Lollapalooza

Brisa Flow será a 1ª artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil

Nascida em Minas Gerais, Brisa de la Cordillera, nome de batismo da rapper, cresceu em um lugar sem modelos de mulheres como ela

Pedro Ibarra
Isabela Berrogain
postado em 22/03/2023 06:00
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

História será feita nos palcos do Lollapalooza Brasil nesta sexta-feira. Com um show montado exclusivamente para a ocasião, Brisa Flow será a primeira mulher indígena originária marrona a cantar no festival. Em um dos maiores festivais do país, a artista promete unir o rap — ritmo responsável pelos primeiros passos da cantora no mundo musical — aos cantos ancestrais, jazz, eletrônico e o neo-soul, em uma performance que será espelho de suas raízes chilenas, brasileiras e indígenas.

Nascida em Minas Gerais, Brisa de la Cordillera, nome de batismo da rapper, cresceu em um lugar sem modelos de mulheres como ela. "As pessoas eram muito acolhedoras, porém, a falta de referência na escola e a xenofobia e racismo que atravessavam o meu corpo e os da minha família sempre me marcaram, desde nova", relembra a cantora, que, por muitas vezes, se abrigou, muitas vezes, nas referências que tinha dentro de casa. É por motivos como esse que os objetivos de Brisa em shows como os do Lollapalooza vão mais adiante: "Eu quero construir uma carreira que inspire pessoas assim como eu fui inspirada por outras pessoas. É um trabalho que não é sempre voltado só para os números".

Para além da vitrine comercial, a identificação gerada nos shows é a grande recompensa da cantora. "Às vezes eu acabo um show e tem uma pessoa de Manaus que mora em São Paulo e vem me cumprimentar, uma pessoa do Pará ou uma filha de bolivianos que mora em Campinas e nasceu brasileira. É muito mágico, porque essas pessoas existem e muitas vezes elas estavam ali, quietinhas, sem se acharem bonitas, sem se acharem inteligentes, porque o racismo vai cortando essas pessoas com a xenofobia, com o discurso que elas estão aqui para roubar emprego, que elas não pertencem a nada", relata.

Na sexta-feira, a representatividade da apresentação se estenderá por toda banda que acompanha Brisa: o grupo é formado, em grande parte, por mulheres, cisgêneras e transgêneras, além de um músico negro e um indígena. "O Lolla está fazendo algo que outros festivais não fizeram e precisam fazer, que é dar espaço para pessoas que estão trabalhando em busca da excelência, fazendo shows autênticos como eu", opina. "Para pessoas como eu, é necessário arrombar as portas e mostrar excelência sempre", define.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE