Reverenciada em vida e consagrada uma das principais artistas do país, Rita Lee Jones se despediu, aos 75 anos, dos milhões de fãs que arregimentou em quase seis décadas de carreira. O rock brasileiro perdeu sua rainha, mas ganhou uma lenda. Talentosa, irreverente, corajosa — desafiou a ditadura —, a Ovelha Negra impressionava na música desde Os Mutantes, grupo que marcou época, mas seu sucesso explodiu em todo o país no fim dos anos 1970, como compositora e intérprete, formando dupla principalmente com o marido Roberto de Carvalho, lançando discos inesquecíveis e vendendo milhões de cópias.
Trilhou também com desenvoltura pela literatura. Foi uma lição de vida e liberdade para o Brasil. Na letra de Nem Luxo Nem Lixo, a paulista canta o sonho de ser imortal. Rita é!
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Rita Lee Jones de Carvalho era grande desde pequenininha, quando decidiu entrar para a banda dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Continuou grande depois de ser excluída dos Mutantes e seguir uma carreira iluminada e irreverente.
Num ambiente machista e misógino, como o roqueiro, se fez mulher de luta e de poesia. Com letras ácidas, picantes e divertidas, coloriu o rock brasileiro e criou gerações de seguidores da Ovelha Negra. “Meu sonho é ser imortal, meu amor”, canta em Nem sonho nem luxo. Conseguiu.
Com uma trajetória própria e única, enfrentou a ditadura com perspicácia, curtiu a vida adoidado; criou três filhos, ao lado do marido, Roberto de Carvalho; escreveu livros infantis e duas autobiografias emocionantes.
Rita Lee, morreu na segunda-feira à noite, em São Paulo, aos 75 anos, em decorrência da luta contra o câncer de pulmão. Enfrentou a doença com a grandeza daquela pequenininha que subia, toda colorida, nos palcos dos festivais da canção nos finais dos anos 1970, sem medo. “Sim, sou muito louca/ Não vou me curar/ Já não sou a única/ Que encontrou a paz/ Mais louco é quem me diz/ E não é feliz/ Eu sou feliz... Viva Rita Lee!
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