São 38 anos de atividade e uma bonita e longa história revelando talentos artísticos da cidade. O Jogo de Cena é um dos mais tradicionais eventos da arte brasiliense e está de volta em 2023, após hiato de três anos. Em uma temporada curta, com apenas cinco apresentações, o programa de auditório mais famoso do Distrito Federal está de volta no Teatro da Caixa.
Na noite de hoje os apresentadores Welder Rodrigues e Ricardo Pipo retomam a posição em que se consagraram, a partir das 20h. As atrações desta quarta são trechos de 10 minutos de selecionados: A curiosa viagem da cantora careca, direção de Simone Reis; $money$, direção de Flávio Café; show de chorinho e jazz, com Nícolas Madalena e banda; projeção do curta-metragem À espera da morte, direção de André Luis da Cunha; a Mutum Cia apresenta a coreografia Showcase; vídeo em homenagem à comediante Cláudia Falcão; e a artista plástica Victoria Serednicki pintará uma tela durante o programa.
Organizado por James Fensterseifer, o evento vai funcionar da mesma maneira que nos anteriores, apresentações de 10 minutos de artistas da cidade, uma forma de abrir um espaço interessante, em um dos principais teatros da cidade,na Caixa Cultural. "Uma vitrine cultural, em formato de programa de auditório — diverso, democrático e descontraído —, que traz um apanhado da arte produzida em Brasília", explica James. "Em seu palco, a plateia pode aproveitar, em uma só noite, teatro, dança, música, artes plásticas e audiovisual. É um entretenimento de alta qualidade", completa.
Ao Correio, Fensterseifer falou sobre a importância do Jogo de Cena, não só para os artistas, mas para movimentar a cultura da capital. Um retorno crucial para reaquecer um cenário que ainda está se recuperando dos duros golpes que recebeu nos últimos três anos, depois da pandemia.
Entrevista: James Fensterseifer
Como é estar de volta com o Jogo de Cena após esse hiato? Qual o sentimento que domina?
Ah, meu caro, é ansiedade e tesão! Estamos todos, a equipe e os participantes, vibrando de satisfação. Como animais enjaulados prestes a ter a tão sonhada liberdade. É engraçado, porque é um evento que já dura há tanto tempo (38 anos!) e que já passou por muitas emoções... deveríamos estar mais acostumados aos sabores dos ventos. Porém, sobreviver a um governo federal anticultural e a uma pandemia, impulsionou nossas sensações ao máximo.
Qual a importância de um projeto para o fomento do teatro de Brasília?
A necessidade ainda é grande e não só ao fomento do teatro como de todas as artes. Com todas as reviravoltas da mídia. TikToks e lives, os produtores não sabem mais ao certo quem é sua assistência nem de onde podem surgir novos públicos. Então, o Jogo de Cena, com sua vitrine tradicional, ainda é uma alternativa segura. Além disto, democratizar um palco tão nobre como o do Teatro da Caixa é, no mínimo, elogiável.
Como você acha que o projeto vai interagir com o momento atual da cidade?
Não tenho muita certeza de como este público vai se comportar. Muitas são as variáveis que podem formatar uma audiência. Fãs do Welder da novela; do Pipo Hermanoteu; da própria história do programa; e das atrações, todos podem reagir e interagir de formas variadas. O que sei é que ninguém vai sair intocado desta aventura! Sempre, em todas as nossas fases de realização, o rompimento da afamada quarta parede realizou-se, encantando a todos.
Você vê uma renovação no fervor cultural e cênico da cidade? Acha que o movimento está menos concentrado no Plano Piloto?
Com certeza, tivemos que nos reinventar. Recentemente, passamos por maus bocados, mas agora estamos nos renovando. Percebo um movimento surgindo como uma onda que vem cobrir todo o Distrito Federal. A necessidade de se comunicar pela internet nos fez perceber que a região é o que menos importa. O que importa é a excelência criativa e ela vem de todos os cantos.
Nestes 35 anos, quem o jogo de cena tem orgulho de ter revelado no caminho?
São tantos os artistas que passaram, em seus começos de carreira, por nosso palco democrático, que fica até meio deselegante frisar alguém em especial. Mas, na verdade, o que importa é que todos foram vistos e tiveram condições de desenvolver seus trabalhos da melhor forma. É claro que grupos importantes como Os Melhores do Mundo, G7, Anti Status Quo, Tribo Cia de Dança, Paco Cia de Teatro, etc. nos deixam orgulhosos pela participação em seus primeiros voos.
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