guimarães Rosa para crianças e jovens", ao entalhar a "oralidade mineira" —, não deixa de referendar outro mestre, Graciliano Ramos, ao tratar de A casa da poesia no mundo assustado.

"Como Graciliano disse: 'as nossas personagens são pedaços de nós mesmos'", explica. Há 17 anos, moradora do Rio de Janeiro, a mineira de Dores do Indaiá não desgarra da mineiridade atrelada a seu "projeto estético". Há poucos dias, Stella esteve na casa de JK (em Diamantina), sem conter a emoção. "Foi um mineiro que fez Brasília ser construída e o fato de eu também ser mineira é motivo de orgulho e alegria", diz, ao que completa: "Tudo em Brasília me faz pensar, sonhar, imaginar e criar universos que interligam passado e presente, angústia e medo, alegria e coragem".

Sem idealizar público-alvo, Stella Maris escreve. "Com sutileza, entrelinhas e delicadeza, qualquer assunto pode vir à baila", como defende, independente de público, se pauta, com desprezo por amarras ou preconceitos. O desejo é fazer literatura, comunicar de modo inventivo e sedutor — "romper com as expectativas, atiçar as perguntas e a imaginação: escrever é perguntar", como ela percebe.

Nisso, por meio de prêmios, entre os quais o Jabuti e a distinção da Associação Paulista de Críticos de Arte, ela alcança participações em congressos e feiras do livro, encontros literários no meio acadêmico e viagens, inclusive pelo exterior. "Adoro conversar com os leitores. Além de escritora, sou professora, e quero incentivar o gosto pela leitura literária. Quem lê literatura tem mais chances de se tornar mais humano, mais amoroso, mais consciente das injustiças sociais, mais questionador, mais aguerrido, mais ético e mais digno", conclui.

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação