Mais maduro, Dilsinho volta às inéditas no projeto 'Diferentão'

Ao Correio, Dilsinho fala sobre o lançamento do projeto 'Diferentão', um DVD ao vivo que marca uma nova e mais madura fase na carreira do pagodeiro

Dani Valverde/Divulgação

"Apareci no meio do pagode e ninguém entendeu nada /Camisa do nirvana, tênis velho e uma calça jeans rasgada", canta Dilsinho na faixa Diferentão. Essa é a energia que o pagodeiro transmite no novo projeto audiovisual da carreira. Este é o primeiro trabalho solo com músicas inéditas nos últimos dois anos e tem como nome justamente a característica que o pagodeiro quer deixar clara: Diferentão.

O projeto teve o primeiro volume já divulgado nas redes sociais e  está disponível nas plataformas de streaming. Até o momento são seis faixas entre novidades e regravações de canções que fizeram sucesso na própria trajetória. Chamam atenção a música-título, uma mistura das canções Porre e Trovão, a faixa dedicada para a esposa e filha chamada Duas e Ela ou Eu. A última até ganhou vídeo diretamente do DVD no canal do YouTube do cantor. O segundo volume ainda não tem previsão para ser lançado.

O cantor acredita que o DVD inaugura uma nova fase da carreira e para esta fase, ele quer mostrar o que tem de diferente. "Diferentão sou eu. Eu tenho uma inquietude muito grande, tem dias que quero cortar o cabelo, tem dias que quero pintar o cabelo, deixar a barba e tem dia que não quero nada disso. Esse sentimento reflete artisticamente, eu sempre gostei do novo e diferente", conta Dilsinho em entrevista ao Correio. "O intuito desse álbum é justamente me apresentar para as pessoas, me abrir e mostrar como eu vou para o pagode, sim, com a camisa do Nirvana", complementa.

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Dilsinho se sente mais solto para dar as próprias credenciais ao público que já o acompanha há quase 10 anos. "O nome justifica todas essas perguntas que as pessoas fazem sobre o que eu sou. A ideia do "diferentão é  ter oportunidade de ser o que  quiser", explica. "Eu acho que não existe uma fórmula ou uma receita de como um músico deve ser. Eu nunca tive esse pensamento, sempre tive uma liberdade artística muito grande e meus fãs sempre toparam, o que é muito importante", agradece o músico. "Eu nunca me privei de fazer uma coisa porque era diferente. E no final tudo isso desaguou nesse novo DVD. Pude mostrar para as pessoas que o Dilsinho é diferente, mas que é legal", completa.

Um outro fator dá um sabor especial para este lançamento do cantor. Essa é a primeira vez que ele divulga um trabalho novo deste tamanho desde o nascimento da primeira filha, a pequena Bella, de pouco mais de 1 ano de idade. "É o meu primeiro projeto já pai, minha filha sabe cantar uma coisa ou outra. Fico pensando se vai ser o primeiro que ela vai lembrar. Isso cria uma responsabilidade maior", avalia o pagodeiro que dedica a música Duas para ela e para a esposa, Beatriz Ferraz, o que é um grande passo para Dilsinho. "Há tempos não tenho tanta coragem de falar de mim, de abrir um pouco da minha vida pessoal", comenta.

O conjunto de sentimentos, profissionalismo e maturidade virou o Diferentão, um projeto que o próprio Dilsinho classifica como um dos mais importantes da carreira até o momento. "Eu tenho certeza que de todos os projetos que eu já gravei esse é repertório mais assertivo. Independentemente de ser sucesso ou não, porque isso está na mão do público, esse é um dos projetos mais coerentes comigo", comenta o cantor. "Eu justifiquei muito bem quem eu sou, fora a estrutura de palco, luz, banda, que é muito grande. Todo conteúdo que está passando ali foi muito bem pensado", acrescenta. "Esse projeto tem uma responsabilidade grande, é um dos projetos mais importantes da minha carreira e eu espero que o público sinta essa energia que está bonitão", conclui.

Um exemplo no pagode

No final de 2023, Dilsinho se torna ainda mais o veterano na cena do pagode nacional. Ele completa 10 anos de carreira. Já muito consolidado no mercado, o cantor vê a importância que teve para a atual cena do gênero, que se nacionalizou como poucas vezes antes. O pagode está em todos os lugares, está na boca do povo e muito porque lá em 2013 o Dilsinho começou a trajetória para bombar no pagode.

Atualmente, ele percebe como foi importante ter feito parte disso, mas não foi algo que sabia desde o princípio. "No começo,  nem sabia direito que eu e Ferrugem estávamos puxando uma nova geração. Na hora, a gente não pensa tanto, você só quer fazer um som próprio e ver as pessoas ouvindo", afirma o cantor que diz perceber que agora é uma responsabilidade maior. "Depois que você entende que você está refletindo na criação dos novos artistas, na personalidade musical daquele momento você fala: 'putz, eu to influenciando outras pessoas'", explica.

Dilsinho vê que agora faz parte de um movimento muito forte e unido. "Nunca penso só Dilsinho. Não existe Dilsinho sem Menos é Mais, que não existe sem Ferrugem, que não existe sem Thiaguinho e por aí vai. Tem uma unidade ali, não existe um movimento de uma pessoa só, a gente precisa um dos outros", pontua o artista que vê um novo ano próspero para o pagode. "2023 vai ser um dos maiores anos para o nosso segmento. Os artistas estão crescendo e se consolidando, os escritórios estão se organizando, as músicas estão refletindo o mundo em que vivemos. Além disso a gente tem projetos fortes como o Numanice, Tardezinha, Churrasquinho do Menos é Mais, Resenha do Mumu e  Juntos, que gravei com o Sorriso Maroto e entraremos em turnê de novo em 2023", diz.

Ele acredita que com a própria influência pode levar o pagode mais longe, tanto que fará a primeira turnê internacional em 2023, quando passará por Portugal e Angola. "Eu quero sempre levar minha música para mais pessoas, quero que cada vez mais gente goste de pagode", clama. "Espero que eu continue sendo uma referência como Sorriso Maroto é para mim, como o Péricles é para mim e que isso vá passando entre os anos e os meus projetos. Que eu não seja um artista de 15 segundos, que eu possa viver para sempre disso, que é o que amo e sei fazer", almeja. "Espero que minha filha tenha muito orgulho de mim daqui a algum tempo", finaliza.