No ano em que, na esfera do Oscar, Steven Spielberg, 76 anos, crava a 22ª indicação, com o filme mais pessoal que já fez (Os Fabelmans), esse diretor das fantasias e aventuras juvenis, indissociável ao cinema moderno, ganha uma retrospectiva de 31 filmes, a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A capacidade de iludir, em Spielberg, é uma senha para o mundo do cineasta, por vezes, dono de um imaginário semelhante a Walt Disney: há desde o menino-robô que luta por uma identidade humana ao mundo dos dinossauros, postos em perigo, pelos humanos; passando pelo rapaz que não pretende crescer (em Hook) e desembocando no horror do preconceito racial (casos de Amistad e A cor púrpura). Isso sem contar com os perigos nos céus, terra e mar — num pacote de referências a filmes como Império do Sol, A lista de Schindler (com o qual instruiu quase 75% das crianças norte-americanas sobre a existência do Holocausto) e O resgate do soldado Ryan.
Integrante da segunda geração da Nova Hollywood, dos cineastas com "estilos pessoais", ao lado de baby boomers como Martin Scorsese, George Lucas, Terrence Malick e Brian De Palma — como ressalta o escritor Peter Biskind, no livro Como a geração sexo, drogas e rock and roll salvou Hollywood —, Spielberg é sinônimo de perpétuo lucro: só no mercado americano, E.T. — O extraterrestre (1982) rendeu US$ 220 milhões. John Milius, colega de profissão, naquele livro relembra que "Spielberg estava sempre falando sobre bilheteria e renda". Afora cifras, E.T. traz modelo de uma obsessão do diretor: colocar seres (que não humanos) numa tentativa de "integrar os homens", como foi o caso do animal enfiado na Primeira Guerra Mundial, Cavalo de guerra (2011).
Vencedor de prêmios máximos como o Irving Thalberg (conferido pela academia que vota o Oscar) e o Cecil B. DeMille (da patota do Globo de Ouro), o sentimental Spielberg ama impulsionar enredos de solitários que se tornam vencedores e ainda luta, na tela, para harmonizar elementos como ciência e sentimento.
Em 1969, a troca da universidade pela prática no audiovisual se deu com o ingresso de Spielberg na tevê, por meio de contrato com os Universal Studios. O feito veio em função de uma fita, em 35mm, possibilitada por empréstimo de US$ 10 mil: Amblin (1968), sobre caroneiros em viagem com toques amorosos. As investidas em fitas que traziam aparatos tecnológicos e abordagens sobre reconstrução lixo eletroeletrônico devem algo ao passado do mestre, cujo pai era engenheiro de software, ligado a empresas como RCA e IMB. Sagitariano, Spielberg, aliás, deve muito à família que estimulou o nerd ("tímido e inseguro"), capaz de se manter à distância do desbunde da era dos hippies, nas investidas dos filmes de guerra, em Super-8, feitos com colegas amadores.
Passado meio século desde a feitura de Louca escapada (1974), aos 26 anos, Spielberg ainda padece, como alardeia, com a sina que cercou o personagem cineasta (Woody Allen) de Memórias (1980), volta e meia, apto a escutar, pelas ruas: "Nós gostamos de seus divertidos primeiros filmes". Nada mal para o criador de Tubarão, antevisto por George Lucas, nos storyboards, como "maior sucesso de todos os tempos", e que seguiu estrada surpreendente em filmes que beberam de cartoons de Chuck Jones e das animações de Disney, como Os caçadores da arca perdida (1981), E.T e As aventuras de Tintim (baseado em Hergé).
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