A pós conviver com dificuldades nos últimos dois anos, o Clube do Choro retoma as atividades em 2023 vislumbrando boas perspectivas, com a realização de quatro projetos, que vão abrir espaço para artistas das cenas musicais brasiliense e brasileira, de estilos diversos, a partir do próximo fim de semana.
Por conta da pandemia, entre março de 2020 e o primeiro semestre de 2022, o Espaço Cultural do Choro, com capacidade para 400 pessoas, não pode ser utilizado. Assim, ao resgatar sua programação, a instituição passou a desenvolvê-la na área externa — onde funciona o Café Musical — ocupando a sala de espetáculos apenas nos últimos meses do ano passado, quando recebeu, entre outros, o grupo pernambucano Quinteto Violado e o cantor e compositor baiano Xangai.
O projeto inicial é o Prata da Casa, que tem na estreia, sábado, às 21h, o grupo Sr. Gonzales Serenata Orquestra. Os que vêm a seguir vão reverenciar, entre março e junho, o centenário de Waldir Azevedo, o mestre do cavaquinho; e, no segundo semestre, os 110 anos de Vinicius de Moraes, um dos criadores da Bossa Nova.
Em entrevista ao Correio, Henrique Santos Filho, o Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro, comentou sobre os problemas que a instituição enfrentou no período de dois anos, determinado pela pandemia e o descaso com que a cultura foi tratada; falou sobre os projetos que serão realizados; saudou a chegada de novos tempos no país e adiantou que tem uma reunião agendada com a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Entrevista com Reco do Bandolim
Que avaliação faz da temporada do Clube do Choro em 2022?
Tivemos um ano difícil por conta do descaso com que a cultura foi tratada pelo governante de plantão, somado com o reflexo da covid-19, que contribuiu para inviabilizar parte das nossas atividades. Fomos salvos pela BBSeguro e pela parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil, que possibilitou a realização do projeto Brasília 60 Anos de Choro. Vínhamos de quase dois anos com muitos problemas.
Já existe algo programado para este ano?
Vamos iniciar nossas atividades com o projeto Prata da Casa, que abre espaço para os instrumentistas, cantores e cantoras brasilienses. Na abertura, teremos o grupo Sr. Gonzales Serenata Orquestra, mas para um dia antes está programado o show extra de Zé Renato, ex-integrante do Boca Livre. O Prata Casa será desenvolvido durante todo o ano.
Há outros projetos já definidos?
Teremos a partir de março o projeto em celebração dos 100 anos de Waldir Azevedo, que prosseguirá por todo o primeiro semestre. Já no segundo semestre, temos outro projeto o Clube do Choro prestará tributo a Vinicius de Moraes, na passagem dos 110 anos do poeta. Em ambos, os participantes deverão fazer abordagem da obra dos homenageados.
As rodas de choro e samba no Café Musical, aos sábados, continuarão?
Esta é uma atividade tradicional, incorporada à nossa programação, que possui frequentadores cativos, que movimentam o nosso Café Musical aos sábados.
O que mais vislumbra para 2023?
Estamos na expectativa da implementação do Complexo Cultural do Choro, a partir de projeto já aprovado pela Shell, do qual fazem parte um espetáculo musical com repertório que focalizará a história do choro; e a realização de palestras e mesas-redondas.
Em relação à Escola de Choro há alguma novidade?
A senadora Leila Barros vai criar uma emenda de bancada visando a aprovação de projeto voltado para a manutenção da Escola Brasileira de Choro.
Você já buscou fazer contato com a titular do recriado Ministério da Cultura?
Consegui agendar uma reunião com a ministra Marageth Menezes para o dia 23 próximo. Na oportunidade vou convidá-la para conhecer o nosso Clube do Choro.