Teatro

Exposição de Mila Petrillo reúne imagens da carreira de Hugo Rodas

Exposição de Mila Petrillo, na área externa da Torre de TV, reúne imagens do diretor brasiliense realizadas ao longo de mais de 20 anos nos palcos e teatros de Brasília

Nahima Maciel
postado em 11/02/2023 06:00
 (crédito: Fotos: Mila Petrillo/CB/D.A Press)
(crédito: Fotos: Mila Petrillo/CB/D.A Press)

Foram mais de três décadas com a câmera pendurada no pescoço à espreita dos movimentos de Hugo Rodas. Quando Mila Petrillo começou a fotografar o teatro feito pelo diretor, em 1985, ela cobria cultura para o Correio Braziliense. Mila fotografava os espetáculos e ensaios, mas também reservava momentos para captar o próprio Rodas em retratos e registros em plena ação. São essas imagens que ela mostra agora na exposição Totem para Hugo Rodas, na área externa da Torre de TV. Com um total de 38 fotografias exibidas em totens à prova de sol e chuva, Mila pretende fazer uma homenagem ao diretor e dar ao público um vislumbre de como trabalhava e de quem era o uruguaio que escolheu Brasília para construir parte da história do teatro brasileiro.

  • O ator em cena: muitas parcerias em Brasília Mila Petrillo
  • As imagens de Hugo Rodas estão materializadas em totens Mila Petrillo
  • Mila acompanhou a trajetória de Hugo a partir da década de 1980 Mila Petrillo

Os registros selecionados por Mila foram realizados entre 1985 e 2005. Ela conta que Rodas foi a primeira pessoa que conheceu em Brasília, antes mesmo de se mudar para a cidade, durante uma passagem pelo Beirute. “O Hugo tinha esse espírito dionisíaco extremamente livre, a arte dele era uma arte livre e celebrativa e, ao mesmo tempo, dramática. O Hugo permeou quase tudo que se fez em teatro e dança em Brasília porque trabalhou em parceria com quase todo mundo”, explica Mila. “Ele se misturou, interagiu com as mais diferentes linguagens do teatro e da dança, trabalhou com personalidades artísticas tão diferentes, de uma formalidade estética, como os irmãos Guimarães, a uma dança emocional dramática, como a de Norma Lília. Ele tinha essa capacidade criativa de entrar e transformar, enriquecer todas essas linguagens de todas essas pessoas.”

Para a fotógrafa, o formato idealizado para a exposição carrega uma simbologia. “Eu achei inspirador essa ideia de ser num totem porque o Hugo é um Dionísio e os totens são representações do sagrado, então achei que era uma referência legal. Ele é nosso Dionísio candango”, diz Mila. Ela conta que tinha uma parte das imagens organizadas graças a uma pesquisa realizada no próprio acervo para fazer o livro Ato: teatro e dança por Mila Petrillo, publicado em 2019 e dedicado aos espetáculos que fizeram a história do teatro e da dança no DF. “Foi um mergulho de quase dois meses procurando imagens em negativos. Tinha fotos que não me lembrava que tinha”, garante. O Correio Braziliense cedeu duas imagens para a exposição.

A fotógrafa revela que ainda faz planos de se aprofundar nessa pesquisa da qual pode, eventualmente, emergir um livro dedicado ao diretor. “Essa exposição tem até um bocado de fotos, mas sei que tem mais, então quero ir atrás desse material com mais tempo”, diz. Além de retratos e fotos de ensaios com Hugo Rodas dirigindo os espetáculos, há alguns registros memoráveis entre as imagens selecionadas por Mila, como um encontro com José Celso Martinez Correia e outro com Antônio Abujamra, ícones da dramaturgia nacional.

Os totens da Torre de TV têm dimensões de 1,75X1,25 mas, em alguns, há mais de uma imagem. Todos estão expostos ao ar livre e são iluminados, à noite, graças à energia solar captada durante o dia. As fotos são adesivadas em acrílico e o totem protege completamente da chuva e do sol.

Hugo Rodas morreu em abril de 2022, após anos de luta contra um câncer Uruguaio, ele chegou ao Brasil em 1975 para participar do Festival de Inverno de Ouro Preto. A ditadura instalada no país natal fez o então ator decidir ficar no Brasil. Em Montevidéu, capital do Uruguai, Hugo já trabalhava com o movimento de teatro independente da década de 1970. No mesmo ano em que decidiu ficar no Brasil, ele foi convidado para realizar um workshop em Brasília e, quando se deparou com a modernidade e a utopia que pairavam na cena brasiliense naquela década, resolveu ficar no Planalto Central.

No ano seguinte, Hugo fundaria o Grupo Pitú, com o qual montaria peças que se tornariam emblemáticas, como Os saltimbancos. Em 1989, ele ingressou como professor visitante. Ao longo dos anos, fundou algumas companhias de teatro, como a Agrupação Teatral Amacaca (ATA), Teatro Universitário Candango (TuCan), da Universidade de Brasília (UnB), e Companhia dos Sonhos. Com a coreógrafa e bailarina Norma Lília, Hugo realizou vários espetáculos, entre eles A casa de Bernarda Alba, A teia e Salomé. Neste último, a bailarina Ana Botafogo era a protagonista. Muitas gerações de atores passaram pelas aulas e grupos fundados por Hugo Rodas, que acabou por fazer parte da história do teatro de Brasília.

Totem para Hugo Rodas

Fotos de Mila Petrillo. Visitação até 11 de abril, diariamente, na Torre de TV

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias no celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Caso tenha alguma dificuldade ao acessar o link, basta adicionar o número (61) 99666-2581 na sua lista de contatos.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE