Quando o violoncelista Gustavo Tavares decidiu tocar um projeto de organizar o legado musical do pai, Tullio Tavares, se deparou com cerca de 50 composições para vários instrumentos e formações. Gustavo sabia da vida musical do pai, que era advogado, e sempre conviveu com a música dentro de casa, mas foi uma surpresa descobrir parcerias com nomes como Inezita Barroso e Paulo Vanzolini, uma versatilidade que ia do erudito ao popular e uma veia criativa muito produtiva.
Gustavo selecionou 18 composições para serem gravadas por pianistas de Brasília em um projeto no qual o disco Tullio Tavares, 100 anos — obras para piano, em homenagem ao centenário do pai, é apenas uma das etapas. Hoje tem início um ciclo de palestras-recitais das quais participam os pianistas Vadim Arsky, Iara Gomes, Marília de Alexandria, Luiza Salles, Daniel Tarquínio, Beatriz Magalhães Castro e o próprio Gustavo.
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Na sexta-feira será a vez de um concerto na Casa Thomas Jefferson com as peças de Tullio Tavares para piano tocadas por Iara Gomes. "O recital é um desdobramento do projeto. O projeto real foi a pesquisa, a recuperação desse material, dessas peças que estavam todas manuscritas", conta Gustavo. No disco, entraram 18 peças, cada uma gravads por cinco pianistas diferentes. "São peças de várias épocas em vários estilos, porque achei interessante mostrar essa fluidez entre os estilos, o fato de ser um músico que dominava todas essas linguagens. A gente escolheu cinco pianistas diferentes, cada um com sua característica, apresentando e gravando um aspecto desse repertório."
Gustavo divide a produção do pai em três grupos: um herdeiro de uma tradição mais erudita, outro mais seresteiro e um terceiro composto por um conjunto de sambas modulados. "É uma série muito original porque ele começou a escrever esses sambas no fim dos anos 1930, ele tinha 16 anos. E é modulado porque faz referência a uma técnica de trabalho com harmonia. Geralmente, o samba tem uma harmonia simples, ele pega esse conceito do samba, o ritmo, coloca um refinamento harmônico muito mais alto e incorpora certas coisas de idioma harmônico que são já quase indo na direção da bossa nova", explica o violoncelista. Detalhes de composição bem modernos para a época e referências nordestinas também aparecem nas peças.
Tullio Tavares, 100 anos — Obras para piano
Ciclo de palestras e recitais. Hoje e amanhã, às 14h, no Auditório do Departamento de Música- Campus Darcy Ribeiro- UnB
Concerto na sexta-feira, às 20h, no CTJ-HALL-Casa Thomas Jefferson (SEPS 706/906). Entrada franca (respeitando-se a capacidade do lugar para 208 pessoas). Classificação indicativa livre
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