Obturário

Paulo Caruso: o homem que fazia o Brasil rir

Morto ontem em São Paulo, o cartunista Paulo Caruso desenhou o Brasil em charges e ilustrações que eram também crônicas da história do país

Mariana Saraiva
postado em 05/03/2023 03:55 / atualizado em 05/03/2023 07:37
 (crédito: Kleber Sales)
(crédito: Kleber Sales)

Um dos chargistas mais importantes do país, Paulo Caruso morreu ontem, aos 73 anos, em São Paulo. Ele estava no Hospital 9 de Julho, no Centro da capital paulista, há um mês e lutava contra um câncer no intestino, descoberto em 2017. O cartunista deixa cinco filhos, um neto e um irmão.

Paulo nasceu na capital paulista em 6 de dezembro de 1949. Era irmão gêmeo do também cartunista Chico Caruso. Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), Paulo não chegou a exercer a profissão. Preferiu mergulhar na arte do desenho de humor e sempre atuou como caricaturista, ilustrador, chargista e músico. Com um olhar perspicaz e muito inteligente, doou bom-humor em charges e caricaturas que não perdoavam as diversas crises econômicas e políticas enfrentada pelo Brasil.

A veia artística veio do avô. Paulo e Chico começaram a desenhar aos 5 anos e tiveram suas primeiras publicações na imprensa no final da década de 1960, durante a ditadura militar. O período marcou o trabalho de Paulo e o consagrou pelas sátiras políticas. Na última década, várias figuras e personalidades viraram charges na mão do paulistano.

Nas redes sociais, a morte do cartunista foi um dos temas mais comentados. "Paulo Caruso foi um grande desenhista e cronista político, com uma criatividade inesgotável, retratou com talento e consciência o dia-a-dia que constrói nossa história recente. O seu traço veloz e seu humor já são parte da memória nacional", lamentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também acrescentou que o chargista contribuiu com a luta pela democracia e pelo direito à liberdade de expressão do país em vários momentos críticos, como na ditadura.

Paulo Caruso começou a vida profissional no Diário Popular e colaborou com os jornais Folha de S.Paulo e Movimento. Caruso participava do programa Roda Viva, da TV Cultura, desde 1987. Sua última participação foi no dia 2 de janeiro, quando o programa entrevistou o ministro Rui Costa. Durante toda a transmissão, o cartunista realizava caricaturas do entrevistado nas quais destacava as frases de maior impacto ditas durante a entrevista. 

Em 1992, ele lançou o livro Avenida Brasil, no qual reuniu centenas de charges políticas publicadas em jornais e revistas. O foco, na época, era o presidente Fernando Collor de Mello. Caruso também é autor de As origens do Capitão Bandeira (1983), Ecos do Ipiranga (1984), Bar Brasil na Nova República (1986) e A transição pela via das dúvidas (1989). Além disso, escreveu também São Paulo por Paulo Caruso — Um olhar bem-humorado sobre esta cidade (2004), em homenagem aos 450 anos da capital.

Em 1985, no Salão de Humor de Piracicaba, no interior de São Paulo, o artista uniu a paixão pela música ao amor pelos cartuns e montou uma banda formada apenas por cartunistas. Ele também recebeu vários prêmios ao longo da carreira, entre eles o de melhor desenhista pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1994.

O velório de Paulo Caruso está marcado para hoje, mas será reservado apenas para a família e os amigos.

 

Notícias no seu celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:

 

 

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  •  O cartunista Paulo Caruso.
    O cartunista Paulo Caruso. Foto: Silvio Tanaka/TV Cultura
  •  O cartunista Paulo Caruso.
    O cartunista Paulo Caruso. Foto: TV Cultura/Divulgação
  • Inauguração da Fnac no Parkshopping. Cartunista Paulo Caruso. 9 jul. 2004.
    Inauguração da Fnac no Parkshopping. Cartunista Paulo Caruso. 9 jul. 2004. Foto: Aureliza Correa/Esp. CB/D.A Pres
  • Paulo Caruso e Chico Caruso sentados de costas um para o outro.16 mar. 1997. Primeiro Caderno, p. 8.13 nov. 2001. Guia, p. 8.28 ago. 2003. Caderno C, p. 8.
    Paulo Caruso e Chico Caruso sentados de costas um para o outro.16 mar. 1997. Primeiro Caderno, p. 8.13 nov. 2001. Guia, p. 8.28 ago. 2003. Caderno C, p. 8. Foto: Sergio Tomisaki
  • Cartunista Paulo Caruso no programa Quadrinhos, do Canal Brasil.
    Cartunista Paulo Caruso no programa Quadrinhos, do Canal Brasil. Foto: Gustavo Nasre/Divulgação

Sueli Costa, compositora da nata da MPB

 (crédito: Paulo Bambu Cunha/Divulgação)
crédito: Paulo Bambu Cunha/Divulgação

Autora de músicas como Vida de artista, Cão sem dono e Jura secreta, a compositora Sueli Costa morreu ontem, aos 79 anos. Reconhecida como uma das compositoras mais importantes da MPB, ela teve canções gravadas por Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Gal Costa, Elis Regina, Nana Caymmi e por boa parte das vozes mais significativas da música brasileira.

A morte foi divulgada pela sobrinha de Sueli, Fernanda Cunha, que canta os sucessos da tia em um dos últimos álbuns lançados pela compositora. Sueli Costa convida Fernanda Cunha e Áurea Martins chegou ao mercado em 2018 e foi lançado com um show no Rio de Janeiro que marcou a volta de Sueli aos palcos após um hiato de cinco anos.

Pianista, Sueli começou a compor com a bossa nova, nos anos 1960, quando teve músicas gravadas por Nara Leão. Na década seguinte, veio o reconhecimento de boa parte da classe artística brasileira e Sueli passou a compor para os cantores mais famosos do Brasil. São dela sucessos como Alma, Face a face, Falando sério, Amor amor, Primeiro jornal, Rosa vermelha, Coração ateu e 20 anos blue.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE