O ex-integrante do grupo Menudo, Roy Rosselló, afirmou que o executivo da indústria fonográfica José Menéndez, assassinado pelos dois filhos em 1989, abusou sexualmente dele quando ele fazia parte da icônica banda adolescente.
"Este é o homem que me estuprou. Este é o pedófilo", disse Rosselló, apontando para uma velha fotografia de Menéndez com os membros da banda e o criador dela, Edgardo Díaz.
As imagens fazem parte do documentário Menéndez + Menudo: Boys Betrayed, que estreia dia 2 de maio nos Estados Unidos, sobre o qual o canal NBC publicou um trailer na terça-feira.
Rosselló entrou no Menudo em 1983, quando tinha 13 anos, e no final daquele ano o grupo assinou contrato com a gravadora RCA, da qual Menéndez era vice-presidente executivo.
"É hora de o mundo saber a verdade", disse Rosselló, hoje aos 51 anos.
O porto-riquenho assegurou que o estupro ocorreu na casa de Menéndez, em Nova Jersey, quando ele tinha 14 anos.
Ele disse ter sido levado por Díaz, empresário e produtor do grupo, a quem em 2014 também acusou de estupro.
"Não falei antes sobre isso porque tudo nessa vida tem seu momento, e agora estou espiritualmente pronto porque Deus está me dando forças. (...) Edgardo Díaz abusou sexualmente de nós", disse o cantor há nove anos na televisão brasileira.
Rosselló, que tinha 13 anos na época, disse que isso aconteceu várias vezes e que, incluindo ele mesmo, houve "duas ou três" vítimas de Díaz. "Ele me ameaçou dizendo que, se eu não fizesse isso, iria me expulsar do grupo", disse.
O artista fez parte do quinteto juvenil porto-riquenho até 1986, quando completou 16 anos, no mesmo ano em que Díaz trocou os integrantes por outros mais jovens.
Díaz negou repetidamente as acusações.
Um boato judicial de 30 anos
No novo documentário, um dos filhos de Menéndez, Lyle, afirma que em algum momento eles ouviram rumores de que algo havia acontecido com o Menudo.
O irmão dele Erik acrescenta: "Meu pai foi um dos homens que escolheu e selecionou os novos membros do grupo (...) Lembro especificamente que ele pegou uma das crianças e foi embora. Ele disse que queria falar com ele a sós e subiram para o segundo andar da casa".
Rosselló foi selecionado antes do acordo de Menéndez com a banda e, segundo disse ao canal mexicano TV Azteca em 2020, não fez teste, mas foi escolhido diretamente por Díaz porque o adulto "estava apaixonado" por ele.
Nessa entrevista, ele também garantiu que outros adultos do grupo musical abusaram sexualmente dele, mas não quis dar nomes.
Os rumores citados por Lyle Menéndez fizeram parte do julgamento que ele enfrentou com o irmão dele entre 1993 e 1996 por ter atirado à queima-roupa e matado o pai e sua mãe em 20 de agosto de 1989 na casa onde viviam em Beverly Hills, na Califórnia.
O pai levou seis tiros disparados com uma espingarda que os filhos compraram dias antes do ataque. A mãe foi alvejada por 10 balas.
Logo após o crime, as crianças contaram à polícia que seus pais foram encontrados mortos na casa.
O acontecimento chocou os americanos e os julgamentos aos quais os irmãos Menéndez foram submetidos chamaram a atenção de todo o país.
Durante o processo, houve duas explicações opostas sobre a motivação do crime.
Os promotores argumentaram que os jovens haviam matado os pais bem-sucedidos para herdar o patrimônio multimilionário deles.
Mas os advogados de defesa alegaram que o assassinato foi uma vingança pelo abuso sexual ao qual o pai supostamente os submetia.
A advogada Leslie Abramson disse durante o julgamento que conhecia a história do ex-membro do Menudo, mas que acreditava não ser apropriado chamá-lo para depor porque ele tinha uma carreira, segundo o New York Daily News na época.
O argumento do abuso sexual acabou não sendo provado nos tribunais.
Ambos foram condenados à prisão perpétua.