Cinema

Documentário ‘Memória sufocada’ lança novo olhar sobre a ditadura

O filme estreia nesta quinta-feira, às 20h35, no Cine Brasília, mas continuará em cartaz até a próxima quarta-feira

Luíza Grecco Altoé*
postado em 30/03/2023 06:00 / atualizado em 30/03/2023 10:27
 (crédito:  Documentário Memória Sufocada/Divulgação)
(crédito: Documentário Memória Sufocada/Divulgação)

Nesta sexta-feira (31/3), o golpe militar de 1964 completa 59 anos. Apesar de ter se encerrado, oficialmente, em 1985, ainda há resquícios do regime militar pelo país. Sabendo da existência desse cenário e diante da possibilidade de repetição da história, Gabriel Di Giacomo resolveu fazer o documentário Memória sufocada. O filme estreia, hoje, às 20h35, no Cine Brasília, mas continuará em cartaz até a próxima quarta-feira.

Memória sufocada apresenta um olhar do passado a partir da perspectiva do presente. Essa proposta, construída com informações obtidas na internet sobre a ditadura, objetiva mostrar ao público o quanto a verdade pode ser relativizada ao longo dos anos. Segundo Gabriel, esse é o ponto central do filme: qual é a "verdade" histórica e como os fatos podem ganhar novas narrativas com o passar dos anos.

"Na época, notei uma crescente relativização dos danos causados pelo golpe. Então, senti uma urgência de trazer argumentos que ratificam o óbvio: não podemos esquecer as lições do passado para não errar novamente no futuro", afirma Gabriel ao Correio.

Todo o material utilizado no longa está disponível na internet e conta com poucas visualizações. Após uma curadoria minuciosa, os vídeos selecionados foram traduzidos para o universo digital para que a apresentação fosse dinâmica e prendesse a atenção do público. "O filme é um convite para que o espectador faça a sua própria busca, por isso todo material utilizado na pesquisa está disponível no site do Memória Sufocada", complementa.

Assim, o longa também mostra quem era o Coronel Ustra, chefe do DOI-CODI de São Paulo, onde ocorriam as agressões e torturas de grupos contra o que foi "um desastre pro Brasil", segundo Gabriel. O documentário reúne também  imagens inéditas sobre as atividades desse departamento de policia política. Essa é a primeira vez que são filmados os lugares que eram usados para dar choques elétricos, pendurar pessoas e espancá-las.

"Muitas vezes me perguntava se era pertinente fazer mais um filme sobre a ditadura brasileira, mas a realidade foi se impondo e estou convencido de que é necessário produzir obras sobre este período para sempre", reforça.

Após a exibição do longa, uma roda de conversa de convidados com o público encerrará a sessão. Entre os participantes, Gabriel Di Giacomo, Maria Isabel Abduch — que lida com a indústria audiovisual há cerca de 10 anos —, Paulo E. C. Parucker, historiador graduado pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em história social do Brasil pela Universidade Federal Fluminense (UFF), além de Cecília Barroso, jornalista e crítica de cinema.

O documentário também será lançado em São Paulo na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ganhou menção especial do júri no Festival de Málaga.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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