MÚSICA

Com "Sem necessidade", Mahmundi faz retorno preciso em novo single

Projeto que marca nova fase da cantora traz uma sonoridade distinta de outros trabalhos; confira entrevista

Correio Braziliense
postado em 15/03/2023 17:27 / atualizado em 15/03/2023 17:28
 (crédito: Pedro Junqueira/Divulgação)
(crédito: Pedro Junqueira/Divulgação)

Marcela Vale, conhecida na música brasileira como Mahmundi, retoma sua persona com o single Sem Necessidade. Depois de quase dois anos de hiato, foi necessário entender "o que não dizem sobre trabalhar na música".

A transformação da carreira foi fundamental, segundo Mahmundi, visto que, nesse período de intervalo, o currículo só aumentou: fez mentoria para artistas novos que estão começando, participou da composição Baby 95, faixa de Liniker que faz parte do álbum vencedor de Grammy, trabalhou na produção com Diogo Nogueira e com Martinho da Vila, em um projeto de Dia da Consciência Negra. Segundo Mahmundi, se ela estivesse focada apenas em fazer música e não trabalhar em outros campos, deixaria passar as oportunidades de meter a mão na massa.

"Nesse período, é sempre importante a gente lembrar de quem a gente é, do potencial, enquanto mulher, especialmente mulher preta. Durante todos esses dois anos foi importante ter o controle da minha narrativa e saber que os fãs, os grandes apoiadores, disso não me abandonaram. Fiz a rádio Mahmundi FM, entrava de madrugada, ficava rindo das pessoas. Sempre fui muito plural, mas não tinha entendido que este mundo neoliberal é cruel mesmo e vai colocar a gente nas caixinhas ali, e se a gente não tomar cuidado a gente perde a oportunidade de dar o nosso melhor", conta.

Como forma de simbolizar o retorno, a cantora também anuncia novo álbum, Amor Fati. Com isso, Mahmundi se reafirma na produção de seus próprios discos. "Em 2012, terminava de gravar e subia música no SoundCloud de qualquer jeito. Olho pra Marcelinha de 26 anos muito corajosa. Hoje quero linkar o meu público mais experiente ao público que está chegando, quero falar muito, ainda mais sobre a produção. Geralmente, o que se espera de cantoras é que elas só vão pro estúdio cantar, então é bom que a gente fique atenta às nossas habilidades, sabe? Porque o perrengue de descobrir o som ideal não acaba."

Com o foco em explorar as lacunas sonoras, a artista se jogou musicalmente e resgatou a força de trabalhar em todas as vertentes da sua música. Com nove faixas, o álbum ainda não lançado tem uma proposta de deixar um "vazio" e voltar à Mahmundi de 10 anos atrás. "Não quis testar tantas coisas, mas quis entender o que um timbre de teclado ou o que um acordeó poderia fazer por mim. Estou animada pro público ver isso. De você botar um fone, ver o mundo ser o que é, e cativar imagens na sua cabeça. É muito poderoso ver essa coisa que a arte faz com a gente", acredita.

Sem necessidade

Com uma camada que perpassa sonoridades do synth pop, a canção que a nova fase nasceu graças à presença de dois nomes: Tagua Tagua e Josefe. Sem Necessidade veio de uma conversa entre Mahmundi e Josefe: o compositor enviou uma demo e ela se apaixonou de cara.

"A canção começou num processo de tentar entender de onde vem a pira de saber como fazer som. Quando o Josefe me mandou, eu achei a música boa e a produzi no R&B, mas não queria aquilo. O último estágio foi chamar o Tagua Tagua, convidei toda tímida por DM, nos encontramos no estúdio e adicionou umas camadas. É uma música diferente das outras. Ela tem um vazio que me deixou angustiada de não poder preencher, mas liberar os espaços das músicas, da minha casa, dos meus relacionamentos, é trabalhar com um vazio", complementa, ao enaltecer o poder que a música tem de transformar as circunstâncias.

O trabalho também é contemplado com um vídeo, todo gravado em preto e branco, assinado pela própria Mahmundi junto com a Boa Vista Studio, e com Guilherme Junqueira como diretor criativo. De acordo com a artista, Junqueira a levou a um ateliê no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e a deixou livre para andar pelo espaço.

"Foi muito difícil porque não tinha nada lá e depois a gente foi montando, e a cada corte eu ficava mais apaixonada. Ter um clipe todo feito com analógicas e ver beleza naquilo".

Para Mahmundi, a ideia é que todo mundo que a ouvir possa se apropriar da mensagem. "Eu acho engraçado porque quando sai do processo criativo e vira um produto, você entende que é uma canção, mas ela não é mais sua, ela é de todo mundo. E aí eu tenho uma expectativa de que elas vão gostar desse projeto, porque eu estou muito apaixonada".



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