A mais importante banda da história da música brasiliense e uma das lideranças da geração do rock dos anos 1980, Legião Urbana acabou há quase 30 anos. Porém, continua relevante e pertinente para fãs do Brasil inteiro. Por esse motivo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá trazem para Brasília o show As V Estações na noite de hoje.
Os dois artistas apresentam um show que é focado em dois discos, As quatro estações e V, e prometem um repertório com sucessos como Pais e Filhos, Monte Castelo, Meninos e Meninas, Metal contra as nuvens e O teatro dos vampiros. A ideia é transportar o público direto para o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Sem contar com a merecida homenagem ao parceiro de banda e amigo Renato Russo, que se foi pouco antes do fim da banda, mas dividiu os palcos com Dado e Bonfá durante 13 anos.
Para compor a banda, um grupo de músicos experientes, que já esteve na estrada com a dupla outras vezes. Foram convidados André Frateschi (vocal), Lucas Vasconcellos (guitarra), Mauro Berman (diretor musical e baixista) e Pedro Augusto (teclados). Mauro é o responsável por fazer tudo funcionar, principalmente a união de dois álbuns tão distintos.
Ao Correio, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá falaram sobre o show, o repertório e a saudade do amigo e eterno poeta Renato Russo. A dupla promete um show inesquecível já que voltaram para casa.
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Entrevista: Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá
Dado Villa-Lobos
Como é revisitar trabalhos do final dos anos 1980 e início dos anos 1990 atualmente e perceber que essas músicas ainda tem força com o público e relevância técnica e musical?
Está sendo joia demais redescobrir essas canções e estar tocando junto com a banda, trazendo de volta a motivação e aquela emoção toda. Fabuloso isso! E até hoje em dia, a gente agora nos ensaios, tocando de cima, eu fico percebendo questões harmônicas que, às vezes, são muito complexas e, às vezes, também muito, muito simples. Grandes canções e melodias incríveis.
Como você vê a importância dos discos V e Quatro Estações para a trajetória da banda?
São dois grandes discos, cada um deles com a sua, com a sua personalidade, com a sua relevância. Eu diria que o Quatro Estações foi mais bem sucedido em termos comerciais do que o V. No V a gente já estava ali e com músicas, digamos assim, mais complexas. A gente conseguiu mudar nosso rumo com esses dois discos. Isso foi muito importante.
São dois álbuns bem diferentes, como vocês estão trabalhando para funcionarem juntos nas setlists dos shows?
A gente dividiu em cinco blocos das canções que têm a ver entre elas. Tudo isso muito bem pensado pelo nosso baixista e diretor Mauro Berman e funcionou super bem. E também é recheado de outros sucessos, não ficou só restrito aos dois discos. Espero que isso tudo que estamos sentindo nos ensaios seja verdade também para o público.
Para além do público matar a saudade de algumas das melhores e mais populares músicas do Legião Urbana, por que você acha que essa turnê é importante para vocês e para o público?
É um projeto que vem para comemorar esse repertório, esse nosso universo, essa instituição, digamos assim, que virou a Legião Urbana, da qual, nós fazemos parte, membros fundadores e compositores, enfim, que fizemos essa história acontecer também. E, nesse sentido, o público percebe e chega junto e é fabuloso ter de volta essa energia e ter de volta a percepção de como essas canções fazem as pessoas vibrarem e se transformarem de alguma forma.
Cantar essas músicas também é uma forma de manter forte o legado de Renato Russo. Que falta ele faz para a sua vida para além do importante músico que foi?
A verdade é que a cada momento em que a gente toca essas canções, essas músicas, o Renato está ali. Está ali em cada nota, em cada compasso, porque a gente viveu aquilo juntos, a gente criou aquilo tudo juntos. E, claro, ele faz uma falta terrível. Já vão fazer 27 anos esse ano que ele partiu e continua sendo esse cara, esse mito. Mas, claro, a gente está ali para lembrar às pessoas quem era o Renato e o que foi a Legião Urbana. Nós não somos hoje a Legião Urbana. Estamos comemorando e celebrando essa história incrível que foram esses 13 anos fazendo essas canções e que estão bem consagradas na cultura musical brasileira.
Após todo esse tempo, o que essas músicas representam para vocês, como artistas?
Foi muito interessante produzir e realizar canções e de ter chegado aonde a gente chegou. Era essa garotada em Brasília fazendo músicas para se expressar. E, quando você chega hoje, percebe que é que aquele sonho virou realidade. Hoje em dia somos artistas e eu aprendi esse ofício, da composição, na casinha em Brasília, no Rádio Center e no quarto do Renato, onde a gente estava fazendo as primeiras músicas para tocar no Festival da BO em 83. E, para mim, ser artista é perceber a importância disso hoje em dia e que a história continua. E vamos sempre em frente.
Marcelo Bonfá
Como é revisitar trabalhos do final dos anos 1980 e início dos anos 1990 atualmente e perceber que essas músicas ainda têm força com o público e relevância técnica e musical?
Eu amo tocar e cantar essas músicas, elas fazem parte do meu DNA. E tenho que ser sincero com você, me sinto fazendo uma boa ação para o público, em especial para o público jovem, uma vez que, a meu ver, as músicas da Legião Urbana estão e sempre estiveram muito acima da média.
Como você vê a importância dos discos V e Quatro Estações para a trajetória da banda?
Todos os discos da banda refletem a nossa transformação individual, como um grupo, e também as transformações do país, refletem as insatisfações e anseios do brasileiro ditos numa forma lírica e que se tornou a voz do nosso país. Não somente esses discos venderam milhares de cópias como também nossas apresentações ao vivo eram sempre muito potentes.
Para além do público matar a saudade de algumas das melhores e mais populares músicas do Legião Urbana. Por que você acha que essa turnê é importante para vocês e para o público?
As músicas da Legião Urbana são semwwpre atuais, consistentes no cenário musical e relevantes para o cenário do país, uma vez que as coisas andam em círculos e temos que sempre estar atentos a tudo que deve ser corrigido ao longo dos tempo no cenário político social através de mudanças internas do indivíduo.
Estamos fazendo o que a gente gosta e sabe fazer de melhor, e as pessoas sabem e percebem isso.
Falando especialmente da volta à Brasília na tour, qual a sensação de tocar as canções que encantaram o Brasil onde tudo começou?
Já voltamos a Brasília algumas vezes durante as duas turnês que fizemos a partir de 2015 e é sempre legal, mesmo que a cidade tenha mudando bastaste desde que saímos daí, em 1984.Todas as cidades do Brasil ficaram um pouco parecidas com este capitalismo globalizante.
Cantar essas músicas também é uma forma de manter forte o legado de Renato Russo. Que falta ele faz para a sua vida para além do importante músico que foi?
Renato faz falta como amigo e ele está presente em nossas canções.
Assim como a quinta estação, ele era um tanto imprevisível nas suas atuações. Nunca sabíamos o que ele iria fazer no palco e eu me acostumei a esta imprevisibilidade. Acho até que isso me dá alguma vantagem atualmente .
Após todo esse tempo, o que essas músicas representam para vocês, como artistas?
Representam a nossa dedicação e entrega total para nosso propósito maior de sempre tentar melhorar o mundo à nossa volta.
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