Em dois filmes com o lastro de qualidade da Marvel, US$ 1,6 bilhão de lucro. Com esse feito, o diretor e roteirista James Gunn comanda Guardiões da galáxia Vol. 3, atração a partir desta quinta-feira (4/5) nos cinemas. Em meio à exploração da imagem de seres cósmicos de poder ilimitado, Gunn reproduziu a jornada de hábeis saqueadores unidos na rebarba do contato com entidades celestiais prontas à intervenção no cotidiano terrestre. O terceiro capítulo do destino dos heróis nada convencionais comandados por Senhor das Estrelas, ou melhor Peter Quill (Chris Pratt), chega com anunciado gosto de desfecho.
Depois de uma ruidosa demissão, e um primeiro passeio pela concorrente da Marvel, a DC (para quem fez o exitoso O esquadrão suicida, de 2021), James Gunn encara o retorno breve e triunfal para a empresa eternamente associada à figura de Stan Lee. Foi justo desviando de fórmulas saturadas das fitas de heróis que Gunn afirmou o potencial dos Guardiões que, num primeiro filme, há quase 10 anos, esbanjaram um carisma inesperado junto aos espectadores. Entre os desvios, nomes raros (de personagens) e formas estranhas tomaram a tela de assalto.
Exemplo disso estará no terceiro volume da franquia, em que, detentor do controle da gravidade, movido por maldade desmedida e uma ideia fixa de trazer perfeição ao universo, a partir de experimentos genéticos e métodos abusivos, o vilão Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji) promete brilhar como entidade a ser combatida pelos justiceiros que foram fundamentais em filmes como Vingadores: Guerra infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019). Todos mudaram os rumos de um dos elementos fundamentais à trajetória das adaptações da Marvel na telona: o destino de uma das joias do infinito, preciosidade que colocou o universo em risco.
Quase seis anos depois da segunda aventura, os protagonistas estabelecidos em Luganenhum terão outro aparente arqui-inimigo pela frente: Adam Warlock (Will Poulter), criado como o Feiticeiro de ilimitado poder pelo grupo chamado de Os Soberanos, tornado rival dos Guardiões da Galáxia, no segundo filme. Superados os desentendimentos entre as geniosas Gamora (Zoe Saldaña) e Nebulosa (Karen Gillan), a filha do incomparável Thanos, e que no novo filme promete estar muito mais presente, no ambiente famíliar consolidado pela agora mais confiante Mantis (Pom Klementieff). Ao lado do personagem de Dave Bautista Drax, promete estravasar na função mais cômica. Enquanto ela conquista maior confiança entre o grupo, Drax se esforçará no ajuste de todos ao ambiente de Luganenhum.
Além do amadurecimento na vida de alguns tipos, uma fragilidade ficará aparente com a entrada em cena de uma diferenciada Gamora (que, a grosso modo, tem parte da memória apagada) — uma realidade que enfraquece o personagem de Chris Pratt e ameaça a cisão do grupo. Peter Quill se afunda no álcool, trazendo desequilíbrio aos outros personagens que o circundam. Para compensar, Kraglin (Sean Gunn) se sente mais incorporado à família guardiã.
Bichos estranhos
Depois de um encontro coletivo com a morte, e que foi revertido pela mirabolância dos roteiristas da Marvel, o grupo de ex-detentos, que já testemunhou dolorosas partidas de personagens como Groot (Vin Diesel) e Yondu (Michael Rooker), nesta terceira parte da franquia está em alerta, diante de um evidente risco de mais uma morte. Desta vez, uma maligna facção vampiriza a energia de um dos mais divertidos personagens de Guardiões da Galáxia: o malicioso, escolado e falante guaxinim Rocket (Bradley Cooper), outrora detentor de uma enorme ficha criminal e que, na nova etapa da história, está assombrado por traumáticos eventos do passado. Em contraponto à má fase de Rocket, Groot, numa nova versão para a heroica árvore dotada de qualidades humanas, estará mais fortalecido.
Divisor de águas, em termos de expectativas da legião de fãs da Marvel, a franquia segue impulsionada por comédia, entremeada à carga emocional. Um dos elementos que devem incrementar a graça está na presença de Cosmo, um cão espacial dotado do poder de telecinese e que ganha a voz da atriz Maria Bakalova (candidata ao Oscar de coadjuvante, em 2020, no filme-sequência de Borat). Além das já anunciadas duas cenas pós-créditos, o longa promete contemplar uma rede de sucessos musicais que incluem Radiohead, Alice Cooper, Bruce Springsteen, Faith no More e Earth, Wind & Fire.