CRÍTICA

Foo Fighters passa por todas as fases do luto em novo álbum

Disco marca o retorno da banda após o lançamento de 'Medicine at midnight' (2021) e o disco cover 'Hail satin' (2021), os últimos trabalhos com Taylor Hawkins, morto em 2022

Daniel Lustosa*
postado em 09/06/2023 14:33
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

Pouco mais de um ano após a morte de Taylor Hawkins, o Foo Fighters lançou, na sexta-feira (2/6), o primeiro álbum após a morte do baterista. Intenso e emotivo, But here we are demarca uma nova fase da banda, que chega à maturidade dos 28 anos de estrada em 2023.

But here we are, considerado pela crítica especializada o melhor disco dos Foo Fighters desde Wasting light, lançado em 2011, é muito mais um álbum sobre perdas e como lidar com elas do que sobre a morte de Taylor Hawkins em si. Isso porque algumas das músicas falam também da mãe de Dave Grohl, Virginia, que morreu em julho de 2022.

Chama a atenção que a perda de um membro tão importante não fez os Foos mudarem drasticamente a sua sonoridade. Pelo contrário, são 10 músicas que relembram o auge da banda e demonstram que eles ainda conseguem entregar um disco à altura.

A música de abertura do álbum, Rescued, é uma amostra do que está por vir nas próximas nove músicas: guitarras estridentes, bateria firme e toda a potência da voz de Dave Grohl. Liricamente, a faixa retrata o baque que Grohl e os Fighters sofreram nos últimos tempos e como eles esperam ser “resgatados” por alguém.

A trilha seguinte, Under you, apesar de também ser emocionalmente pesada para os padrões do grupo, não tira a identidade musical deles. Dessa vez, Grohl relata o que se passou depois da perda, caminhando pela manhã, às vezes se sentindo comunicativo e em outras mais reservado.

Uma das melhores do álbum, se não for a melhor, The teacher segue uma fórmula incomum para a banda de Seattle. São 10 minutos em que a música vai crescendo e se tornando mais intensa. Mesmo longa, a música não toma nuances de rock progressivo. Há trechos angelicais, com gritos de “acorde”, seguidos por sessões mais soturnas e até partes que lembram Pink Floyd, para, no final, terminar de forma apoteótica com todas as vozes e instrumentos se juntando em distorção.

Greg Kurstin, antigo parceiro dos Foos e de artistas como Sia e Adele, ajudou a banda a concretizar a promessa de lançar um álbum que fosse uma “resposta brutalmente honesta e emocionalmente crua”. O frontman do grupo, inclusive, confirmou que gravou as linhas de bateria do disco, algo já esperado pelos fãs e pela crítica.

Além de Kurstin, a filha do vocalista canta um trecho do single Show me how. Aos 17 anos, Violet também deu uma palinha no show de homenagem a Hawkins, cantando Hallelujah, de Leonard Cohen, ao lado de Alain Johannes, multi-instrumentista chileno e amigo pessoal de Dave.

 

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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