Jornal Correio Braziliense

Música

Evento celebra o protagonismo feminino na viola e na música caipira

A partir desta quinta-feira (30/3), o evento Viola em Canto de Mulher ocupa o Museu Vivo da Memória Candanga para celebrar o protagonismo feminino no gênero que era dominado pelos homens

A música caipira é uma expressão artística relevante para a identidade cultural brasileira. Visando reconhecer essa importância, será realizado, nesta quinta-feira (30/3) e até sábado (1º/4), no Museu Vivo da Memória Candanga,  o Encontro de violeiras do Brasil, Viola em Canto de Mulher.

O evento celebra a viola caipira e é um espaço de protagonismo feminino dentro desse meio que, por muito tempo, foi dominado por homens. A viola caipira, de  cordas, é um instrumento tradicional com muitas raízes no Brasil e é muito valorizada por compositoras e instrumentistas. 

Viola em Canto de Mulher está na quarta edição e tem como ideal  incentivar o protagonismo de mulheres no meio musical. As mulheres lutam e reivindicam por espaço na cultura e músicas caipiras há anos. "Espaços como esse nos dão a oportunidade de mostrar que somos muitas as mulheres em atividade nesse universo da música e viola caipira e temos qualidade em nossos trabalhos", ressalta Karen Parreira, violeira e compositora e uma das produtoras do evento, que priorizou contratar mulheres.

A cultura e a arte são vistas como lugares de liberdade, mas, durante muito tempo, fortaleceram esses padrões preconceituosos da sociedade brasileira. As mulheres só estão presentes na música caipira porque lutaram para romper com essas barreiras e conquistarem a liberdade de expressão. "Em vários lugares, ainda temos que provar todos os dias que somos capazes de fazer o que fazemos para ter o nosso espaço", destaca Karen.

Volmi Batista/Divulgação - Carol Carneiro: nova geração de violeiras
Volmi Batista/Divulgação - Adriana Farias: uma das atrações da programação do evento
Fotos: Volmi Batista/Divugação - Karen Barreira é um dos destaques do Viola em Canto de Mulher

A programação do evento reúne mais de 30 artistas, com representantes da capital federal e de estados como Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, mostrando a diversidade de estilos e habilidades com o instrumento de 10 cordas. Entre elas, estão Juliana Andrade e as filhas Lívia e Lavínia, Meyre Galvão e Mário Campanha, Adriana Farias e Leyde e Laura. "A nova geração tem empunhado a viola com maestria e segurança para dizer que participam de um evento de violeiros porque são boas", enfatiza Adriana Farias, violeira que vem de São Paulo para o evento.

Essa edição faz uma homenagem para As Galvão, dupla que cativou o Brasil com uma trajetória de mais de sete décadas e mais de mil músicas gravadas enquanto enfrentou o preconceito e abriu o caminho para outras mulheres.

A Exposição Mulheres Violeiras do Brasil, digital e interativa, também será apresentada no evento. As Galvão, Helena Meirelles, Inezita Cardoso e Zita Carreiro estão entre as mulheres que se destacaram na música caipira homenageadas. "As artistas que começaram há décadas tiveram muito mais dificuldades de prosperar nesse meio do que as da nova geração. É o caso, por exemplo, de Inezita Cardoso, Helena Meireles e as próprias irmãs Galvão. Quando a gente conhece a história delas é que podemos fazer uma análise da evolução da participação feminina nesse universo", explica Karen.

A programação inclui rodas de conversa com as violeiras para promover o debate sobre a construção de políticas públicas que estimulem a criação de novos espaços para o protagonismo feminino e a preservação da tradição caipira. "Nessa troca de experiências podemos fazer uma análise de como a participação da mulher no meio da música e viola caipira tem progredido e criar espaços para diálogos acerca do que pode ser feito para que essa participação feminina passe a ser uma realidade em eventos de todo o Brasil", observa Karen.

Além disso, o público poderá conferir feira de artesanato e barracas de comidas típicas. Para proporcionar um evento inclusivo para os visitantes com alguma deficiência, eles fizeram espaços acessíveis em frente ao palco e contam com tradução em libras. O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco