Tudo aconteceu porque um grupo de amigos queria fazer palhaçadas. Era 1982 quando as companhias Ideia colorida e Circo sem lona juntaram os trapos para criar o espetáculo Circo Udi Grudi, apresentado no então Teatro Galpão. Na cena, o palhaço Burrocrácio tentava impedir a atuação dos companheiros, mas fracassava. A apresentação foi um sucesso e Udi Grudi saiu do título do espetáculo para dar nome ao grupo formado por Marcelo Beré, Luciano Porto e Márcio Vieira, mais conhecido como Mació. É esse encontro ocorrido há 40 anos que eles celebram neste domingo com a abertura do parque DiverSom e uma programação que tem concerto e apresentações com vários convidados.
A celebração começa com o DiverSom, aberto ao público no gramado entre o Teatro Plínio Marcos e o estacionamento do Eixo Cultural Ibero-americano. Criado por Mació e Luciano Porto, o parque consiste em seis brinquedos tradicionais para crianças com um diferencial: todos produzem sons acústicos e não eletrônicos, como é comum em parques de diversões. Os criadores gostam de chamar as engenhocas de instrumentos musicais. Todos são acionados pelo movimento. Três gangorras, quando embaladas, disparam uma cascata de bolinhas de gude que tocam tubos afinados em uma escala harmônica pentatônica.
Um escorregador vem acoplado a um carrilhão microtonal: ao escorregar, a criança aciona e toca as 25 notas desafinadas do carrilhão. O som lembra uma escala sonora tocada em glissando. Um dos balanços aciona uma lira que toca uma escala pentatônica, outro aciona uma violinha. E o rema rema, a novidade do parque, tem som que se assemelha a um brejo de sapos e grilos. "É um som muito curioso, cabem cinco brincantes ao mesmo tempo. E temos um trepa trepa, um castelo sonoro no qual o brincante pode tocar três instrumentos percussivos melódicos, um feito de cano, uma marimba e um carrilhão", avisa Luciano Porto. "Isso proporciona uma facilidade para as crianças e para quem está brincando de brincar de tocar música de verdade. O parque tem essas duas ideias: de produzir o som por meio do movimento da criança e fazer com que ela se movimente."
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O parquinho foi criado em 2011 e será o ponto de partida das comemorações dos 40 anos do grupo. "Nosso sonho é construir um parque sonoro permanente em Brasília, no Ana Lídia. É um desafio. É nosso carro-chefe agora", conta Mació. Amanhã à tarde, eles realizam apresentações gratuitas do ConSerto Excêntrico no Teatro Plínio Marcos. Um misto de performance, concerto e circo teatral, o espetáculo terá acompanhamento da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e participação dos convidados Nonato Véras, Janette Dornellas e Mateus Ferrari.
O grupo compôs até uma música para celebrar as quatro décadas: O conto dos 40 é um samba de breque que também faz parte do repertório do ConSerto Excêntrico, que tem direção de Leo Sykes. "Vai ser muito legal de montão. Vai ser muito especial. Estamos juntando toda a parafernália excêntrica dos instrumentos do Udi Grudi com os intérpretes intrépidos, que são os convidados especiais, que vão tocar com orquestra esse concerto excêntrico que é uma apresentação única", avisa Beré. Os ingressos para o espetáculo estão esgotados, mas a trupe promete abrir fila de espera às 19h45.
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