Música e futebol

Rockgol comemora 25 anos da tabelinha entre música e futebol

O Rockgol, programa conhecido da época de MTV, retorna para uma edição comemorativa de 25 anos com uma mistura de nostalgia e futuro da música em campo

Pedro Ibarra
postado em 05/02/2023 09:01
 (crédito: Instagram/Reprodução)
(crédito: Instagram/Reprodução)

O brasileiro tem três grandes amores: festa, música e futebol. Em 1998, Paulo Bonfá e Marco Bianchi viram muito potencial nos gostos brasileiros e decidiram uni-los em algo único na televisão brasileira, que nomearam de Rockgol e era transmitido na MTV. Em 2013, o especial infelizmente foi encerrado, mas este ano, 10 anos depois, está de volta. Bandas de todo o Brasil mostrarão que têm bola no pé no Rockgol 25, que, como o nome diz, comemora 25 anos.

Paulo Bonfá e Marco Bianchi voltaram para o evento que, desta vez, foi transmitido pela plataforma TikTok na tarde de ontem. Os jogadores foram uma mescla dos que já são velhos conhecidos do público com caras novas da música brasileira. Ou seja, Cléston, Nasi, Max Telefone de Contato e Tiozão do Churrasco estão de volta e dividirão as quatro linhas com novos nomes como os meninos da Jovem Dionísio, o trio Tuyo, Vitor Kley, Clara x Sofia e Gabily. Nomes que viveram o final dos tempos do especial como Fresno e Di Ferrero estão de volta, mas o evento dá espaço para a atualidade, convidando influencers como Natália Arcuri, Cerol, Milene Domingues, Raquel Freestyle, Nobru, Matheus Costa e Julio Cocielo. Jornalistas esportivos, como Benjamin Back e Caio Ribeiro, comediantes, do calibre de Rafael Portugal e Marco Luque, e nomes do audiovisual como Dan Stulbach, Hermes & Renato, Choque de Cultura e Barbixas, também farão parte do elenco convidado.

O vocalista do Matanza e figura histórica do Rockgol comemora ainda estar vivo para ver o programa de volta mesmo que em outro formato. "Acho que o mais legal foi estar vivo para sentir essa nostalgia, né? Por algumas vezes eu achei que não fosse durar tanto, mas, piadas à parte, foi lindo demais", brinca. "Os velhos babões como eu puderam aproveitar ao máximo uma brincadeira que acabou virando parte do anedotário da música brasileira", complementa o músico que abraçou as mudanças e ainda assim amou. "Faltou gente, mas o espírito do evento estava lá, e isso que importa", diz.

Vivendo o exato oposto, a banda Jovem Dionísio ganhou a possibilidade de jogar o campeonato que só assistiam pela televisão. "Para a gente é uma honra estar no Rockgol, porque eu assistia o programa quando era pequeno, principalmente as reprises dos jogos e os melhores momentos, quando migrou para o YouTube", lembra o vocalista Belni que faz questão de citar as recordações mais marcantes. "Adorava ver o Supla no Rockgol, porque ele era um jogador absurdo. É incrível agora poder reencontrar figuras que ficaram eternizadas na história do evento", comenta.

Mesmo estreando na famosa pelada a banda curitibana não tirou o pé. "As expectativas estão extremamente altas, os treinos cada vez mais violentos. O Ber Hey (tecladista) me contou que está fazendo mil abdominais por dia, na preparação para o Rockgol. Fufa (guitarrista) aqui do lado está falando que fez 10 mil embaixadinhas seguidas", afirma Belni em tom de brincadeira. "O treino está intenso e a mente focada para o jogo, não tem para ninguém", pontuou o artista que antes do jogo estava na expectativa de que a banda chegasse a marca de mil gols apenas nesta edição.

Contudo, não há ninguém melhor que um dos criadores para falar sobre o evento. Ao Correio, Marco Bianchi destrinchou a edição especial Rockgol 25, com todos os sentimentos, saudades e gols que esse programa trouxe neste retorno.

Entrevista // Marco Bianchi

Como vocês estão sentindo o retorno ao Rockgol? Como é reviver as memórias?

Tem sido comovente e gratificante. Porque estamos revalorizando algo pioneiro e que segue relevante, 25 anos após o início do nosso trabalho na MTV. Vale sempre dizer que o Rockgol da MTV Brasil começou antes e terminou depois de nossa estada na emissora. E que o evento sempre foi fruto de um imenso esforço coletivo ao qual nós, os apresentadores do projeto, somamos nossos empenhos e capacidades. Sou grato a todos que foram, aqui e ali, em maior ou menor medida, parte do processo de desenvolvimento do formato.

O tempo passou, o Rockgol parou, mas nunca foi esquecido. Como você lidava com os pedidos para o retorno do evento/programa?

Estamos e sempre estivemos afinados com o espírito do torcedor comum, que tem no futebol uma fonte de recreação e descontração. E o público sempre retribuiu e retribui essa sinergia com generosidade. É o reconhecimento dessas pessoas, em especial daquelas que se deixaram seduzir pela graça dos nossos programas, que nos motiva a ir adiante na carreira. E já dizia minha tia-avó freira que "graça é coisa divina"!

Quem você acha que vai fazer falta nesse retorno? Quais das grandes figuras você sentiu saudade?

Tanto tempo depois, é natural que não seja possível repetir todos os personagens de nossa trajetória que mistura humor e futebol, nessa ordem. Somos nós e as nossas circunstâncias, né? Vou sentir especial saudade dos dribles fluentes do Supla, dos chiliques do Toni Garrido, dos árbitros fanfarrões e, talvez, do Bola na Fogueira, um célebre quadro de perguntas capciosas com esportistas e personalidades diversas.

O TikTok como parceiro tem um caráter legal. Vocês vão conversar com a geração que já os acompanhava e com um novo público. Como é esse processo para vocês?

Se a gente quer falar com as pessoas vai se adaptar a elas, é sempre gentil com o interlocutor que o emissor de uma mensagem saiba construir e transmitir conteúdos de forma competente. Ao mesmo tempo, não se pode perder a identidade, a naturalidade, pois, sem isso, não há bom humor que convença. A evolução de Darwin se faz assim, com o conhecimentos dos mais velhos e o interesse dos mais jovens. Que prevaleçam os melhores genes desse universo.

Ainda sobre gerações, o público viu a ascensão da Supercopa Desimpedidos fazendo algo similar ao Rockgol. Vocês imaginavam que fariam escola?

Dizemos que não há vácuo de poder, com razão, pois há sempre por aí figuras atentas às oportunidades que se mostram promissoras e iminentes. A MTV largou o osso ainda novo e alguém mais acordado quis mastigar, hehehe… a diferença é que, na mistura dos Desimpedidos, tem futebol e entretenimento, não necessariamente humor. Porque todo humor é entretenimento, mas nem todo entretenimento é humor.

O tempo passou e o rock mudou. Como é fazer o Rockgol em tempos em que o rock não é mais o foco?

A gente se apega às possíveis conotações do termo rock… espírito de ousadia, irreverência, contestação… Mas não vejo tanta relevância na escolha do nome da proposta televisiva/audiovisual se ela for vanguardista e puser o humor como prioridade, à frente do esporte.

O elenco desse ano tem adições interessantes. Como foram feitos os convites?

O grande responsável pela exposição Rockgol25 e pelos desdobramentos dela é o jornalista e farsante Paulo Bonfá. Sou apenas humorista, já ele é mais versátil, atua com desenvoltura como empreendedor cultural, empresário, administrador, modelo, atriz… Fiquei abismado com a quantidade de figuras ímpares reunidas na mesma jornada! Pois é, televisão se faz assim, com grandes equipes e grandes profissionais de todos os ramos.

Colaborou Anajú Tolentino

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  • Supla e Toni Garrido, figuras lendárias de edições mais antigas do Rockgol
    Supla e Toni Garrido, figuras lendárias de edições mais antigas do Rockgol Foto: MTV/Reprodução
  • Jimmy London, 
famoso por ser brigão 
no Rockgol
    Jimmy London, famoso por ser brigão no Rockgol Foto: Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press
  • Jovem Dionísio, 
estreantes 
do Rockgol
    Jovem Dionísio, estreantes do Rockgol Foto: Fotos: Sofia Romani/Divulgação; Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press e Instagram/Reprodução e MTV/Reprodução
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