Jornal Correio Braziliense

Cinema

A alta qualidade dos filmes dos Países Baixos ocupa o Cine Brasília

Com acesso livre, mediante retirada de ingressos, Festival do Cinema Neerlandês será até sexta-feira, no Cine Brasília (EQS 106/107)

Se alguma vez houve clima de disputa entre a produção de cinema dos chamados Países Baixos e os filmes brasileiros, isso ficou para trás, no campo da disputa do Oscar. Nos anos 50, filmado no Brasil, Orfeu Negro venceu o Oscar pelo qual disputava o filme holandês The village of the river; em 1996, o longa holandês A excêntrica família de Antonia venceu a estatueta disputada pelo nacional O quatrilho, e, dois anos depois, Caráter (também holandês) derrotou o brasileiro O que é isso, companheiro?. Com todo este histórico de jocosa rixa à la futebol, as duas pátrias se encontram, a partir desta segunda (13/2), com o Festival do Cinema Neerlandês, que tem entrada franca no Cine Brasília (EQS 106/107). Vale mencionar, que a Holanda ainda levou o Oscar de 1987, com o longa O ataque, e ainda recebeu indicações, no passado, em 1975 e 1976.

Numa parceria entre o Cine Brasília, a embaixada do Reino dos Países Baixos e a Secec (DF), cinco filmes serão apresentados, sempre às 20h30, com acesso livre, mediante retirada de ingressos, uma hora antes de cada sessão. Diretor de amplo trânsito em Hollywood, com êxitos como Robocop e Instinto selvagem, o diretor holandês Paul Verhoeven (que, em 1973, disputou o Oscar com a produção Louca paixão) lidera o primeiro filme da maratona: A espiã, centrado numa personagem feminina forte a exemplo das vistas nas recentes produções dele Elle e Benedetta, ambas dele. Exibido nesta segunda (às 20h30), A espiã é detido na vida da personagem Rachel (Carice van Houten, a Melisandre de Game of thrones), uma judia, que, perdida numa corrente de traições, tem que decidir de que lado de um confronto estará, uma vez que se vê apaixonada por um militar alemão, que executa ataques a compatriotas dela. Na terça-feira (14/2), a atração será O número 10 (2021), thriller assinado por Alex van Warmerdam, em que um ator quarentão, Günter, se vê inesperadamente intrigado com o passado, uma vez que há questão pendente com sua adoção.

The Paradise suite, atração da quarta-feira, na mostra, foi o filme pré-selecionado à vaga no Oscar de melhor filme internacional, em 2016. O longa, recomendado apenas para maiores de 18 anos, trata de uma série de conexões insuspeitas, entre gama de personagens que, vindos do exterior, chegam à cidade de Amsterdã. No caleidoscópio, há o africano com problemas financeiros, uma rede de prostituição, em que moças são iludidas pelas falsas promessas de ensaio fotográfico, e há ainda o personagem sueco cujo filho está perdido. O filme é conduzido por Joost van Ginkel.

Estrelado por Yfendo van Praag, ator central que empresta parte da vida real ao roteiro do longa de Flynn Von Kleist, o recente filme Eu não quero dançar (2021), atração de quinta-feira (16/2), explora o mundo das artes. Um dançarino, que tem uma mãe extremamente problemática, deve escolher entre a carreira ou se afundar em fortes dramas pessoais da família dele. Finalmente, a programação da sexta traz a comédia Soof — Lições de amor, de Antoinette Beumer. Na fita, a estabilizada vida de uma mulher que beira os 40 anos é posta em dúvida. Mãe de três filhos, e casada, subitamente, a mulher se vê estimulada a ir além da vida aparentemente completa que ela leva.