Música

Em meio a cancelamentos de shows, Lollapalooza bate recorde de público

Apesar dos seis artistas internacionais que cancelaram as apresentações no Lollapalooza Brasil, o festival bateu recorde de público — no primeiro dia de evento, mais de 103 mil pessoas compareceram ao Autódromo de Interlagos

Pedro Ibarra
Isabela Berrogain
postado em 28/03/2023 20:00 / atualizado em 28/03/2023 21:15
 (crédito: Billie Eilish/Instagram/Reprodução)
(crédito: Billie Eilish/Instagram/Reprodução)

O Lollapalooza Brasil 2023 foi marcado por uma onda de cancelamentos de shows. O primeiro, feito pelo cantor Omar Apollo, aconteceu ainda em dezembro do ano passado, apenas dois meses após o anúncio da line-up completa do festival. Na ocasião, o cantor alegou conflito de agendas, cancelando toda a turnê pela América Latina. A partir daí, o evento sofreu uma onda de cancelamentos de apresentações, sendo o maior deles feito pelo headliner Blink-182, que viria ao país pela primeira vez em mais de 30 anos de carreira.

Dominic Fike, 100 Gecs e Willow são outros artistas que, há poucas semanas do festival, cancelaram a participação. O golpe final veio já no último dia de Lolla, quando Drake, também headliner, comunicou ao festival que não iria se apresentar devido a “falta de membros da equipe de som e produção”. No entanto, os desfalques na line-up do evento não impediram o público de ir até o Autódromo de Interlagos — na sexta-feira (24/3), dia que teve Billie Eilish como atração principal, o Lollapalooza Brasil bateu o recorde de público diário do evento, segundo a organização. Cerca de 103 mil pessoas foram ao primeiro dia do festival, totalizando, ao longo do fim de semana, um público de mais de 300 mil pessoas.

Ademais dos cancelamentos internacionais, os artistas brasileiros fizeram apresentações que mostraram ao público a importância da valorização da música nacional. Mesmo fora da lista de atrações, Pabllo Vittar se fez mais presente que muitos cantores. Pabllo participou do show de Lil Nas X, Tove Lo e Pedro Sampaio. Uma figura especial com a cara da diversão do festival, ela mostrou-se um fenômeno internacional que saiu do berço da música brasileira.

Já Brisa Flow fez história nos palcos do festival ao se tornar a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil. "O Lolla está fazendo algo que outros festivais não fizeram e precisam fazer, que é dar espaço para pessoas que estão trabalhando em busca da excelência, fazendo shows autênticos como eu", avaliou a cantora em entrevista ao Correio.

Entre os shows nacionais mais antecipados, o do rapper Rashid ocupava as primeiras posições. Isso porque a apresentação do músico foi cancelada nas edições de 2019 e 2022 devido a más condições climáticas. O cantor subiu no palco principal no último dia de festival e contou com a participação especial de Luccas Carlos, Emicida e Projota.

A edição deste ano também marcou a estreia das bandas Tuyo e Medulla no evento. “Tocar em um festival desse tamanho, com essa versatilidade e grandeza, simboliza muita coisa para nós, que acompanhamos de perto boa parte dos artistas no line-up desta e de outras edições. É uma oportunidade de celebrar tudo o que temos vivido e de presentear nosso público com um show nunca visto antes, trocar ideias com artistas de outros lugares e assistir espetáculos mil”, declararam os curitibanos da Tuyo antes da apresentação.

Para a banda de rock Medulla, o show teve gosto especial — a apresentação declarou o fim de um hiato de quase cinco anos do grupo. “É uma felicidade muito grande. O tempo é rei”, disse a banda sobre a volta. “O mais doido foi ver o quanto a banda cresceu enquanto a gente respirava e vivenciava outros projetos. Fizemos mais de 10 milhões de plays no Spotify durante esse tempo, e o convite do Lollapalooza Brasil acendeu ainda mais nosso desejo de voltar, fazer músicas novas e cair na estrada”, revela.

Billie Eilish

A incontestável maior atração do festival, principalmente após o cancelamento de Blink-182 e Drake, deu uma amostra do porquê ela é famosa. A cantora de apenas 21 anos trouxe o caráter introspectivo da própria música para um dos públicos mais engajados já vistos em 10 edições do Lollapalooza Brasil e fez um show memorável. Uma artista que já é gigante e tende a crescer ainda mais, uma força da natureza.

Lil Nas X

Outro fenômeno jovem, apenas 23 anos, Lil Nas X foi um dos maiores nomes do pop nos últimos três anos. Com hits, como o recordista da Billboard Old town road e a divertida Industry baby, Lil Nas X fez talvez a apresentação mais carismática do evento. Com dançarinos, bonecos gigantes, piadas e até uma participação apenas de dança da Pabllo Vittar, Lil Nas X animou o público de forma única, se consideradas as três noites de show

Rosalía

Cinematográfico. Assim pode ser classificado o show da também jovem espanhola. Chamaram atenção o jogo de câmeras especiais, danças muito bem coreografadas e toda a graça da cantora. Rosalía se mostrou muito preparada e dona de noções estéticas muito apuradas, mas, além disso, confirmou porque é uma das poucas artistas que cantam em espanhol a furar a bolha do público brasileiro, que dificilmente populariza os falantes das línguas vizinhas.

Tame Impala

Uma das bandas que não era estreante na line-up, o projeto psicodélico do australiano Kevin Parker fez uma apresentação que mais parecia uma viagem de luzes e sons. Extremamente profissionais, vide o vocalista fazendo o show de muletas após uma cirurgia no quadril, os artistas, mais uma vez, foram extremamente precisos e entregaram um show inesquecível. Quase 10 anos após a última visita ao Brasil, Tame Impala mostrou porque ainda é tão relevante.

The 1975

Pela terceira vez no festival, a banda inglesa The 1975 continua se superando. Acompanhado por uma garrafa de vinho e um maço de cigarros, o vocalista e líder do grupo Matty Healy mostra o que é ser um verdadeiro showman e cativa o público não só pela qualidade vocal, mas também pelo humor debochado e entrega no palco. No entanto, não é só o cantor que se destaca — Healy divide os palcos com uma banda excepcional formada por dois guitarristas, tecladista, baixista, saxofonista e baterista. O amor dos ingleses pelo público brasileiro, e vice-versa, é tão grande que, ainda nos palcos do Lollapalooza, o vocalista anunciou a volta do grupo ao país em janeiro, em uma turnê solo.

Os “quebra-galhos”

Vale chamar atenção que com os seis cancelamentos de artistas internacionais e aguardados, outros tiveram que “segurar a bucha” da substituição. Nenhum fez feio, Twenty One Pilots levou uma multidão para o palco principal que seria de Blink-182, Baco Exu do Blues fez um bonito show no horário que seria de Willow, Skrillex animou muito o público mesmo com poucas horas para preparar um show após o cancelamento repentino de Drake. Inclusive, durante alguns momentos do set do Dj, o público brasileiro fez coro de xingamentos ao rapper norte-americano. Mother Mother também foi destaque, estreando perante o empolgado público brasileiro.

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