Uma metáfora sobre a água guiou os curadores Nino Cais e Marcelo Amorim na seleção dos 20 artistas e das 50 obras que formam a exposição Mar, rio fonte, em cartaz na Karla Osório Galeria. A intenção foi levar para a galeria parte do trabalho realizado pelos curadores em conjunto com a artista Simone Moraes no Fonte, um espaço fundado em 2013 para oferecer residências artísticas e ateliês para jovens artistas.
Pelo espaço já passou boa parte dos nomes que integram Mar, rio, fonte. "A gente tentou tramar, de alguma maneira, as relações no sentido material e no sentido poético, onde as narrativas do trabalho se aproximavam. A partir disso, a gente foi desenhando", explica Nino Cais. "Como o nosso espaço chama Fonte, pensamos em um subtítulo que amarrasse, então pensamos em rio e mar, em coisas líquidas, coisas que fluem, e fomos dando esse segmento para a curadoria pensando em atravessamentos líquidos, mas também no sentido do afeto, em como o afeto circunda as relações."
A proximidade e o diálogo entre os trabalhos guiaram os curadores, que também cuidaram para haver diversidade de linguagens. Assim, a exposição tem trabalhos em vídeo, pintura, desenhos e fotografia. "Fomos criando uma gama de linguagem para que abraçasse de maneira ampla todo o processo desses artistas que convivem", avisa Nino. Para Marcelo Amorim, a exposição fala também do momento da criação, por isso a referência à água. "A gente está pensando no momento da criação como o olho d'água, de onde surge toda a água e, da mesma amnésia, estamos falando de preservar a água", diz Marcelo.
Ancorados no tema da água estão trabalhos como o de Simone Moraes, feito com conchas de argila confeccionadas na forma da mão com água de três diferentes rios do cerrado. "Ele não é tão majestoso quanto a Mata Atlântica, mas tem no subsolo a caixa d'água que abastece o Brasil", explica o curador. Ou ainda a obra Deságua, vídeo de Celina Portela no qual uma atriz bebe água submersa em uma piscina, e uma pintura de autoria do próprio curador na qual ele sobrepõe transparências para criar o efeito translúcido do líquido. "Água é uma metáfora no sentido de que a ligação entre nós flui como a água", compara.
O curador lembra ainda que a exposição é uma forma de celebrar um trabalho feito a partir do compartilhamento de ideias e espaços. "Parece simples ter um atelier coletivo, mas não é, é um rasgo na realidade ter um espaço dedicado a produzir arte, que funciona todos os dias e que exige resultados, coisas rápidas, práticas e objetivas", diz. Para ele, a metáfora da água também fala de acesso. "A gente cria uma economia criativa para poder sobreviver e se unir. A maioria desses artistas divide o ateliê e outros são convidados e passaram pelos nossos grupos de orientação, são parceiros e amigos mesmo", garante.
Serviço
Mar, rio fonte
Curadoria: Marcelo Amorim e Nino Cais. Visitação até 5 de junho, de segunda a sexta, das 9h às 18h30, e sábados, das 9h às 14h30, na Karla Osório Galeria (SMDB Conjunto 31 Lote 1B), mediante agendamento prévio por telefone, email, DM no Instagram ou WhatsApp.
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