Festival de Verão tem retorno triunfal merecido

Após dois anos sem ser realizado, o evento traz atrações de peso para primeira noite memorável em 2023

Pedro Ibarra

postado em 29/01/2023 08:46

(crédito: Walter Abreu/Divulgação)

Salvador - A pandemia, entre outras coisas, privou as pessoas de se aglomerarem e se divertirem juntas. Os eventos de grande porte foram muito afetados. Os que costumavam ser no início do ano ficaram no mínimo 2021 e e 2022 sem edições. Este foi o caso do Festival de Verão, um dos maiores festivais do Brasil e um dos principais do calendário nacional de eventos.

Porém, 2023 chegou e após a vacinação e o controle da pandemia, Festival de Verão pode finalmente reencontrar o público de Salvador. A partir deste sábado (28/1), aproximadamente 40 mil pessoas puderam acompanhar alguns dos mais populares artistas brasileiros da atualidade.

No primeiro dia de shows, iniciado às 16h, subiram ao palco os artistas Fillipe Ret, Orochi, Criolo, Margareth Menezes, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Ferrugem. Todos com convidados mais que especiais, entre eles Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Xande de Pilares, Djonga e Duda Beat. A banda Quabales abriu o dia que ainda teve aparição surpresa de Daniela Mercury.

O Correio pode acompanhar in loco o festival e dá as impressões de um memorável dia de apresentações.

• Carnaval: após nove anos, desfiles de escolas de samba voltam à capital
• Brasilienses estão com bilhetes na mão para o feriado de Carnaval
• Decreto traz nova regulamentação para o carnaval de Brasília

Resumo do primeiro dia

Fillipe Ret estreou o palco Cais com muita energia, trazendo um publico mais jovem para perto da grade. O artista misturou trap, rap e funk em um show que passou do passado ao futuro do músico que perdura há anos em alta entre os fãs de hip-hop. Apesar do calor de mais 30 C, o publico veio junto do cantor e deixou ainda mais quente o Parque de Exposições de Salvador. A participação do convidado Caio Lucas chamou atenção. Novo na cena, o rapper teve resposta do público baiano que cantou junto mesmo as musicas solo do jovem.

Orochi entregou um show duas semanas depois do lançamento do novo álbum, Vida cara. O público, contudo, fez parecer que o álbum já estava lançado há anos. Cantando todas as novas músicas os fãs fizeram o show. Mais uma vez lotados de jovens, os fãs de trap, o show mostrou que o Festival de Verão tem espaço para todo gênero. A entrada de Djonga chamou atenção, principalmente porque foi a primeira apresentação ao vivo da faixa Criminal.

Já mais cheio, o festival recebeu de braços abertos o cantor Criolo, que fez uma apresentação com a cara da Bahia, musicas que faziam referência ao povo negro, orixás e que chamavam a participação dos espectadores. A mensagem foi foco, desde a camisa de Criolo, com uma foto de Nelson Mandela de punho cerrado, até as falas dele e da banda no palco. O convidado especial do show foi a lenda viva Ney Matogrosso. Em um dos momentos mais emocionantes da noite, o cantor octagenário tocou alguns dos maiores sucessos da carreira e levantou o público, que já tinha pessoas de todas as idades, mas com energia jovial.

Em show cheio de homenagens, a cantora e, agora, Ministra da Cultura, Margareth Menezes, não dependeu de Faraó para trazer o publico consigo. Baiana, ela conversou com os fãs que a acompanharam durante todos estes anos por meio da música. Ainda teve espaço para homenagem a Elza Soares e Gal Costa, além da participação especial e enérgica das cantoras Majur e Larissa Luz.

Gilberto Gil convidou Caetano Veloso e juntos entregaram emoção e grandes sucessos. Em um show inteiramente para os espectadores cantarem juntos, os ícones da história da música brasileira apostaram em um repertório conhecido, o que de forma nenhuma desagradou, muito pelo contrário, levou o público ao delírio. Faixas como Palco, Odara e Toda baiana foram cantadas pelos 40 mil presentes em plenos pulmões. Vale a menção a bonita homenagem a Gal Costa, quando os dois cantaram Divino Maravilhoso, que compuseram juntos para a voz de Gal. Caetano vestia uma camisa com o nome da amiga cantora.

Sempre destaque pelo carisma e disposição, Carlinhos Brown teve a dura tarefa de seguir a noite de shows após Gil e Caetano. Porém, em casa após muito tempo, Brown não deixou a desejar. Com uma apresentação cheia de alegria e músicas que remetem o carnaval, o cantor e instrumentista levantou todo o parque de exposições. Ainda deu espaço para os excelentes Atooxxa e Duda Beat, que puderam agregar à apresentação, mas também tiveram a oportunidade de cantar os próprios hits. Duda teve a importante tarefa de cantar ao lado de Carlinhos uma homenagem a Erasmo Carlos, a música Pra falar de amor.

A energia não parou em Brown, visto que ele foi sucedido por Ivete Sangalo, que não se ateve apenas aos sucessos da carreira e fez um show para matar a saudade de Salvador e do público baiano. A cantora apostou em canções mais “lado B” e do início da carreira, o que não foi problema, visto que os soteropolitanos conhecem qualquer repertório proposto pela diva. Entretanto, isso não significa que os hits ficaram de fora, todos tocaram levando a plateia à loucura. Ela ainda abriu espaço para a cantora Luedji Luna e para uma aparição surpresa de Vanessa da Mata.

O pagode fechou a noite. Ferrugem fez o show de encerramento já de madrugada e deu ao público o ritmo que faltava par um dia eclético de musica e diversão. O cantor foi das mais românticas às mais animadas e fez até homenagem à Chorão do Charlie Brown Jr. tocando um compilado de músicas da banda em versão samba. O convidado da apresentação foi ilustre, Xande de Pilares. O sambista tocou apenas as mais amadas pelo público, que pôde lembrar dos tempos em que ele liderava o grupo Revelação. “Na vida o hoje tem que aproveitar”, com os versos de Só depois, Xande deu o tom do que é a volta do Festival de Verão e o primeiro dia mostrou porque os fãs sentiam tanta saudade.