Intérprete de Chega de saudade, João Gilberto dividiu com Tom Jobim e Vinicius de Moraes, autores da canção, no fim da década de 1950, a paternidade da Bossa Nova. Agora, um legado do cantor baiano, nascido em Juazeiro (BA), inaugura o projeto Relicário, do selo Sesc (SP), com um álbum duplo, gravado ao vivo, que chega ao público 25 anos depois.
Com 36 músicas, o João Gilberto (Ao Vivo Sesc 1998), traz como grande surpresa o registro inédito de Rei sem coroa (Herivelto Martins e Waldemar Ressurreição), nunca gravado pelo artista. O áudio remasterizado do histórico show na unidade Vila Mariana está disponível, gratuitamente e com exclusividade, na plataforma Sesc Digital.
À época da gravação, João Gilberto estava em turnê para celebrar os 40 anos da Bossa Nova. Após passar pelo Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Maceió e Brasília, chegou a São Paulo para três apresentações. Conhecido pelo seu perfeccionismo, João fez quatro pedidos para a produção: um banco para o piano, uma mesa para o violão, um tapete persa e a acústica perfeita. Pelo bom humor demonstrado por João, o Sesc pode constatar que as solicitações foram plenamente atendidas.
Na apresentação, João Gilberto, como costumava fazer, durante quase duas horas, mesclou sambas antigos com clássicos da Bossa Nova. O repertório, aberto por Violão amigo (Bide e Marçal), traz, entre outras, Isto aqui o que é? (Ary Barroso), Saudade da Bahia com H (Denis Brian), (Dorival Caymmi), Ave Maria no morro (Herivelto Martins), Curare (Bororó), Chega de Saudade (Tom Jobim Vinicius de Moraes), Retrato em branco e preto (Tom Jobim e Chico Buarque), além de Um abraço no Bonfá, composição de João Gilberto.
"Para o lançamento de João Gilberto (Ao Vivo no Sesc 1998), convidamos Speto, importante nome da arte urbana paulista, a fazer uma versão do grafite realizado em homenagem ao cantor para estampar a capa do álbum", conta Wagner Palazzi, gerente do Centro de Produção Audiovisual do Sesc São Paulo. A Correio, ele falou sobre aspectos do disco e do selo Relicário.