Os astros do filme Romeu e Julieta (1968), ganhador de duas estatuetas do Oscar, estão processando a Paramount Pictures por abuso sexual devido a uma cena de nudez exibida no longa.
Os atores Leonard Whiting e Olivia Hussey eram adolescentes quando fizeram o filme.
No processo judicial, os atores ingleses, agora na casa dos 70 anos, alegam que o diretor, o italiano Franco Zeffirelli, os encorajou a fazer cenas de nudez, apesar de garantias anteriores de que não precisariam fazê-lo.
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A Paramount ainda não respondeu publicamente à denúncia.
Os dois atores pedem uma indenização de mais de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,7 bilhões), com base no sofrimento que eles dizem ter passado e na receita gerada pelo filme desde seu lançamento.
A dupla alega que Zeffirelli, que morreu em 2019, disse inicialmente que eles usariam roupas íntimas cor da pele na cena em que se encontram em um quarto.
Mas na manhã da filmagem, o diretor teria pedido para usarem apenas maquiagem corporal, assegurando que a câmera estaria posicionada para não mostrar a nudez.
Na edição final do filme, os glúteos de Whiting e os seios de Hussey aparecem brevemente durante a cena.
Zeffirelli teria dito que eles deveriam atuar nus "ou o filme seria um fracasso" e suas carreiras seriam prejudicadas, afirmaram os dois no processo. Os atores "acreditavam que não tinham escolha a não ser atuar nus com a maquiagem corporal conforme exigido".
Whiting, hoje com 72 anos, tinha 16 anos quando o filme foi rodado; Hussey é um ano mais nova.
A dupla está processando a Paramount por abuso sexual, assédio sexual e fraude.
O processo acusa o estúdio de Hollywood de explorar sexualmente os dois jovens atores e distribuir imagens de adolescentes nus.
O processo judicial diz ainda que Whiting e Hussey sofreram danos emocionais e angústia mental por décadas como resultado da forma como foram tratados.
O filme foi um grande sucesso na época, sendo exibido desde então para gerações de estudantes que estudam a peça de Shakespeare.
Foi indicado a quatro Oscars, incluindo melhor diretor e melhor filme, e ganhou dois — de melhor fotografia e figurino.
O processo foi aberto na última sexta-feira (31/12) no Tribunal Superior de Santa Monica, na Califórnia, graças a uma lei do Estado que suspendeu temporariamente a prescrição para o crime de abuso sexual infantil.
A suspensão levou a uma série de novos processos e à retomada de muitos outros que foram anulados anteriormente.
"O que disseram a eles e o que aconteceu foram duas coisas diferentes", disse Tony Marinozzi, empresário de ambos os atores, à publicação Variety.
"Eles confiavam em Franco. Aos 16, como atores, eles acreditaram que ele não violaria a confiança que tinham. Franco era amigo deles e, francamente, aos 16, o que eles fazem? Não há opções. Não havia #MeToo."
Solomon Gresen, advogado da dupla, acrescentou em um comunicado: "Imagens nuas de menores são ilegais e não devem ser exibidas".
"Eram crianças muito jovens e ingênuas nos anos 1960, que não entendiam o que estava prestes a atingi-las."
"Do nada, eles ficaram famosos em um nível que nunca esperaram e, além disso, foram violados de uma forma que não sabiam como lidar."
Em uma entrevista de 2018 para a Variety, Hussey defendeu a cena de nudez.
"Ninguém da minha idade tinha feito isso antes", ela disse, acrescentando que Zeffirelli filmou com "bom gosto" e que a cena "era necessária para o filme."
Em entrevista à Fox News, também realizada em 2018, ela afirmou que a cena era "tabu" nos Estados Unidos, mas que a nudez era comum nos filmes europeus da época.
- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64161456
"Não foi grande coisa", ela declarou.
"E Leonard não era nem um pouco tímido! No meio da filmagem, eu simplesmente esqueci completamente que estava sem roupa."