Música

Disco faz tributo a Waldir Azevedo, o craque do cavaquinho brasileiro

Waldir Azevedo, que morou em Brasília na década de 1990, ganha álbum com os maiores sucessos da carreira

Irlam Rocha Lima
postado em 28/01/2023 17:07 / atualizado em 28/01/2023 17:07
 (crédito:  Reprodução/TV Raridade)
(crédito: Reprodução/TV Raridade)

 O centenário de Waldir Azevedo, instrumentista e compositor de grande relevância da música popular brasileira, especialmente do choro, foi celebrado em 27 último, com o lançamento nas plataformas digitais de um álbum com alguns dos seus maiores sucessos. O projeto faz parte de um songbook, produzido pela editora Todamérica — fora de catálogo —, na qual o cavaquinista editou seus sucessos.

Intitulado Waldir Azevedo — O mestre do cavaquinho, o CD com 17 faixas, lançado originalmente em 2000, foi gravado por um sexteto liderado pelo bandolinista Déo Rian. Do grupo faziam parte Márcio de Almeida (cavaquinho solo), Walmar de Amorim (cavaquinho), André Bellieny (violão 7 cordas), Bruno Rian (bandolim) e Darly Guimarães (pandeiro).

Responsável também pela direção musical, Déo Rian, exímio bandolinista, passou a integrar o lendário regional Época de Ouro, após a morte de Jacob do Bandolim, em 1969, depois de participar do histórico espetáculo Sarau, com Paulinho da Viola. Mais tarde, em 1977, formou seu próprio conjunto, o Noite Cariocas, com o qual se apresentou em vários países da Europa, América Latina e Oriente. Num dos discos que gravou contou com a participação do violonista Raphael Rabello.

Déo lembra que conheceu Waldir na União Brasileira de Compositores (UBC). "Fomos apresentados por Dalton Vogeler e ficamos amigos. Toquei com Waldir em teatros e na orquestra da TV Globo; e também em Brasília, onde conheci Avena de Castro, Six e Hamilton Costa, que se tornou parceiro do mestre. O projeto Waldir Azevedo — O mestre do cavaquinho é antigo e agora foi resgatado pela Biscoito Fino para comemorar o centenário desse músico e compositor extraordinário".

Lançado originalmente em 2000, o projeto resgata a riqueza das composições do mestre, em registros instrumentais, seguindo as partituras originais. O cavaquinista deixou cerca de 160 composições. Algumas foram feitas em Brasília (onde ele morou de 1971 a 1980), entre as quais Flor do cerrado, Minhas mãos, meu cavaquinho, Cinema mudo e Contraste — estas duas últimas em parceria com Klécius Caldas e Hamilton Costa, respectivamente. Todas estão no repertório do CD.

A elas se juntam os clássicos Brasileirinho, Delicado, Pedacinhos do céu e Vê se gostas. A lista é complementada por Não há de ser nada, Quitandinha, Chiquita, Sobe e desce, Sentido, Frevo da lira, Cavaquinho Seresteiro, Camundongo e Você, carinho e amor. Várias dessas obras seguem sendo gravadas e tocadas em rodas de choro por novas gerações de instrumentistas — inclusive em Brasília, onde a partir de março o Clube do Choro realiza projeto em tributo ao mestre do cavaquinho.

Profundo conhecedor da obra de Waldir Azevedo, de quem, na infância, foi vizinho, no bairro do Meier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o cavaquinista Henrique Cazes ressalta: "Waldir foi o responsável pela elevação do instrumento à categoria de solista. Antes do sucesso de Brasileirinho, em fins de 1949, o cavaquinho era visto apenas como um instrumento de meio de campo, com o papel de amalgamar violões e pandeiro nos chamados regionais. O sucesso do cavaquinho solado mostrou que havia um potencial incrível a ser explorado. E como seria natural, solistas de cavaquinho, foram e são influenciados por Waldir Azevedo. Ao completar 100 anos, ele está sempre presente em som, estilo e repertório. Viva Waldir!"

Marly Azevedo, filha de Waldir falou ao Correio sobre o pai: "As lembranças que guardo do meu pai são momentos de muito carinho e amor, comigo e com todos nós. Os aplausos que ele recebia em cada show, seguem recebendo do meu coração, todos os dias da minha vida. Claro que Pedacinhos do Céu é especial, um carinho para mim, mas também adoro Vê se gostas e Carioquinha. Já Brasileirinho e Delicado são eternos, ganharam o mundo".

Sobre a passagem por Brasília, ela destaca: "Dos anos que vivemos em Brasília só me lembro de momentos bons, como o meu pai voltando a tocar, após o acidente no dedo. Me lembro do céu, do entardecer em Brasília, uma verdadeira prece de tão lindo. Fomos muito felizes naqueles anos, só penso em Brasília com gratidão e afeto".

Waldir Azevedo — O Mestre do Cavaquinho
Álbum com 17 obras do repertório do cavaquinista e compositor. Lançamento da Biscoito Fino nas plataformas digitais.

 

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