A advogada e influenciadora Deolane Bezerra decidiu processar o Google após ser relacionada pelo buscador nas respostas ao termo "bafuda". Ao digitar a palavra na plataforma, o nome e notícias sobre a jurista são apresentados — mesmo sem o usuário citar, antes, Deolane.
De acordo com dados do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a ação foi protocolada em 11 de maio por meio da advogada Adélia de Jesus Soares. Os autos do processo mostram que a defesa de Deolane solicita "urgência para que o réu (Google) promova a remoção do indexador 'bafuda' com direcionamento à sua imagem". O processo é conduzido pela 1ª Vara Cível do Foro de Barueri (SP).
A descoberta sobre a relação entre o nome da influenciadora e o termo pejorativo foi feita pelos usuários das redes sociais no início de maio e o assunto tomou a internet em poucas horas. O fato chamou a atenção porque Deolane foi chamada de bafuda por Deborah Albuquerque durante a participação dela no reality A fazenda 14, em 2022. O adjetivo foi dado após a advogada cuspir no rosto da mulher durante uma briga no programa.
eu to pasmo que se você pesquisa bafuda no google vai direto pra Dra. Deolane skskskskskskskpic.twitter.com/tUDDE8x2n4
— Lebinho • POSIÇÃO DE ATAQUE (@sccpkaleb) May 19, 2023
No entanto, Deolane já sofreu duas derrotas no processo. A advogada de Deolane, Adélia Soares, solicitou, por meio de liminar, que o processo fosse conduzido em segredo de Justiça, o que foi negado pelo juiz responsável, Bruno Paes Straforini, na última sexta-feira (12/5). O magistrado também negou o caráter de urgência para o julgamento da ação.
Na decisão, Bruno relata que a situação é resultado da “exposição da vida privada” de Deolane dentro do reality após uma escolha da advogada em participar do programa. O juiz afirma que os momentos vividos, por escolha dela, resultou na criação de diversas matérias e que o Google apenas “vincula os vocábulos a ele submetidos às matérias e conteúdos existentes na internet sobre o tema”.
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“No caso em análise, a autora, que livremente optou por participar de reality show com ampla exposição de sua vida privada, acabou por se envolver em polêmica dentro do programa, onde o tema de seu suposto mau hálito foi objeto de discórdia, o que estaria maculando a sua imagem e reputação”, detalhou o juiz. “A temática extrapolou os limites do referido programa e deu ensejo a uma série de matérias e divulgações na rede mundial de computadores, tendo o réu apenas direcionado a busca de sua site para tais resultados”, acrescentou.
Dessa forma, Bruno afirmou que não vê “ilegalidade na conduta” do Google. O juiz chega a afirmar, ainda, que não entende que há “ofensas desproporcionais nas matérias” inseridas na petição inicial que justifiquem o pedido de urgência.
“A alegada violação à privacidade/intimidade da autora, ao que parece, ocorreu no bojo do próprio programa televisivo que ele voluntariamente aceitou participar, e não nas matérias posteriormente publicadas ou na busca indexada ao termo "bafuda" realizada pelo réu”, encerra o juiz.
Com a urgência negada, o Google tem 15 dias para se manifestar sobre o processo. O Correio entrou em contato com a assessoria da Deolane para que a advogada comente o assunto, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações. A reportagem também aguarda retorno do Google.
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