O que é ser fotógrafo pra você?
O que me motivou a entrar no fotojornalismo foi exatamente mudar um sistema todo em relação ao que é fotojornalismo. As pessoas entendiam que tem que fotografar um prédio em chamas, o Ulisses discursando no plenário, o suicida se jogando do terceiro andar, um homem correndo com uma faca atrás do outro. O fotojornalismo era uma coisa que não dava razão de vida, e é um esplendor a gente viver. O fotojornalismo é inglório em relação às atitudes que delimitam essa coisa do bem viver, do prazer que a gente tem. Eu queria ser um fotógrafo que pudesse construir dentro de uma filosofia na qual as pessoas pudessem apreciar o bacana, o belo, o singelo. Isso faz parte da nossa vida. Não essa coisa rotunda de um fotojornalismo que eu abominava. Todo jovem é um ditatorial em relação à vida que ele quer e eu tinha 15 anos e queria que as pessoas pudessem sonhar, trabalhar com encantamento. Foi assim que entrei nessa questão e ganhei a parada. Eu mudei a sistemática, eu sei que foi uma vitória que não foi fácil.
O que foi mais difícil nessa trajetória?
Encarar meus próprios colegas que diziam que eu era um impostor, que avacalhava o fotojornalismo por ser um empreendedor de sonho, que eu era um cascateiro, um mentiroso. Que eu não falava a verdade e que o fotojornalismo é uma coisa verdadeira.
O que é a verdade na fotografia?
A fotografia é uma grande mentira. Não existe verdade fotográfica porque um segundo depois do clique aquilo não é mais verdade. O mundo gira, a terra roda, aquilo passou numa fração de segundo. Não existe verdade e a fotografia é uma grande mentirosa,seja em que estado for.
O que te interessa numa foto?
A perspectiva de uma sedução em relação ao que penso ou sinto, dentro de um planejamento físico. Passar uma mensagem. Quando o fotógrafo pensa, ele passa para a imagem fotográfica uma leitura de que a gente pode pensar mais um pouco. A fotografia não é uma coisa de um clique só, ela multiplica valores em relação ao pensamento.
No verbo do silêncio a síntese do grito
De Walter Firmo. Abertura hoje, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - SCES Trecho 02 Lote 22). Visitação até 25 de junho, de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada gratuita mediante retirada de ingresso no site bb.com.br/cultura. Não recomendado para menores de 14 anos
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