A parceria de quase 15 anos entre Alceu Valença e a Orquestra de Ouro Preto gerou vários concertos, turnês e dois álbuns. O primeiro, lançado em 2014, os levou a conquistar o Prêmio da Música Brasileira. Sob o título de Valencianas II, o segundo, que chegou às plataformas digitais no ano passado serve de base para o show que colocou o cantor e compositor pernambucano e conjunto mineiro novamente na estrada.
Depois da estreia em Belo Horizonte, eles já se apresentaram em João Pessoa, Olinda e Rio de Janeiro, sempre com lotação esgotada. Hoje, às 20h30, o show poderá ser apreciado pelo brasiliense no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Concebido em 2010, quando Alceu Valença celebrou 40 anos de carreira, Valencianas foi fruto do encontro do cantor com o produtor cultural Paulo Rogério Lage, que há tempos planejava imprimir contornos orquestrais à sua obra, muma pcom o maestro Rodrigo Toffolo. Até então, o trabalho do cantor e compositor de São Bento de Una não havia recebido tal tratamento. O sucesso da parceria foi absoluto, levando milhares de pessoas ao teatro, inclusive em Portugal.
Uma das mais prestigiosas formações orquestrais do país, a Orquestra de Ouro Preto, sob a regência do maestro Rodrigo Toffolo, tem se apresentado nas principais salas de concerto do Brasil e do exterior. A fórmula escolhida pelo conjunto é a junção entre a excelência e a versatilidade e a mistura dos estilos clássico e popular.
A segunda edição do Valencianas reúne o repertório de canções de sucesso de Alceu Valença, entre as quais Como dois animais, Dia branco, Pelas ruas que andei, Solidão, Tesoura do desejo e Táxi lunar, escolhidas por Alceu Valença, com arranjos especiais confeccionados por Mateus Freire.
"O encontro da Orquestra Ouro Preto com Alceu Valença foi um momento singular e de extrema importância na trajetória do grupo. Essa parceria foi capaz de catapultar a orquestra para projetos maiores e proporcionou a visibilidade merecida para a excelência e versatilidade da orquestra, demonstrando sua capacidade e propriedade para interpretar as obras como a do compositor pernambucano" , ressalta o maestro Rodrigo Tofollo. "A excelência e a versatilidade da orquestra foram comprovadas, o que reflete em uma maior visibilidade e reconhecimento no universo da música. Com a sensação de dever cumprido, a Orquestra Ouro Preto se orgulha de ter se proposto a essa missão e de ter trilhado o caminho que a levou a alcançar esse patamar. Certamente, esse é um momento na historia da orquestra que ficara marcado para sempre", acrescenta.
Entrevista com Alceu Valença
Alceu, como e quando surgiu a ideia do Valencianas?
As Valencianas surgiram a partir de uma ideia do meu compadre Paulo Rogério Lage, um dos grandes produtores culturais de Minas. Ele sempre me falava muito da Orquestra Ouro Preto e sugeriu um projeto em que minhas composições fossem adaptadas para a música de concerto. O maestro Rodrigo Toffolo e o arranjador Mateus Freire foram a Olinda me mostrar os primeiros tratamentos e, a partir daí, tudo fluiu naturalmente. Gravamos um DVD no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e excursionamos por todo o Brasil. Em janeiro de 2020, gravamos o segundo audiovisual em Portugal, lançado no ano passado.
Foi sua a escolha do repertório?
É um projeto em que eu e Orquestra Ouro Preto temos o mesmo peso e decidimos tudo em conjunto.
A assimilação da orquestra às canções foi imediata?
A música de concerto e a popular sempre se associaram. Maestros como Villa-Lobos e Guerra-Peixe adaptaram diversos temas populares em suas obras. Em Pernambuco, o maestro Cussy de Almeida criou
a Orquestra Armorial, nos anos 1970, propondo um cruzamento entre a música erudita e temas do sertão e do agreste. São inúmeros exemplos. Certas canções populares são tão ricas e essenciais quanto as melhores obras dos mestres da música de concerto, não é uma questão de sacralizar ou profanar, mas de
expandir as possibilidades da criação musical.
O sucesso do primeiro álbum determinou a realização do segundo?
O sucesso das Valencianas foi tão intenso — com Anunciação, Tropicana, Belle de Jour, Coração bobo, entre outras — que sentimos uma forte necessidade de dar continuidade ao concerto. Incluímos Táxi lunar,
Tomara, Como dois animais, Pelas ruas que andei, Tesoura do desejo… Gravamos o audiovisual ao vivo na Casa da Música, no Porto (Portugal), numa noite muito emocionante. No atual concerto condensamos os melhores momentos dos dois espetáculos.
Por que incluiu Brasília na série de apresentações por cidades brasileiras?
Sempre tive uma relação muito forte com Brasília, cidade que inspirou algumas das minhas canções, como Te amo Brasília, Plano Piloto, No tempo em quem e querias. Quem sabe elas não entram num terceiro volume de Valencianas?
VALENCIANAS II
Show e Orquestra de Alceu Valença Preto hoje, a de Ouro às 20h30, no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos à venda na na Bilheteria digital a partir de R$ 114. Classificação indicativa livre. Informações: 2196-9000/9089