Foram anos procurando um harmonium Mustel até que o pianista Dib Franciss, professor da Escola de Música de Brasília (EMB), encontrou um exemplar em uma cidadezinha francesa de 200 habitantes da comuna de Mortagne-au-perche, na Normandia. O músico não sossegou enquanto não conseguiu comprar o instrumento, que já havia sido prometido para um museu, mandar restaurá-lo na Holanda e embarcá-lo para o Brasil.
É nesse harmonium Mustel, considerado o "Stradivarius" dos harmoniuns, que Franciss executa nesta quinta-feira (6/4) a Petite messe solennelle, de Gioachino Rossini, durante o recital de comemoração dos 60 anos do Madrigal de Brasília no Teatro Levino de Alcântara, na Escola de Música de Brasília. "Existe uma verdadeira caça pelos colecionadores na Europa, pois o Victor Mustel só fabricava 12 instrumentos por ano. O meu é de 1886", conta o músico. "A descoberta foi tão importante que o próprio Louis Huivenaar, considerado melhor restaurador do mundo para esse instrumento, saiu da Holanda e foi até essa cidadezinha da França pessoalmente para buscá-lo. Demorei dois anos numa fila no ateliê dele até o Mustel ser totalmente restaurado, pois é um trabalho minucioso e 100% artesanal. Se precisar trocar alguma coisa, é preciso fabricar."
Depois de conseguir restaurar o instrumento, Franciss enfrentou uma saga para trazê-lo ao Brasil. Feito com jacarandá da Bahia e teclas de marfim e ébano, precisou ser submetido a uma vistoria internacional, já que o Brasil é signatário de um acordo que impede a importação e exportação de jacarandá, marfim ou ébano. A permissão só foi concedida porque o instrumento tem mais de 100 anos.
O harmonium é um instrumento com teclas e sonoridade semelhante ao órgão de tubos: um teclado que usa ar pressurizado de um fole bombeado por dois pedais para produzir som de palhetas livres. O método é o mesmo do acordeon e da gaita. "E possui as qualidades tonais de um órgão de tubos e o controle expressivo de um instrumento de corda", explica Franciss.
CONCERTO COMEMORATIVO
O madrigal de Brasília interpreta Petite Messe Solennelle, de Giochino Rossini, sob a regência do maestro Deyvinson Miranda, nesta quinta-feira (6/4), às 20h, no Teatro Levino de Alcântara da Escola de Música de Brasília (602 Sul). Entrada franca. Classificação indicativa livre.
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