Nessa saga de bar em bar, de mesa em mesa, Pabllo Vittar mostrou do que uma noite é feita em seu novo trabalho. Com Noitada, quinto álbum de estúdio lançado nesta quinta-feira (9/2), a drag queen apostou em apelos visuais e em todos os gêneros sonoros que a circundam desde o começo da carreira, mas de forma consolidada, além de participações de Anitta, Gloria Groove, MC Carol, O Kannalha e MC Tchelinho.
“Eu sou da noite, eu pertenço à noite, assim como eu pertenço a você. Eu pensei muito em vir te ver e agora que eu estou aqui, eu não vou desistir”, fala Vittar no começo do disco. A faixa inicial faz transição impecável para os hits já conhecidos AMEIANOITE, com Gloria Groove, lançado como single no ano passado e com mais de 18 milhões de acessos no Spotify, e Descontrolada, com participação de MC Carol.
O que muitos aguardavam, de fato, era a presença de Anitta. A cantora de Honório Gurgel faz participação no interlúdio Calma amiga, junto com DJ RaMeMes, e em Balinha de coração. A última, contudo, apresenta um potencial de atingir os topos das paradas com um quê de "isso vai bombar no tiktok". A canção não explora tanto as densidades vocais de Pabllo e Anitta, mas remete a boas lembranças de 2017, quando o hit Sua Cara foi lançado. O rolê segue com Derretida, na qual os melismas clássicos da cantora são enaltecidos, embora não tenham tanto holofote no restante do álbum.
Penetra, faixa com parceria de Kannalha, e Apetitosa, com MC Tchelinho e DJ Tonis, representam a identidade cultural de Vittar. A artista maranhense se joga no pagodão baiano e no funk sem ladainhas ou apropriação e abre espaço para nomes poucos conhecidos nacionalmente, dando uma verdadeira aula de Brasil.
Na penúltima faixa, Culpa do cupido, o refrão resgata duplo sentido com um instrumental de forró estilizado, apresentado como bom resquício do Batidão Tropical (2021). O álbum se encerra com After, mostrando que sempre tem mais depois da festa.
O que a artista trouxe em Batidão Tropical foi sua base, com referências do forró e do tecnomelody, especialmente de grupos emblemáticos como Companhia do Calypso. Já Noitada é, de fato, um pilar de tudo o que a torna singular. Apesar das faixas curtas, com apenas 22 minutos, Vittar faz por onde ser cotada nos sets das baladas e firma mais uma vez o posto de uma das artistas queer mais aclamadas da música brasileira.
A premissa da experiência em uma pista de dança é nítida em A noitada. Deixa o ouvinte com aquele gostinho de querer mais, como uma troca de olhares no meio de uma festa que dá abertura a tantas possibilidades. A expectativa de um arco narrativo para a tal noitada do título, com início, meio e fim, não se realiza. Mas o que seria de um rolê desse se a gente não lembrasse de metade do que aconteceu? Pois bem, por isso Pabllo Vittar trouxe esse disco para recordar o que uma bela noitada pode ser.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
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