Jornal Correio Braziliense

Cinema

‘O homem cordial’, de Iberê Carvalho, estreia no Cine Brasília

.O longa brasiliense ‘O homem cordial’ tem pré-estreia marcada para esta terça-feira (2/5), no Cine Brasília (EQS 106/107), às 19h30

Com um teor crítico forte que avança em temas como racismo e privilégios de alguns, o longa brasiliense O homem cordial, que ganha pré-estreia nesta terça-feira (2/5), no Cine Brasília (EQS 106/107), às 19h30, estará nas telas do Brasil a partir de 11 de maio. "Temos muitas expectativas, com as pré-estreias de Brasília e São Paulo. Filmado em São Paulo, mas com produção local, O homem cordial gerou muita emoção em todos. Em Brasília, teremos a presença do Paulo Miklos (premiado como melhor ator em Barcelona e no Festival de Gramado), Thaíde, Roberta Estrela D'alva. Eles estarão junto com os brasilienses Bidô Galvão, Murilo Grossi, Bruno Torres e André Deca. Será uma bela noite", aposta Maíra Carvalho uma das produtoras do filme de Iberê Carvalho, e que ainda acumula o posto de diretora de arte do longa.

Com o fim da pandemia e o retorno do público, além da coincidente turnê dos Titãs (e a óbvia presença do Miklos), a pré-estreia encontrou um "bom momento", pelo que observa Maíra. "Curiosamente, acho que estamos na boa hora para o lançamento do filme. Além da consolidação da compreensão de que a ascensão da violência é uma realidade e, pior, estimulada pelas redes sociais, depois de 8 de janeiro; ainda ultrapassamos a fase de um governo avesso à cultura que nos impediu de efetivar o lançamento ainda próximo ao período das filmagens", explica Maíra.

Exibido na Mostra de São Paulo e no 41º Cairo Film Festival (Egito), além de completar, há dois anos, um ciclo internacional em países como Estônia, Espanha, Estados Unidos e França, O homem cordial teve a trajetória em eventos prejudicada devido a cancelamentos ocasionados pela pandemia. Daí as pré-estreias terem impacto redimensionado. "Dá para celebrar com a equipe, familiares e amigos, renovando a percepção de um filme novo estar estreando; houve certa confusão, e algumas pessoas procuravam o filme até no streaming, antes desta nossa chegada aos cinemas", conta Maíra.

Parte de conceito do livro Raízes do Brasil, obra de 1936 do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, reforça a trilha do filme de Iberê apoiado em fatos, versões, julgamentos e condenações infundadas. "Importa mais a pós-verdade, respaldada no apelo da emoção e das crenças pessoais; mas contamos com um espectador atento aos moldes das obras (abertas) de Brecht, por exemplo", conta a produtora.

Considerado melhor filme no Barcelona Indie Film Festival e em festival francês de Marselha, o longa toca no ponto do contraste nas desigualdades sociais. "Infelizmente, a ascensão do fascismo e da extrema direita não se restringe ao Brasil. Com isso, o filme se tornou universal. O público egípcio, entre outros, entendeu e se identificou com tudo. Lá, eles vivem uma república sob liderança militar do Conselho Supremo das Forças Armadas e não podem falar abertamente, nas artes, sobre temas como os que abordamos. Assistir ao filme no Festival do Cairo foi como uma redenção. Paulo Miklos virou um pop star no dia da sessão", conclui Maíra.