Jornal Correio Braziliense
Cannes

Com presença de longas brasileiros, Festival de Cannes prossegue até 27/5

Com filmes de diretores consagrados como Pedro Almodóvar, e astros do porte de Pedro Pascal e estrelas como Julianne Moore, Festival de Cannes começa nesta terça (16/5), na França

Por onde circula o cinema de arte? Tratando da questão, o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho teve seu mais recente filme Retratos fantasmas selecionado para o segmento Cannes Première da maior vitrine de filmes de arte: o Festival de Cannes, que chega à 76ª edição e prossegue na França até a premiação em 27 de maio. Hoje, o evento traz para a tela a aura de bad boy do astro Johnny Depp que, num filme da diretora Maïwenn, interpreta um rei que escandaliza a corte de Versailles, em Jeanne Du Barry.

Entre os 21 filmes que competem à Palma de Ouro, está Firebrand, do brasileiro Karim Aïnouz que, numa produção inglesa estrelada por Alicia Vikander e Jude Law, aposta no retrato da útima esposa de Henrique VIII, a protestante Katherine Parr, empenhada em sobreviver numa corte à mercê do enlouquecido rei. Um traçado mais brasileiro está no longa A flor do buriti, detido na resistência dos indígenas craôs (do Tocantins) e selecionado para a seção Um certo olhar, assinado pelo português João Salaviza e a brasileira Renée Nader Messora.

A nova seleção de Cannes traz extensa lista de figurões do audiovisual, entre os quais o astro Michael Douglas (detentor de homenagem espacial e ainda tema central do filme The child prodigy) e, à frente de filmes, Marco Bellocchio (que, em Sequestro, revela a vida de um judeu obrigado à educação católica), o premiado Hirokazu Kore-Eda (do japonês Monster) e Nanni Moretti (concentrado no cotidiano de um cineasta que pretende concluir um filme com amplo espectro político). O veterano Martin Scorsese levará Killers of the flower moon, sua mais recente obra (em caráter fora de competição). Já o alemão Wim Wenders, concorrente aos prêmios máximos, revela o dramático passado de um limpador de privadas, numa produção japonesa.

Amanhã, haverá encontro com o diretor Pedro Almodóvar, que, em Cannes, exibirá o média-metragem Strange way of life, um western com atmosfera gay e personagens interpretados por Pedro Pascal e Ethan Hawke. No mesmo dia, numa edição de Cannes que otimizou a representação de gêneros (vale a lembrança de que o clássico feminista de Ridley Scott Thelma e Louise terá versão restaurada), a cineasta Catherine Corsini promete algo de escândalo sexual, em O retorno ao lar (tradução livre). Outra francesa notável por polêmicas Catherine Breillat tomará parte de Cannes, ao lado da colega italiana Alicia Rohrwacher, da senegalesa Ramata-Toulaye Sy e da austríaca Jessica Hausner, entre outras. Hausner, no longa Club zero, trará um enredo que mostra estudantes praticamente numa seita contra o ato de comer.

Até o encerramento, com o longa de animação Elemental (de Peter Sohn, sob a chancela da Pixar), cuja trama decifra uma cidade habitada por agitados elementos naturais, o Festival de Cannes promoverá desfile de celebridades da estatura de Tilda Swinton, Bryan Cranston, Margot Robbie, Scarlet Johansson, Jane Fonda, Sean Penn, Tom Hanks, a dupla Paul Dano e Brie Larson (integrante do júri presidido por Ruben Ostlund) e ainda Harrison Ford, que promoverá o quinto Indiana Jones, a ser mostrado na quinta-feira.

Entre as previstas 4 mil exibições de filme, na Semana da Crítica, desponta um filme com o brasiliense Rômulo Braga (ator de Levante, de Lillah Hall). Junto com o cultuado cinema de Wes Anderson e Todd Haynes (competidores na seleção oficial), no segmento Cannes Classics, haverá lugar para baluartes da sétima arte como Jean-Luc Godard (lembrado no filme Godard por Godard), Liv Ullmann (homenageada em documentário) e o brasileiro Nelson Pereira dos Santos (com carreira evocada em longa de Aída Marques e Ivelise Ferreira).