Clube do Choro

Danilo Caymmi inaugura programação intensa no Clube do Choro

Danilo Caymmi faz show de gala para inaugurar projeto que apresentará uma programação intensa de atividades nas áreas interna e externa do Clube do Choro

O brasiliense passa a conviver a partir de hoje com um importante projeto que tem como proposta valorizar uma manifestação artística que, historicamente, é tida como a gênese da música popular. Até janeiro do próximo ano, quinzenalmente, nos finais de semana, as áreas externa e interna de uma das instituições mais relevantes da capital, se transformará no Complexo Cultural do Choro de Brasília.

Iniciativa do Ministério da Cultura, Instituto Cultural de Educação Musical de Brasília e da Shell, o evento apresentará diferentes expressões culturais produzidas no Distrito Federal para pessoas de todas as idades. "A programação contará com a participação de grandes nomes do cenário nacional e talentos da capital do país, a prata da casa", anuncia Henrique Santos Neto, o Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro.

Para Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil, valorizar as pessoas e empoderar vidas são compromissos da empresa. "O Complexo Cultural do Choro contempla estes objetivos ao valorizar a cultura e fomentar o empreeendededorismo", ressalta. "Estamos orgulhosos por fazer parte deste projeto", acrescenta.

Hoje, entre às 10h e 12h30, no lançamento do projeto, o público poderá conferir a tradicional roda de choro de professores e alunos da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, o Bloquinho Cortando Cebola e a Feijoada Musical, com direito a roda de samba. Às 20h30, o cantor, compositor e instrumentista Danilo Caymmi fará show no Espaço Cultural do Choro, quando prestará tributo ao eterno mestre Pixinguinha.
Amanhã, a programação será aberta às 16h, com o Piquenique Chorão, espetáculo teatral Abre alas — Concerto Doidivana, com Caísa Tibúrcio. Na sequência, às 17h, haverá a apresentação do grupo Choro livre, liderado por Reco do Bandolim, que terá como convidados Dudu Maia, Fernando Machado e Mariana Sardinha. Já às 19h30,os espectadores poderão assistir a perfomance do grupo de dança Corazón Salsero.

Complexo Cultural do Choro

Hoje, a partir das 10h e amanhã, com início às 16h, no Espaço Cultural do Choro, Eixo Monumental. Acesso gratuito, menos para a Fejioada Musical e o show de Danilo Caymmi.

Entrevista com Danillo Caymmi

Danilo, ser um membro do clã Caymmy tem que peso para você?

Essa é uma pergunta que sempre respondi na minha vida. Eu e meus irmãos  temos uma carreira bem consolidada dentro da música popular  brasileira. Temos histórias separadas. No meu caso, como compositor, como artista, como músico, de trabalhos que eu fiz para novelas de sucesso, músicas que duram mais de 50 anos. Isso não me representa nada de peso, por esse motivo, pela nossa história dentro da música brasileira.

Que avaliação faz do fato de ser filho de um gênio da música popular brasileira?

Eu acho que meu pai não se considerava um gênio, ele fazia música popular e essas coisas são instintivas. Graças a Deus, ele deu esse talento que veio na genética, mas é uma coisa normal. Eu vejo meu pai como amigo, sempre companheiro, que sempre soube separar a carreira artística da vida particular. Isso foi muito bom para mim.

Qual era a relação com seu pai, enquanto parente e músico?

Como eu havia dito, sempre fomos muito amigos, fomos parceiros em algumas músicas de sucesso, como abertura do Teresa Batista, abertura da novela Porto dos Milagres...realmente muito amigos mesmo, uma pessoa muito tranquila.

Como o mestre reagiu quando você decidiu seguir a carreira musical?

Era inevitável que eu não decidisse por esse caminho porque a música já aflora em você. A música faz parte do seu cotidiano de uma maneira avassaladora quando jovem. Então foi natural, embora tenha feito por muito arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro...eu quase tenha me formei, mas mesmo na faculdade, o violão e a flauta eram presente e compondo também.

Ao iniciar sua trajetória Dori e Nana já eram artistas consagrados. Isso lhe serviu de incentivo?

Quando eu iniciei, meus irmãos não eram consagrados. Eles estavam começando. Eu estava mais próximo do meu irmão Dori porque eu, como flautista, precisaria de alguém para me acompanhar para tocar. Enfim, era o Dori com o violão...era muto bom, eu tocava com ele em casa. Até que a gente participou daquele disco Caymmi visita a Tom, que foi talvez a minha estreia profissional como músico.

Teve apoio dos dois naquele momento?

Em relação a ter apoio dos meus irmãos, nós sempre fomos muito unidos...era coisa de família mesmo. Eu participei de muitos discos da Nana, do Dori também e shows que fizemos juntos durante a nossa trajetória musical, dentro da música do Brasil

Enquanto músico, compositor e cantor que relação tem com os irmãos?

A minha relação com os meus irmãos é sempre a melhor possível. A gente tem o gosto pessoal pela música, sempre nos falamos e com muito humor e amor.

Ser co-autor de Andança, música que conquistou muito sucesso, após o Festival do Festival Internacional da Canção, de 1968, teve que importância para você?

Andança eu compus com meus parceiros Paulinho Tapajos e Edmundo Souto com vinte e poucos anos e foi muito bom, é claro...você ter um sucesso de uma música que vive até hoje e com uma combustão muito forte, que vai passando de geração em geração é muito bom. Tem outras também, como "Casaco Marrom", "O Bem e o Mal", "O que é o Amor", muitas músicas para novelas...enfim, uma carreira bacana como compositor.

Já lhe sobrou tempo para fazer um balanço dos 50 anos de música?

Eu fico muito feliz pela contribuição que dei e continuo dando para a música do Brasil, pela qualidade da música. ë muito bom você ter uma ligação, especialmente em Brasília que tem um público muito bacana, e sempre experimento coisas novas em Brasília...algumas músicas que eu vou incluir no repertório. Enfim, eu tenho muito carinho por Brasília.

Alice Caymmi, sua f ilha, representa bem a família?

Alice representa muito bem a independência. Ela foi criada por mim para ter um pensamento próprio artisticamente, independência, testar...assim com o exemplo do avô dela que sempre foi isso. Um homem fora do tempo dele, adiante do tempo dele. Você experimentar é fundamental. Eu não gosto que vejam nem a mim e nem a minha família como uma coisa ortodoxa. Por isso que ela foi educada dessa maneira, para ousa. O meu pai era um homem artisticamente ousado.

Porque decidiu trocar o Rio de Janeiro, sua cidade natal, por Curitiba?

Eu estou morando em Curitiba porque eu casei aqui, minha mulher era daqui e eu vim para cá. É uma cidade que eu gosto muito, uma cidade fácil, tem ótimos músicos também, tem uma facilidade do aeroporto, a coisa funcional pra mim é importante. Então, aqui eu estou a uma hora de São Paulo, a uma hora do Rio, a uma hora e meia de Brasília porque eu sou presidente da Associação Brasileira de Música e Arte, que é uma das Associações que compõe o Ecad. Então, tem uma responsabilidade muito grande com os compositores, por isso essa ida a Brasília constante. Jamais eu poderia morar fora dessa circunferência que Curitiba me proporciona.

Fazer show na abertura do projeto Complexo Cultural do Choro em Brasília tem que representatividade?

Sempre que eu faço show no Clube do Choro é muito bom, é muito alegre. Tenho momentos muito bacanas aí com Antônio Carlos Bigonha, Mirian, Eduardo que fará parte desse show também onde eu vou ousar tocar um pouquinho violão também...porque eu nunca faço isso. Eu uso violão para compor, para tocar não porque eu fico muito nervoso. A Mirian vai estar comigo também. Eu tenho uma consideração por ela muito grande e vai participar do espetáculo. Eu sempre experimento coisas, como dessa vez também e o Complexo Cultural do Choro é um projeto muito bacana e é um orgulho pra mim iniciar o programa.