A Polícia de Berlim anunciou, nesta sexta-feira (26/5), que abriu uma investigação contra o astro do rock e co-fundador do Pink Floyd Roger Waters por incitação ao ódio após o cantor ser filmado com trajes nazistas durante um show na capital alemã.
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“Estamos investigando uma suspeita de incitação ao ódio público porque as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazista, perturbando a ordem pública. As roupas lembram o uniforme de um oficial da SS (Schutzstaffel) — organização paramilitar da Alemanha nazista”, disse Martin Halweg, porta-voz da polícia de Berlim, à AFP. Após a investigação, o processo será encaminhado ao Ministério Público alemão, que decidirá se o cantor será processado ou não.
Um dos vídeos da performance de Waters atingiu 3,4 milhões de visualizações no Twitter e foi postado por um advogado de Direito Humanos. "Uau, Roger Waters imitando um nazista durante um show em.... Berlim. Isso é apenas ódio desiquilibrado aos judeus e distorção do Holocausto. O homem é vil além das palavras", escreveu o defensor na publicação.
As imagens foram captadas em um show feito por Waters na Mercedes-Benz Arena em 17 de maio e viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas. Nos vídeos, ele usa uma camisa e um sobretudo pretos com elementos de cunho nazistas e dispara tiros fictícios. Os fãs da banda defenderam o ídolo ao informar que o episódio se trata de uma encenação antiga programada para ocorrer durante a performance dos hits do álbum The Wall.
De fato, a ópera rock lançada em novembro de 1979 é composta por diversos atos que contam a história de Pink, uma estrela do rock deprimida que passa por episódios de flashback da vida dele.
Entre lamentos por relembrar abusos de professores abusivos, quando criança, e um casamento encerrado por infidelidade, quando adulto, Pink tenta ter uma overdose que, em vez de matá-lo, o faz passar por uma alucinação em que ele acredita ser um ditador fascista e que o show dele é um comício neonazista. Nesta parte da ópera, são tocadas, em meio às encenações do cantor, as músicas The Show Must Go On, In The Flesh, Run Like Hell e Waiting for the worms.
A encenação não foi bem recebida pelos alemães e israelitas. A repercussão on-line fez com que o cantor recebesse críticas do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que disse que Waters “profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”.
A situação se agravou diante dos israelitas pelo histórico de Waters: ele é conhecido por ser um ativista pró-Palestina e já foi acusado de ter posições anti-judaicas. O fato foi enfatizado pelo embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, que declarou que o cantor “quer comparar Israel com os nazistas”. “Ele é um dos maiores críticos dos judeus de nossa época”, escreveu o embaixador no Twitter.
Na Alemanha, outro show de Waters, marcado para segunda-feira (28/5), foi cancelado pelas autoridades do país, mas a decisão foi anulada pela Justiça com a justificativa de que a medida feria o princípio de liberdade de expressão.
Com informações da AFP