Há 40 anos, no dia 2 de abril de 1983, morria a cantora Clara Nunes, considerada uma das maiores vozes da música popular brasileira, após complicações inesperadas durante uma cirurgia para retirada de varizes. Para o médico que realizou o procedimento, a reação foi "absolutamente desproporcional".
No dia 5 de março de 1983, Clara Nunes foi submetida a uma cirurgia para retirada de varizes, procedimento considerado simples.
A cantora, no entanto, acabou sofrendo uma reação alérgica a um componente da anestesia, sofrendo uma parada cardíaca e ficando 28 dias em coma na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Na madrugada de 2 de abril de 1943, foi declarada oficialmente a morte de Clara Nunes devido a um choque anafilático.
A morte de Clara Nunes
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo (2/4), o cirurgião vascular Antônio Vieira de Melo, responsável pela operação em Clara Nunes, detalhou, pela primeira vez, o que aconteceu com a cantora, afirmando que "ela teve uma reação absolutamente desproporcional" e que nunca mais viu um caso como o dela.
"Quando eu cheguei no hospital, ela estava brigando com o anestesista porque ele estava insistindo para não colocar tubo na garganta dela. Ela queria dormir, queria anestesia geral", destacou o médico.
Ao final da cirurgia, em que foi usada anestesia geral, o médico notou que o sangue da artista estava mais escuro do que o normal: "Ela estava com taquicardia, frequência muita rápida, igual a uma parada cardíaca... Cheguei a fazer injeção intracardíaca de adrenalina. Ela voltou."
"Estou com 58 anos de formado, nunca vi aquilo. Medicina... A gente não tem uma ciência exata igual a matemática. Cada ser humano reage de um jeito", pontuou.
Após a morte da cantora, o Conselho Regional de Medicina abriu uma sindicância para investigar o que aconteceu naquele dia. No relatório, de pouco mais de 860 páginas, a equipe avaliadora foi unânime em afirmar que não houve erro médico.
A sindicância, então, foi arquivada. A família de Clara Nunes optou por não denunciar a equipe médica e também não autorizou a autópsia do corpo da cantora.