Um dos chargistas mais importantes do país, Paulo Caruso morreu ontem, aos 73 anos, em São Paulo. Ele estava no Hospital 9 de Julho, no Centro da capital paulista, há um mês e lutava contra um câncer no intestino, descoberto em 2017. O cartunista deixa cinco filhos, um neto e um irmão.
Paulo nasceu na capital paulista em 6 de dezembro de 1949. Era irmão gêmeo do também cartunista Chico Caruso. Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), Paulo não chegou a exercer a profissão. Preferiu mergulhar na arte do desenho de humor e sempre atuou como caricaturista, ilustrador, chargista e músico. Com um olhar perspicaz e muito inteligente, doou bom-humor em charges e caricaturas que não perdoavam as diversas crises econômicas e políticas enfrentada pelo Brasil.
A veia artística veio do avô. Paulo e Chico começaram a desenhar aos 5 anos e tiveram suas primeiras publicações na imprensa no final da década de 1960, durante a ditadura militar. O período marcou o trabalho de Paulo e o consagrou pelas sátiras políticas. Na última década, várias figuras e personalidades viraram charges na mão do paulistano.
Nas redes sociais, a morte do cartunista foi um dos temas mais comentados. "Paulo Caruso foi um grande desenhista e cronista político, com uma criatividade inesgotável, retratou com talento e consciência o dia-a-dia que constrói nossa história recente. O seu traço veloz e seu humor já são parte da memória nacional", lamentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também acrescentou que o chargista contribuiu com a luta pela democracia e pelo direito à liberdade de expressão do país em vários momentos críticos, como na ditadura.
Paulo Caruso começou a vida profissional no Diário Popular e colaborou com os jornais Folha de S.Paulo e Movimento. Caruso participava do programa Roda Viva, da TV Cultura, desde 1987. Sua última participação foi no dia 2 de janeiro, quando o programa entrevistou o ministro Rui Costa. Durante toda a transmissão, o cartunista realizava caricaturas do entrevistado nas quais destacava as frases de maior impacto ditas durante a entrevista.
Em 1992, ele lançou o livro Avenida Brasil, no qual reuniu centenas de charges políticas publicadas em jornais e revistas. O foco, na época, era o presidente Fernando Collor de Mello. Caruso também é autor de As origens do Capitão Bandeira (1983), Ecos do Ipiranga (1984), Bar Brasil na Nova República (1986) e A transição pela via das dúvidas (1989). Além disso, escreveu também São Paulo por Paulo Caruso — Um olhar bem-humorado sobre esta cidade (2004), em homenagem aos 450 anos da capital.
Em 1985, no Salão de Humor de Piracicaba, no interior de São Paulo, o artista uniu a paixão pela música ao amor pelos cartuns e montou uma banda formada apenas por cartunistas. Ele também recebeu vários prêmios ao longo da carreira, entre eles o de melhor desenhista pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1994.
O velório de Paulo Caruso está marcado para hoje, mas será reservado apenas para a família e os amigos.
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