Festival de Verão de Salvador mira alto e entrega além

Segundo e último dia de evento têm shows históricos e já deixa o público na ansiedade para mais

Pedro Ibarra

postado em 30/01/2023 07:43

(crédito: Divulgação)

Salvador - A saudade acabou, chegou ao fim o Festival de Verão 2023. O evento, que não era realizado há dois anos por conta da pandemia, entregou um fim de semana memorável para o público que se deslocou dos quatro cantos do país para o Parque de Exposições de Salvador no intuito de ver encontros únicos entre artistas que estão em alta na música brasileira e arrastam multidões por onde passam.

O domingo (29/1) foi de despedida, o que não significa que foi morno, ou triste, mas sim emocionante e com toda energia que a música da capital baiana pode trazer. Subiram ao palco Xamã, Saulo, Jão, Luísa Sonza, Bell Marques, BaianaSystem, Léo Santana e Ludmilla. Eles convidaram nomes do porte de Alcione, Olodum, Pitty, Glória Groove, Gilsons e Marina Sena.

O Correio esteve presente e acompanhou os shows deste que é um dos mais importantes do Brasil, um dos mais notáveis da Bahia e do Nordeste do país.

Resumo dos shows

O carismático rapper Xamã abriu o dia com a intenção clara de agradar o público. O músico cantou as mais famosas da carreira solo, deu um gosto do trabalho do 1Kilo, que o colocou no mapa da musica, e ainda teve tempo para cantar um compilado de funks famosos e um cover de Descobridor dos sete mares, de Tim Maia, livremente alterado para inflamar o público. O artista chamou a banda Gilsons, que tocou as mais famosas e, ainda, juntos fizeram uma versão de Andar com fé, de Gil, com direito a freestyle de Xamã no meio.

Saulo foi o responsável por encher o segundo dia de shows. Com toda energia que lhe é característica, fez uma apresentação emocionante com os sucessos que gravou durante a carreira acompanhado de uma orquestra. Foi ele o responsável por fazer o que chama de “o público mais bonito do mundo” começar a dançar. Em uma mistura que parecia inusitada, Saulo convidou Marina Sena ao palco. Apesar de fazerem estilos de música diferentes, o formato casou independente de interpretarem canções de Saulo, Marina ou a homenagem que fizeram a Gal Costa. 

O pop ganhou o palco logo em seguida. O fenômeno da nova geração Jão trouxe toda a deslumbrante estrutura de palco e os hits que movimentam a juventude. Porém, ele teve a ajuda de uma figura importante para outra geração, Pitty. Ela subiu ao palco e fez todo o parque de exposições cantar os maiores sucessos da carreira dela. A cantora dividiu os versos também com Jão, no que parecia algo de anos de ensaios, mas que foi pensado para este evento. Soteropolitana, Pitty pôde reencontrar com os espectadores para quem cantou no início da carreira. “Salvador é f…”, comentou após ver a massa de fãs cantar cada palavra de músicas que tem mais de 10 anos desde o lançamento.

Seguindo no pop, Luísa Sonza deu continuidade a noite com um show já conhecido da turnê do álbum Doce 22. Os hits estiveram presentes e a performance de palco foi destaque como de praxe. Contudo, a convidada foi mais do que especial, Luísa chamou Alcione ao palco ao som de gritos “marrom, marrom”. Juntas elas cantaram sucessos da Marrom que chegou a fazer um bis a pedido do público. Apesar de um show conhecido pelos fãs, Luísa foi uma das que mais esquentou o clima, já bastante quente, do Festival de Verão.

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Axé com Bell Marques 

E o evento jamais estaria completo sem a lenda do axé Bell Marques. Com os sucessos que se fez conhecido como líder do Chiclete com Banana, o cantor já deu um gosto de carnaval para os baianos. O cantor não teve convidados, mas também não precisava, ele tinha todo o parque de exposições como uma grande segunda voz para o repertório inteiro. Um show que mostrou o quanto o festival fez falta e como foi gostoso o reencontro entre artista e público. “Estou totalmente impressionado com a alegria de vocês, lindo demais”, comemorou o músico.

BaianaSystem e Olodum deram o pontapé inicial em uma parceria que tem tudo para ser histórica. Os dois grupos preparam por nove meses uma apresentação conjunta em que uniam as potencialidades dos tambores do Olodum com a eletricidade única do BaianaSystem. O show teve todos os atributos necessários para que os espectadores explodissem nas rodas de bate-cabeça sem nem parecer que as festas já passavam de 15 horas somando os dois dias. Para os presentes, uma experiência única. Para Baiana e Olodum, o futuro.

Pagodão baiano também esteve presente 

“Faz o L”, diz Léo Santana que assumiu o microfone em seguida com a dura tarefa de ser o único artista de pagodão baiano do lineup. O cantor estava em uma posição traiçoeira, logo após um dos melhores atos do festival e como último representante da Bahia a subir no palco. Entretanto, não se acanhou e e entregou um show do tamanho que tem, fisicamente e em profusão artística. Outro que subiu sem convidados, mas nada parava o artista e o público baiano na madrugada do último domingo para esta segunda (30). Um destaque fica para a homenagem que fez a Marilia Mendonça ao cantar Apaixonadinha.

Quem fechou a noite, e com chave de ouro, foi Ludmilla, a representante do funk nesta edição. A cantora foi de ponta a ponta da própria discografia para levar o público o resto de alegria e dança que faltava no festival. Muito eclética, a artista tocou funk, trap, rap, pop e pagode. Lud não deixou a peteca cair em nenhum momento, em apresentação muito similar a que fez no Rock in Rio 2022, mostrou que é uma artista digna da posição mais alta dos grandes eventos. Glória Groove fez participação especial no show e também mostrou que é uma artista pronta e com músicas o suficiente para ir ainda mais além.

O Festival de Verão de Salvador de 2023 deu as credencias para voltar de vez para o circuito. Com fortes atrações, shows inventivos e exclusivos e um público muito assíduo, não há nada que possa parar este evento de alçar voos mais altos e ousados e colocar de volta Salvador no mapa dos grandes festivais, de onde a capital baiana nunca deveria ter saído.