Jornal Correio Braziliense

Música

Festival punk agita Casa do Cantador, em Ceilândia; Galinha Preta é destaque

Tocam no evento gratuito: Os Maltrapilhos, Terror Revolucionário, Crushed Bones, Desonra e Galinha Preta

Hoje, 1º de maio, é o dia em que a classe operária pode botar as pernas para o alto e comemorar o histórico das conquistas trabalhistas do país. Os punks da periferia do DF, cujas ideias basilares foram constituídas a partir da defesa dos que são historicamente deixados alijados, comemoram a data todos os anos e, claro, este não será exceção. Na Casa do Cantador, na Ceilândia, tocam em evento gratuito: Os Maltrapilhos, Terror Revolucionário, Crushed Bones, Desonra e Galinha Preta. Frango Kaos, vocalista do Galinha Preta e técnico de som de nomes como Hamilton de Holanda, fala ao Correio sobre trabalho, música e os 20 anos da banda.

Quais as expectativas para o evento?

Tocar na Casa do Cantador, que fica próxima ao P Sul, minha terra natal, é sempre importante, ainda mais no dia 1º de maio. É uma boa oportunidade para festejar com os amigos.

Qual a importância da data para a banda?

O Galinha Preta, por si só, já é uma luta, todas as letras falam do povo comum do dia a dia. No nosso caso, sobre ser músico ou trabalhar com música. Esses dois anos sem shows foram muito pesados para o setor de eventos. Muitos amigos ficaram sem emprego e sem assistência nenhuma, até morreram, e tivemos que nos virar. Esse 1º de maio, para mim, será um grito que está preso e entalado na garganta. Pular e desestressar, para mim, alivia a dor do proletariado que vive 50% de uma vida dentro de um metrô ou ônibus lotado e não tem tempo para se divertir.

Qual o segredo para durar 20 anos?

Não tem segredo não, é só fazer o que você gosta de verdade que você nunca vai ter problema na vida. Nós gostamos do nosso punk rock de verdade. Desafios, todos temos, ainda mais sendo pobres, mas quem disse que a vida é fácil? Bota pra cima!

Quais os próximos passos?

O Galinha Preta está nas mídias com o novo disco, o 360 Seconds, que é um disco de nove músicas em seis minutos. Será lançado também em vinil em breve num split com Os Maltrapilhos, que tocam nesse show. Temos propostas de shows fora do DF, mas, como sou trabalhador do áudio, tenho que optar por trabalhar para poder sobreviver. Então, vamos nesse controle de embreagem: toca ali, trabalha lá, e vamos levando.

* Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco