Música

Programa União Underground TV dá visibilidade à produção musical do DF

O web programa União Underground TV (UUTV), do festival União Underground Fest, quer fomentar a diversidade da música no DF

Andrés Ruiz* Vinícius Milhomem*
postado em 30/01/2023 06:00
 (crédito: Bené França)
(crédito: Bené França)

A cena da música em Brasília se mostra cada vez mais rica, vasta e diversa. A capital do rock é hoje também do rap, do funk, do mpb e da eletrônica. O web programa União Underground TV (UUTV), do festival União Underground Fest, apresentado por Rapha Maciel e Kalea Araújo, mostra parte desta amplitude musical espalhada pela capital federal. As sessões musicais são acompanhadas de uma série de entrevistas com os artistas brasilienses convidados e os episódios são disponibilizados todas as quintas-feiras, às 19h, no YouTube.

Em entrevista ao Correio, a apresentadora Rapha Maciel fala sobre a importância de fomentar a diversidade, que é o principal intuito do programa. "Às vezes, a gente prende o underground só no rock, né!? E o União Underground é justamente sobre isso. A gente une a galera que tá começando com a galera que tá há mais tempo, com a galera do rock, com os da eletrônica, com os do rap", comenta ela.

A programação dos episódios coloca em evidência a união dos artistas undergrounds dos mais variados gêneros, e faz, assim, jus ao nome do programa. Realizado em três etapas, o conteúdo de cada episódio é alternado, ao longo da gravação, entre performances musicais de artistas ou bandas, a aparição do quadro Rota do Rock e um convidado especial. Todos são entrevistados pelas apresentadoras em um ritmo fluido de bate-papo.

A Rota do Rock é o uso de uma iniciativa do Ministério do Turismo que, em parceria com o GDF e com a Secretaria de Turismo do DF, mapeou 37 locais de importância para o rock nacional em Brasília. Nesse contexto, o quadro sempre recebe uma das personalidades da Rota Brasília Capital do Rock para uma entrevista dinâmica feita por Suzy Costa.

Para Kalea Araújo, a Rota do Rock é uma forma de reconhecer a importância do gênero que ajudou a colocar Brasília no mapa da música nacional. "Brasília é a cidade do rock, com inúmeras bandas nacionais e internacionais, então nada mais justo do que a gente ter esse mapeamento. É um resgate cultural", relata a segunda apresentadora do UUTV.

Visibilidade para o entorno

Os artistas que performam no programa são brasilienses e muitos deles de fora do plano piloto. É intuito da produção e das apresentadoras levar ao público estes artistas de fora do centro de Brasília e expandir a música da periferia. "A gente tenta pegar artistas do entorno inteiro, de Brazlandia, Ceilandia, Taguatinga, Guará… é algo realmente bem abrangente e isso é muito bom também, porque às vezes as coisas ficam concentradas em um só lugar", destaca Rapha.

O pensamento de Kalea é convergente ao da companheira. Para a apresentadora, a segregação da cena é herança de uma desigualdade territorial, responsável pela diferença de visibilidade. "Uma das pautas que eu tenho levantado dentro do meio cultural, ultimamente, com muita veemência, é essa união. Todo mundo unido, pensando de uma forma coerente e congruente, a gente consegue fazer movimentar, fazer o governo injetar as paradas, mas isso não acontece", desabafa.

Underground, LGBTQIA e marginalização

Muito se pensa que a cultura underground se limita a uma produção que foge dos padrões. No entanto, essa é a superfície de vários fatores que travam a oportunidade de artistas inseridos na camada mais a fundo. A ausência de investimentos em determinados movimentos e o preconceito são os que mais colaboram com a dificuldade de expansão.

Na visão de Kalea, o termo 'underground' já esconde uma problemática por trás, de uma forma eufemizada. "A palavra underground eu nem gosto de usar muito, eu gosto de usar 'marginalizado' mesmo, porque underground é até higienista nessa questão", diz ela. Seguindo a mesma linha, ela conta que a dificuldade de integrar a música na Capital está no próprio capital. "Eu sinto que em São Paulo e em outras regiões metropolitanas existe uma injeção de dinheiro muito mais constante e consistente dentro dessa área", aponta ela.

A importância desse espaço que dá voz a grupos minoritários também é tamanha. Quando se fala em underground, logo se fala em LGBTQIA . "Antes do underground existir, o LGBTQIA já estava lá. É uma coisa grudada na outra, automaticamente", finaliza a apresentadora.

Duas temporadas de muita música

O União Underground Fest está na segunda temporada e demonstra algumas novidades em comparação com a primeira, e a principal está na chegada de Kalea Araújo como a segunda apresentadora. "A Kalea ter chegado junto, ela ter apresentado esse programa junto comigo foi incrível, sabe? Ela é uma pessoa maravilhosa. E eu acho que o programa com uma segunda apresentadora ficou muito mais interativo", pontua Rapha Maciel.

A 2° temporada foi gravada no espaço Infinu, localizado na 506 Sul, em um cenário próprio e atualizado para esta nova. A mudança visual do programa não alterou a essência dele, já que o intuito da produção de apresentar música de qualidade com respeito e conhecimento continua o mesmo. "A ideia do programa é muito legal, porque ela rende muito conteúdo, muito material ali pra galera que ainda é muito pequena", complementa Rapha.

Com olhos abertos para uma 3° temporada, Kalea confirma a continuidade do projeto e não descarta a expansão do programa, que já vem sendo planejada. "A gente já tem outra temporada marcada para o ano que vem. Todo final de ano a gente faz uma temporada nova", revela. O canal oficial do programa pode ser acessado no YouTube, pelo @uniaoundergoundfest3846, e a programação é atualizada no Instagram, pelo @uniao_underground_fest .

*Estagiários sob a supervisão de Severino Francisco

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