Jornal Correio Braziliense

Cinema

Autobiografia de Eliane Lage refaz os passos dos estúdios Vera Cruz

Com 94 anos, Eliane Lage lança uma nova edição revista ampliada de sua autobiografia 'Ilhas, Veredas e Buritis: A autobiografia de Eliane Lage e a história do cinema da Vera Cruz'

A atriz, escritora e fazendeira, Eliane Lage, 94 anos, relança sua autobiografia Ilhas, veredas e buritis: A autobiografia de Eliane Lage e a história do cinema da Vera Cruz. Agora com uma nova cara, o livro também acompanha o inédito prefácio da cineasta Helena Solberg, 84 anos. “Eliane ocupa um lugar único na história do cinema brasileiro”, diz a cineasta conhecida por ser a única mulher do Cinema Novo. A primeira edição da obra foi lançada em 2005 pela editora Brasiliense e a reedição foi realizada pela Gryphus Editora, em março deste ano.

O livro descreve a história de Eliane desde a infância, vivida na ilha de Santa Cruz, na Baía da Guanabara, até os dias de hoje em Pirenópolis (GO). Vinda da família Lage, uma das mais ricas no início do século 20 no Brasil, teve seus bens confiscados durante o governo Vargas e, nesse cenário, se inicia no cinema.

Eliane Lage começou a atuar graças ao que seria seu futuro marido, Tom Payne, diretor e ator anglo-argentino que a convidou para o teste de protagonista do longa-metragem Caiçara (1950). Esta foi a primeira produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, importante estúdio para a história do cinema brasileiro. Com bastante capital para o crescimento do estúdio, as obras ficaram marcadas pela influência europeia e por formar uma geração de cineastas e profissionais de cinema.

“Tornou-se um ícone nas telas grandes na época de ouro da Vera Cruz”, ressalta Helena Solberg. Eliane protagonizou outras três produções do estúdio:  Ângela (1951), Sinhá Moça (1953) e Ravina (1959). A atriz também fez parte do filme Terra é sempre terra (1952), com um papel menor. Apesar da curta carreira cinematográfica, Eliane Lage criou um legado único na Vera Cruz e no cinema brasileiro, sendo popularmente chamada de Greta Garbo brasileira. Pela alta expectativa para alcançar o nível de produções internacionais, o estúdio teve gastos grandes demais para conseguir manter as portas abertas.

Eliane foi uma das primeiras mulheres a usar publicamente calça jeans e abraçou um marido que passou por dois desquites numa época em que não existia a lei do divórcio. O casamento com Tom Payne durou 15 anos e deu à atriz três filhos e seis netos. Após abandonar o cinema devido à falência da Vera Cruz, Eliane e Tom abriram um antiquário no Guarujá, São Paulo, como relata na obra.

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