O cineasta iraniano Jafar Panahi foi solto sob fiança após iniciar uma greve de fome. A prisão do diretor está relacionada ao cumprimento da sentença a que foi condenado em 2010, por apoiar o candidato da oposição nas conturbadas eleições do ano anterior. Na ocasião do aprisionamento, ele fora ao tribunal acompanhar a detenção, também motivada por divergências políticas, do colega de ofício Mohammad Rasoulof e acabou preso em flagrante.
Jafar Panahi mobilizou grande parte da comunidade do cinema internacional em seu favor. Como parte da condenação, o diretor ficaria 25 anos sem poder filmar, mas conseguiu produzir cinema na clandestinidade e até contrabandeou muitos de seus filmes para os grandes festivais internacionais. A condenação teve claras motivações políticas e faz parte de um panorama de perseguição a opositores do regime iraniano, que também deteve o diretor Mostafa Aleahmad.
O Irã teve a crise política agravada pelos recentes protestos de setembro contra o conservadorismo e autoritarismo do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, no poder desde 1989. Os últimos atos foram motivados pelo assassinato de Mahsa Amin, que supostamente não teria utilizado o véu hijab da maneira exigida. Desde os últimos levantes, o regime condenou 14 manifestantes à morte.
Panahi tem uma carreira muito respeitada, vencendo alguns dos maiores prêmios de cinema do mundo: os de Cannes, Berlim e Veneza. Seu último filme, No bears, esteve entre os selecionados da premiação veneziana.
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