Os vídeos do especial de comédia stand-up Perturbador do humorista Leo Lins no YouTube, que apresentava piadas sobre escravidão, idosos e pessoas com deficiência, foram tirados do ar nesta terça-feira (16/5), após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
O especial foi publicado ainda no final de 2022 contava com 3,3 milhões de acessos. O Ministério Público de São Paulo havia entrado com o pedido alegando que o humorista estaria “reproduzindo discursos e posicionamentos que hoje são repudiados”.
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A decisão proíbe que Leo Lins publique, transmita ou mantenha em seus dispositivos quaisquer arquivos “com conteúdo depreciativo ou humilhante em razão de raça, cor, etnia, religião, cultura, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes, mulheres, ou qualquer categoria considerada como minoria ou vulnerável”.
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O comediante está proibido, ainda, de mencionar quaisquer desses grupos em futuras apresentações futuras. Caso ele não apague os conteúdos ou volte a fazê-los, será multado em R$ 10 mil diários.
O comediante ainda está proibido de deixar a cidade de São Paulo por mais de dez dias sem autorização judicial e deve comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar suas atividades.
Resposta de Leo Lins
Procurado pelo Correio para comentar o caso, o comediante respondeu através da assessoria de imprensa que considera a decisão uma "censura".
"O show não violou nenhuma norma do YouTube, estava inclusive monetizado, mas o ministério público passou por cima da plataforma e considerou o show como um ato criminoso. No momento há um processo em andamento, mas caso a PL2630 seja aprovada, nem isso teremos. Por isso, é uma lei que abre brechas perigosas para a saúde da democracia", afirmou.
Sobre os próximos passos que seguem a decisão, o comediante afirma que aguardará o julgamento, ironizando a superlotação carcerária.
"Espero não ser preso, mas caso seja, com a superlotação das cadeias, meu show vai continuar lotado. A propósito, isso foi uma piada. Utilizei um caso hipotético e uma figura de linguagem para isso. Estou explicando para não acharem que foi um crime de ódio. E como fiz a piada comigo e sou um homem branco hétero, creio que não tem problema, pois é um dos únicos temas permitidos, segundo o processo", debochou.
O humorista comentou, ainda, a exigência da justiça de prestar esclarecimentos das atividades para uma autoridade uma vez por mês. "Já adianto aqui o que eu faço: escrevo piadas, vou na academia, assisto filmes e series e cuido dos meus gatos. Preciso ir lá reportar estes atos que beiram o terrorismo", brincou.
Para Leo Lins, o humor não tem limite, o ambiente sim. "Todas as polêmicas que já me envolvi são por piadas contadas em um palco. Proibir piadas no palco é o equivalente a proibir socos no ringue de boxe", comparou.
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