As arquibancadas da quadra da Administração Regional do Paranoá, no Distrito Federal, lotaram para ver a grande estreia do espetáculo de 2023 da quadrilha junina Arroxa o Nó na noite do último domingo (28/5). Este ano, o grupo apresentou o tema Quem souber o que acontece, diga logo, foi ou não foi? A encenação trouxe um repertório regional marcante e evidenciou elementos da cultura popular pernambucana. O presidente e marcador da junina Wagner Teixeira, o Waguinho, contou que a intenção da apresentação, para além de mostrar o novo espetáculo, foi compartilhar com amigos e familiares o resultado de quase seis meses de ensaios.
“Dançar para os nossos familiares e para essa arquibancada linda foi espetacular. Para mim foi a estreia da minha vida, só faltou a minha mãe, mas ela tá no céu vendo tudo isso aí”, disse Waguinho.
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Na trama deste ano, a Arroxa o Nó mergulhou em um dos principais elementos da cultura brasileira que é o boi-bumbá, presente em várias manifestações populares. O recorte foi feito na identidade do povo pernambucano com trilha regional marcante que transita entre os ritmos ciranda, coco, xaxado, caboclinho, forró e o frevo. A encenação girou em torno de um vaqueiro fiel e zeloso que ao se apaixonar pela filha do fazendeiro, perde o boi mais querido da fazenda.
“Quando o boi some, ele precisa provar que ele é de fato fiel e cuidadoso e vai em busca do animal, em uma viagem pelas várias manifestações populares e mesmo assim não encontra. O jovem lembra que o elo de ligação com o boi é uma matraca e mobiliza todas as pessoas da fazenda para tocar o instrumento. O boi escuta, volta à fazenda e a festa é garantida, com direito a pedido de casamento”, narrou a quadrilheira Diana Barreto, que faz parte do grupo de projetistas da quadrilha.
O quadrilheiro Walter Júnio é o noivo da quadrilha e revelou que os ensaios tiveram início no dia 14 de janeiro deste ano, mas a equipe técnica já vinha produzindo o espetáculo desde setembro do ano passado. “Viemos de um ano bastante conturbado como foi o ano passado e estamos em processo de reconstrução, tanto de grupo, como de casal de noivos. Agora é a gente se superar. Acho que a palavra desse ano é superação. A gente se dedica cada dia mais para buscar evoluir”.
Sair da arquibancada e mergulhar no movimento. Foi isso que a brincante Nicoly Fontenele fez ao entrar este ano na Arroxa e apresentar pela primeira vez na noite do domingo. Ela vinha acompanhando o grupo há três anos. “Eu não perdia uma apresentação da quadrilha. Este ano tomei coragem e comecei a ensaiar. A gente coloca uma expectativa para entrar no arraial e quando chega aqui percebe que vai muito além. É sobre ver o trabalho de meses sendo realizado com tanto amor e carinho”.
Incentivo
A deputada distrital Doutora Jane Klebia assistiu ao espetáculo e reforçou sobre a importância do investimento na cultura dentro das comunidades. “Aqui você viu, 29 anos um casal dança quadrilha na mesma quadrilha. Isso significa tradição. Apoiar a cultura é apoiar a tradição e apoiar a família. Olha que ambiente maravilhoso! Isso não pode se perder. Temos que continuar apoiando movimentos culturais sérios e comprometidos. Eu nunca vou conseguir dançar, mas vou estar nos bastidores dando apoio para que o trabalho continue sendo feito. É o resgate através da cultura”.
A parlamentar apresentou emenda para a realização do Circuito de Quadrilhas promovido pela Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e entorno (Linqdfe). “A gente faz uma gestão responsável dos recursos. Escolhemos as prioridades, que são os hospitais, as escolas e também o enfrentamento à violência contra as mulheres. Mas a cultura não é uma coisa menor e precisa ser incentivada. O ser humano, a sociedade, o Paranoá e Brasília precisam de algo que seja lúdico. É o lúdico que resgata as tradições, que fala de família e fala de união. É realmente uma coisa de amor e do coração”, ressaltou.
Voz das arquibancadas
“É muito corrido, mas é gratificante. Quadrilha é uma responsabilidade muito grande. Que os pais possam deixar os seus filhos participarem porque é muito importante”, disse a comerciante Mirianne Luiza, do Itapuã.
“Eu sempre prestigiei o movimento junino e era o meu sonho ver a minha filha dançando em uma quadrilha, principalmente em uma grande como a Arroxa o Nó. É muito prazeroso! A quadrilha representa uma tradição brasileira que não pode acabar nunca. É histórico e tem que ser representado”, conta o comerciante Emanoel Ribeiro, do Itapuã.
“Eu moro no Paranoá há mais de 40 anos e para a gente é um orgulho imenso ter uma quadrilha como essa. Fiquei encantada com a apresentação e com os efeitos”, falou a dona de casa Ivanilde Nunes de Araújo, mãe de Diego Nunes e Nando de Araújo, sanfoneiros da quadrilha.
“Eu nunca dancei, mas eu sou extremamente apaixonada pelo movimento junino, principalmente pela Arroxa o Nó. Faz toda a diferença a gente ter uma quadrilha desse tamanho na nossa cidade. Na hora que eles se apresentaram eu fiquei emocionada. Adorei o tema e os trajes estão lindos”, disse a vendedora Polly Sousa, do Paranoá.
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