Super Só é um herói às avessas. Está mais para maldição. Por onde passa, causa estrago. Relacionamentos se desfazem, mortes ocorrem, desentendimentos causam dor e sofrimento. E quando ouvem falar que o tal andou pelas entrequadras do Plano Piloto, Otacílio, Drielly, Marienilde e Fred se assustam. A narrativa criada pela atriz e dramaturga Miriam Virna conduz o fio de Super Só, em cartaz de amanhã (3/3) a domingo no Teatro da Caixa Cultural.
Escrita em forma de musical, com canções compostas pela própria Miriam, a peça fala do desejo do encontro e da solidão em um espaço urbano habitado por personagens bastantes comuns. Vividos por Elisa Carneiro, Otacílio e Drielly são, respectivamente, zelador e operadora de marketing, enquanto Lupe Leal dá vida a Marienilde e Fred, ela balconista de armarinho, ele um complexado com fobia social. "São quatro pessoas com profissões simples, dramas simples do cotidiano, e todas passam por esse drama do desencontro, da solidão. O cenário é uma comercial típica de Brasília", explica Miriam.
Ela conta que escreveu as músicas quando morava no Rio de Janeiro, há mais de sete anos. "Diante das circunstâncias da vida, aquilo foi muito forte para mim", lembra a atriz, que tem formação teatral e um pouco de aprendizado musical. "Peguei o violão e comecei a compor canções. E sempre que tocava essas canções, as pessoas falavam que tinha que fazer uma peça, porque elas têm uma natureza muito teatral, são narrativas, contam uma história, têm personagem, humor", lembra a atriz, que contou com a parceria de William Ferreira na direção e patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) para colocar o projeto no palco.
Super Só estreou em 2017, foi encenada em Planaltina durante o Cena Contemporânea, passou por apresentações em São Paulo e Belo Horizonte e, agora, após quase três anos de pandemia e interrupções de temporadas, chega ao Plano Piloto. "Essa peça é muito Brasília, muito o espírito da cidade. Primeiro pela própria paisagem. E a gente fala da cidade, cita Sobradinho, o Guará. O cenário é minimalista, com linhas retas, tudo muito pensado, muito limpo, tem um pouco de vazio", diz Miriam.
Assim como o espaço que evoca a capital federal, os personagens são inspirados por brasilienses. "Mas isso não significa que não seja uma peça universal, porque fala de aspectos universais como o desejo do encontro e nossos pequenos dramas. É isso que me interessa, nossa poesia do cotidiano. E quem senta pra assistir tem que estar disposto a abrir uma percepção delicada. É uma peça para rir, se emocionar e enxergar. E nesse se enxergar no palco, a gente consegue compartilhar", garante Miriam Virna.
Super Só - Direção: William Ferreira e Miriam Virna. Texto: Miriam Virna. Com Elisa Carneiro e Lupe Leal. Amanhã (3/3) e sábado (4/3), às 20h, e domingo (5/3), às 19h, no Teatro da Caixa Cultural (SBS, Qd 4). Ingressos: R$ 20, na bilheteria do teatro. Recomendado para maiores de 14 anos.
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