Música

Tuyo e Vitão desfrutam do clima tropical em "Zero Coragem"

Com uma sonoridade mais direta, trio curitibano lança o single como uma prévia da nova fase

Correio Braziliense
postado em 10/03/2023 17:32 / atualizado em 10/03/2023 17:32
 (crédito: Vitor Augusto)
(crédito: Vitor Augusto)

O que antes era pra doer, agora é pra celebrar. Como forma de dar início a essa nova fase, a galera da Tuyo lança o single Zero Coragem. Com participação de Vitão, a canção faz o grupo flertar com o pop sem medo e representa um momento descomplicado, no qual "a dor não precisa ser comercializada", como diz Lio Soares, uma das vocalistas do grupo.

Ao finalizar a primeira versão da faixa, o trio curitibano compreendeu que precisava de algo a mais para que a canção tomasse corpo. E foi justo nesse lugar que surgiu a ideia de convidar Vitão para a participação especial. Em nota para a imprensa, o cantor define a conexão com o trio de forma especial. “Gosto de estar junto de pessoas que fazem música pelo amor à música, antes de qualquer outra coisa. Gosto de gente que faz música moldada pelo coração, e eu senti isso na Tuyo, senti muita verdade neles", afirma. O resultado da canção rendeu um clipe com um olhar bastante solar e pleno sobre uma tarde de calor.

Zero Coragem também dá início a uma série de eventos na agenda de Tuyo em 2023. Na próxima semana, a banda, formada pelas irmãs Lio e Lay Soares, e Jean Machado, segue para o Texas, nos Estados Unidos, para participar do South by Southwest (SXSW) pelo terceiro ano consecutivo. No fim do mês, o grupo também estreia no Lollapalooza Brasil, no dia 26 de março. “Foram tantos anos de sabores amargos e discos densos, que, agora, queremos compartilhar essa aventura de forma leve e divertida para a turma que nos ouve e nos segura desde quando tudo era mais difícil”, encara Lio.

Confira nossa entrevista na íntegra:

O trabalho da Tuyo é muito emblemático nas colaborações. Como aconteceu justo com o Vitão?
Lio: Muitas das nossas colaborações partem de lugares que vão colocando a gente, né? Com o Vitão não foi muito diferente, a gente desenvolveu uma proximidade muito grande com o Luccas Carlos, que é amigo dele, por causa do [single] Sonho da Lay, e a gente começou a conversar sobre um milhão de coisas da vida, sobre quem a gente achava que estava construindo uma trajetória bonita no pop e sobre como seria interessante se flertasse um tanto com o pop também, assim como já estivemos com tantos gêneros. Acho que isso foi o que providenciou pra gente a presença do Vitão. A Bruna Mendez, nossa amiga de Goiânia, é uma das maiores fãs do Vitão no Brasil. Ela conhece muito do trabalho dele na composição, e  dizia que era um enigma, um quebra-cabeça que a gente queria montar porque a gente caminha por abstrações e a ideia era trazer o momento da canção pro lugar de concretude.

Como é revisitar certos sentimentos no processo criativo? Como vocês estão entendendo esse terreno agora profissionalmente?
Lio: A gente nunca se pautou por tendência. Eu sinto que as mudanças mais abruptas acontecem nas carreiras que estão muito conectadas com a tendência. Estamos aí enfiada na internet. Mas, musicalmente, a gente gosta de construir gradiente, gosta de fazer as coisas sem pressa. Nunca foi a nossa intenção o viral, o famoso, mas gostamos de fazer música. Seria muito estranho que a gente, nessa altura da vida, com tantas coisas boas que a gente tem, que a gente ainda estivesse mastigando as nossas mágoas. Acho que o resultado do nosso trabalho é fruto de se movimentar. De se movimentar na vida. E eu acho que todo mundo é assim, a gente se movimenta na vida, mas tem horas que a gente está pela hora da morte. Tem horas que a gente está comemorando. Eu acho que é muito uma linha do tempo assim.


Lay: E os problemas vão mudando, né? Vai crescendo, vai matando um demônio aqui e ali resolvendo uma coisa ou outra na terapia ou com umas conversas com os amigos e outras questões vão aparecendo. Eu sinto que, quando esse assunto de estar bem veio à tona, rolou o estranhamento do tipo “tá, beleza, as coisas estão ficando um pouco diferentes”, e eu estou começando a curtir quando uma coisa dá certo. Quando uma coisa estava certa, você já partia pra outra coisa que estava errada pra fazer dar certo, não tinha tempo de comemorar, não tinha tempo de dizer parabéns. E aí eu sinto que esse estranhamento agora está sendo engraçado porque é um novo lugar também pra gente, entender que algumas coisas ficaram mais leves porque a gente trabalhou para isso.

Como imaginam que as pessoas possam se identificar com a nova fase de vocês?
Lio: Agora a gente consegue dar conta dessas dores que pareciam tão grandes, mas não significa que elas não nos visitem mais. Acho que este ano é um ano de comemorar, um ano divertido, o ano de dar risada, e acredito muito que as movimentações políticas providenciaram pra todo brasileiro essa sensação de alívio. Apesar de não ser pautado por tendência, a gente mora aqui, então eu não consigo imaginar que tenha um brasileiro que não esteja sentindo a diferença. E também a gente cansou de comercializar a nossa dor. Como eu disse, a nossa matéria-prima é a nossa vivência, naquele núcleo em específico com aquele corpo, somos três corpinhos. Eu imagino que as pessoas se identifiquem porque muitas pessoas têm o corpinho parecido com o da gente, seja lá como for. E acho que [o EP] depois da festa pavimentou esse terreno, a gente já dava alguns flertes de ter menos medo de arriscar. Acho que o zero coragem, apesar de ser uma faixa que fala sobre ter sido desacreditado e como a gente reage a isso, é pra cima. A gente estava a fim de fazer uma farofinha nossa. Mas eu sinto que nosso estudo do momento é entender como é que a gente, com as nossas personalidades, manifesta e descreve essa felicidade, de onde ela vem, como ela é. 


Vocês acreditam que isso se compara aos trabalhos passados? E na relação com o público, como vocês estão buscando levar isso para que as pessoas se identifiquem nessa nova fase?

Lio: Isso tem sido importante também que são muitas coisas inacreditáveis acontecendo com a gente. Quando a gente se coloca em perspectiva o nosso comparativo é sempre passado, né? Nosso passado. Acho que é o comparativo mais leal com a gente. Tipo, é uma tarde d segunda-feira, eu estou tomando uma Coquinha que eu comprei é uma realidade que não fazia parte da minha vida e agora há pouco estava arrumando a minha mala pro Texas, pensando em Angola, pensando no Lolla, olhando pro meu passaporte e imaginando que tudo que está acontecendo na nossa vida é um presente que foi que a música deu, então impossível a gente viver o ano que a gente vai viver e a gente ter vivido o ano passado, o ano que a gente viveu e não ficar rindo de idiota à toa, e eu me sinto assim, rindo à toa. Estou feliz.


Jean: A gente brinca muito entre nós o fato de que a gente está agora a nova lição na cartilha da tour é aprender a usufruir de acessos que a gente nunca teve e tratar isso com naturalidade, se compreender como um artista que funcionou, que deu certo, coisa do dar certo, né? A gente vive numa jornada tão grande de conseguir se estabelecer enquanto uma referência, enquanto uma artista que ficou né, que não foi embora há sete anos, quase oito e a gente segue aqui segue sendo observado, sendo ouvido. A gente não precisou em nenhum momento frequentar lugares hiper populares, não eram lugares que a gente mirava.

Falando em lugares, vocês sempre foram muito conhecidos pelos feats e ocupando espaços bastante pavimentados pelo trabalho de vocês. Como vocês buscam consolidar isso na música? 

Lio: Os nossos relacionamentos com artistas de outros gêneros providenciam uma sensibilização de um público que talvez naturalmente acontece, apesar da gente ter uma banda com um gênero tão complicado de classificar na palavra. Tipo a gente é muitas coisas com qualquer pessoa. E eu sinto que essas colaborações trazem novas pessoas e as antigas ficam, tem sido bonito de observar que apesar da gente ir transitando por muitos lugares as pessoas entendem o nosso discurso e quem se identifica permanece. Esse permanecer, essa longevidade de carreira é o que a gente sempre buscou. Entendo que talvez o jeito da gente se comportar, o jeito da gente compor, eu sei que o povo gosta, a gente também gosta. Não foge muito da identificação não, pra além dos momentos parecidos que todo ser humano vive na vida.


Lay: A galera permanece interessada, permanece querendo manter a conversa e o diálogo que a gente abriu pelas músicas. Quem fica faz o carinho de mostrar pra quem chegou como que é a casa, como que funciona a família, sabe? Tipo de se acostumar também. A galera que ouve a Tuyo e permaneceu é uma galera que conversa sobre aquilo, aí conversa sobre as músicas, vai com umas ideias. Nosso trabalho é sobre gente, sobre pessoas, sobre como a gente sente, como a gente nasce, como a gente morre, como a gente vive e faz um trilhão de lugares e deixa a gente muito livre também, é uma safadeza nossa. E a nossa turma que trabalha junto também providencia essa liberdade. Esse vai ser o nosso primeiro trabalho do ano mais expressivo com uma gravadora e tem sido muito gostoso frequentar esse lugar na contemporaneidade, tendo a liberdade que a gente tem pra fazer o que a gente quiser, escrever o que a gente quiser, do jeito que a gente quiser.

 

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